Abril Azul

Associação presta serviço com multiprofissionais para crianças autistas em Feira de Santana

No mês da Campanha Abril Azul, o Acorda Cidade conversou com os especialistas, mães e pessoas que fazem a organização. 

29/04/2024 às 20h39, Por Jaqueline Ferreira

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Amfa - Associação de Mães e Filhos Autistas
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Após passar por reforma, a Associação Mães e Filhos Autistas (Amfa) retornou às atividades e aos serviços destinados às crianças com Transtorno do Espectro Autista. A sede da Amfa fica localizada na Rua Gameleira, no bairro Conceição ll em Feira de Santana. Atuando desde 2020, cerca de 52 crianças são atendidas.

“A gente tem uma equipe multidisciplinar, que é fonoaudióloga, psicopedagoga, pedagoga, neuropsicóloga, terapia comportamental, neuropediatra e psiquiatra, que todos esses atendem dentro da instituição, com um valor mensal de R$ 380 reais, cobrado por mês das mães para ter todos esses atendimentos. Não atendemos só crianças com TEA, mas também atendemos com TDAH e retardo”, informou ao portal Acorda Cidade Kamilly Alves, presidente da Amfa. 

Amfa - Associação de Mães e Filhos Autistas
Kamilly Alves | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Crianças e adolescentes que convivem com o transtorno necessitam de acompanhamento com uma equipe multidisciplinar semanalmente, entretanto, é dura a realidade quando os responsáveis buscam pelo serviço público ou privado. A Amfa é uma forma de reduzir o alto custo e fornecer os atendimentos médicos necessários.  

“São cinco anos aqui na Conceição mesmo. O serviço público infelizmente não proporciona realmente uma equipe multidisciplinar para essas crianças que precisam de atendimentos semanalmente. E aí é onde as crianças realmente não conseguem ter uma qualidade no tratamento e nem ter realmente a viabilidade de conseguir esses profissionais com esse valor de baixo custo”, pontuou. 

O médico residente em psiquiatria, Allan Corsini, trabalha na unidade e falou sobre os recentes dados divulgados sobre o TEA e que revelam o aumento de pessoas que convivem com o transtorno. A cada 36 crianças que nascem, uma possui o espectro, dados esses que não fogem da realidade de Feira. 

Allan também confirma que o Sistema Único de Saúde não está preparado para atender uma demanda crescente de pessoas que estão sendo diagnosticadas, por isso, o trabalho da associação é bastante valoroso para a população.  

Amfa - Associação de Mães e Filhos Autistas
Allan Corsini | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A gente sabe que o município, o Sus, não tem como atender todo mundo. Infelizmente, o município ainda carece de estrutura para abarcar toda a demanda de pacientes com autismo. Aqui na ONG, nós fizemos uma parceria com a Kamilly, que é a idealizadora da Amfa, e estou vindo atender aqui cerca de uma vez no mês. Então, além do atendimento médico, o pessoal disponibiliza diversas modalidades de atendimento multidisciplinar com fonoaudiólogo, psicoterapia, terapia ocupacional, dentre outros”, explicou.

Quando mais cedo se descobre, mas importante se torna o tratamento para trazer ao paciente autista uma qualidade de vida diante suas diferenças. 

“A partir de um ano e meio há dois anos, nós já podemos levantar suspeitas, que posteriormente podem ser confirmadas ou não, mas já na suspeita é interessante ser realizada a intervenção, visto que quanto mais jovem o indivíduo é, melhor vai ser a sua capacidade, a sua neuroplasticidade, que é a capacidade de criar novas sinapses, de aprender, de modificar seu cérebro. Então, isso é fundamental”, destacou. 

Geisiane Santos Almeida tem uma filha com o espectro. Ao Acorda Cidade ela contou como reconheceu os primeiros sinais da criança ainda quando era uma bebê.

“Recém-nascida já notei que ela chorava muito, não dormia, mamava, era agitada para mamar. Aí eu já comecei a notar alguma coisa. Depois dos seis meses ela não atendia quando chamava pelo nome, não sentava na introdução alimentar. Ela já teve um processo que de início começou a comer, depois ela passou a não gostar do que ela estava comendo e até hoje ela não come”, explicou. 

Aos três anos, o bebê teve melhoras significativas quanto ao sensorial, mas, segundo Geisiane, também enfrenta outros aspectos cognitivos que precisam de mais atenção.

“O sensorial dela melhorou um pouco, umas partes, mas o cognitivo continua muito abalado. Ela não aceita não, ela tem muitas estereotipias agora, algumas que ela não tinha antes, hoje ela tem”. 

Estereotipias são comportamentos verbais ou motores repetitivos que muitas pessoas com TEA pode desenvolver ao longo da vida. No caso da filha de Geisiane, a criança balança muito as mãos, se morde e anda na ponta dos pés. Ela apontou outras ações que é comum e que estão sendo tratadas, como a ecolalia, um distúrbio do desenvolvimento da fala e da linguagem e que também é caracterizado pela repetição.  

“Ela repete muito o que a gente fala, ela não aceita o não, quando fala não ela chora muito, quer as coisas na hora, ela não espera, não tem o tempo de esperar, ela não entende, mesmo você explicando, conversando ela ainda continua assim. Ela tem medo de todos os tipos de animais, cachorro, galinha, até uma mosca, borboleta, ela fica agitada, começa a gritar, tapar os ouvidos, corre para onde tiver apoio”, disse Geisiane. 

Amfa - Associação de Mães e Filhos Autistas
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

De acordo com Allan, essas características citadas por Geisiane logo nos primeiros meses de vida da criança foram fundamentais para chegar a um diagnóstico preciso e um melhor tratamento no futuro.  

“A avaliação para diagnosticar o autismo é bastante minuciosa. Entretanto, há alguns sinais nos quais os pais ou familiares podem se ater e desconfiar, levantar suspeitas, como a criança que não interage com outras crianças. Naturalmente, se você coloca uma criança de 2, 3, 4 anos próxima a outras crianças, ela vai interagir, ela vai querer brincar, ela vai querer também compartilhar interesses”, observou. 

Quando o contrário a isso acontece diariamente é um sinal que os pais devem, sim, se preocupar, buscar um pediatra para avaliar se está tudo bem com a criança.  

“No transtorno de espectro autista, nós não percebemos essa interação. O pessoal costuma dizer, a grosso modo, que ele vive no mundo dele, entre aspas. E é, mais ou menos, isso. Outras características são dificuldade para manter o contato visual, olho no olho, atraso na fala, dentre outros. Então, resumindo, uma criança com atraso na fala, não olha nos olhos, não interage com outras crianças, se você brinca com essa criança, se você chama pelo nome, ela não olha ou dificilmente olha. Esses são sinais que podem dar algum alerta aos pais de que tem algo a ser investigado ali”, acrescentou o médico. 

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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  1. A AMFA é o lugar onde eu encontrei o apoio para minha filha, graças a Deus que hoje ela tem esse suporte, pois foi em tantos lugares e não consegui.

  2. A AMFA não é uma simples associação, ela é um lugar acolhedor que realmente abraça o autista,lá encontrei o tratamento e apoio necessário ,ja havia percorrido outros lugares e so lá encontrei um lugae onde minha filha é bem tratada, acolhida. Sem falar nos profissionais maravilhosos que lá atende, minha filha chora prae pede pra ir pra Amfa,sinal que gosta e se sente acolhida a 2 anos.Quero Deixar meu agradecimento a Kamily Alves por nao lagar a mão de nenhuma mãe que chega ate ela.

  3. E um lugar acolhedor profissionais de excelência onde meu filho e bem cuidado onde eu fui amparada se não fosse a AMFA não sei o que sei se mim nem do meu filho sou grata a Deus por ter me colocado nesse lugar 😊 obg pelo amor cuidado e carinho por nós ❤️ só tenho que agradecer por fazer parte da família

  4. A AMFA e um lugar acolhedor a 4 anos faço parte dessa instituição e minha filha teve grandes avanços.
    Excelentes profissionais dedicados que trabalham com amor e dedicação.
    A presidente kamilly sempre buscando o melhor para os nossos filhos.
    Rosane e Noemi sempre prestativa e dispostas a ajudar gratidão a todas.

  5. A Amfa veio pra acolher a todos que precisam de apoio tanto para as crianças quanto nós mães atípicas.
    Além de ter equipe multidisciplinar, lá encontramos psicóloga para as mães, apoio jurídico, acolhimento de todos os membros da instituição.

  6. E um lugar acolhedor onde tenho paz em deixar meu filho todos com muita garra e luta para fazer com que nossos filhos evoluam.

    Forca AMFA.

  7. É realmente um achado ,não pelo lugar ;mas pelos excelentes profissionais com ética AMOR e principalmente dedicação a filhos que não não seus !!!!mãe que se ajudam por empatia e cuidado real como se meu filho fosse filho de todas ,uma coordenadora geral que fala com muito amor e respeito com quem está em choque com o diagnóstico.
    Não é só um lugar É UM LAR.

  8. Mim sinto muito acolhida, não só as crianças como nós mães, temos psicóloga, onde precisamos está preparada para cuidar do nossos filhos, profissionais muito capacitados, trabalho com amor. Além da Idealizadora Kamilly que fez tudo com amor, pensando no bem estar das crianças e toda equipe presente. Gratidão a todos

  9. Eu agradeço a Deus primeiramente e a essa instituição AMFA,aonde a presidente Kamilly Alves nos de braços abertos quando eu cheguei nessa Associação o meu filho não verbalizava , ele tinha dificuldade na comunicação e hoje depois de 5 anos meu filho fala perfeitamente socializa que ele também não gostava de brincar com outras crianças, então assim as mães que tem filho nessa condição né eu sugiro que procure ajuda não fique dentro de casa que essa ajuda é essencial e aí na AMFA, foi aonde eu achei essa ajuda eu já tinha ido atrás de outras instituições, e não fui abraçada mas ao chegar aí eu fui recebida por Kamilly, aonde ela ajudou não só meu filho como as mães também , porque nós como mãe necessitamos também de ajuda de psicóloga até mesmo para entender como nós devemos nos posicionar perante não só com os nossos filhos, como com a sociedade também.

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