Inspiração

Após 28 tentativas estudante feirense passa em medicina 

História de perseverança do estudante Rafael de Almeida é inspiração para aqueles que vão fazer o Enem em novembro.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Em novembro, estudantes de todo o país vão realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para inspirar os participantes, o Acorda Cidade conversou com um jovem que está iniciando a realização do sonho de se tornar médico ortopedista. Após oito Enem’s, cinco vestibulares da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), sete na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), mais sete na Uesb e uma prova na rede particular, o estudante Rafael Lima de Souza Amorim de Almeida, de 24 anos, mostrou que o caminho para realizar os seus sonhos é a perseverança. 

Nascido e criado no bairro do Tomba, em Feira de Santana, Rafael contou ao Acorda Cidade que o desejo pela medicina surgiu desde os 12 anos, quando teve uma infecção no dedo, que lhe manteve internado por 15 dias no Hospital Estadual da Criança (HEC). Ali seria o início do grande sonho.

Foto: Arquivo Pessoal

“O médico que me atendeu, Paulo Leite, falou ‘vamos operar, vamos ter fé, que você vai recuperar e não vai precisar amputar’. Foi feito o procedimento, fiquei 15 dias internado e disso, o cuidado, o carinho e o profissionalismo do doutor me inspiraram. Eu falei, quando eu crescer eu quero ser igual ao doutor Paulo Leite, ortopedista. Do dia que tive alta, esse sonho foi continuando e o pessoal dizia que era sonho de criança que logo ia passar, que eu ia mudar de ideia e não mudei”, relatou.

De família humilde e vindo da escola pública, para conquistar a aprovação, Rafael percorreu durante muitos anos, aproximadamente sete quilômetros de bicicleta. Ele ia do Tomba até a Biblioteca Municipal para estudar. O estudante conta que foi bastante incentivado pelos trabalhadores de lá.

Foto: Reprodução/Google

“Por conta da dificuldade financeira, eu tive que ir e voltar de bicicleta, porque se eu fosse pagar a passagem todo dia não dava. Eu levava meu almoço, o pessoal da biblioteca me recebia muito bem, deixava eu guardar o almoço, esquentava para mim e me abraçaram de uma forma, dizendo que eu só iria sair de lá, quando fosse aprovado, e eu precisava desse apoio emocional que recebi na Biblioteca Municipal”, disse o jovem ao Acorda Cidade.

Foto: Arquivo Pessoal

Ele acordava cedo, chegava às 8h na biblioteca e só retornava para casa, quando o porteiro estava fechando. Rafael é católico e conta que após tantas reprovações, o que mantinha a sua disciplina e persistência era a fé. 

Foto: Arquivo Pessoal

“Todo dia era a mesma rotina, apesar de ser cansativo, eu tinha a fé que uma hora ia dar certo. A maioria dessa disciplina vem da fé, eu frequento a missa às terças e quintas. Às vezes eu sentava no meu cantinho, chorava por conta das dificuldades da vida, mas eu orava, rezava, falava, meu Deus permita que eu passe em medicina, me dê força para continuar estudando. Muitas pessoas diziam para eu desistir da medicina, mas eu me apeguei com a fé, fiz minha parte, estudei e o restante entreguei nas mãos de Deus e uma hora deu certo”, declarou. 

Foto: Arquivo Pessoal

Durante a pandemia, ele relatou que teve que se afastar do local de estudo e pelo aumento das dificuldades financeiras teve que trabalhar. Entregou água, gás, trabalhou em mercadinho, mas nunca deixou o sonho de lado. Assim que as coisas melhoraram, a diretora da biblioteca ligou para ele pedindo que retornasse aos estudos. Além disso, sua dedicação lhe trouxe uma bolsa para um curso preparatório particular na cidade. 

Foto: Arquivo Pessoal

No dia 24 de agosto, após muita perseverança, Rafael foi aprovado em Medicina na Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e já sabia para quem enviar o primeiro agradecimento pela força nessa empreitada.

“A primeira pessoa que contei foi o meu avô, foi uma pessoa que nunca me desestimulou. Apesar dele ser analfabeto, ele sempre falava, ‘meu neto vai ser médico’. Às vezes as pessoas até riam dele, mas foi uma pessoa que nunca desistiu desse meu sonho, sempre esteve comigo, quando estava estudando, ele trazia uma garrafa de café, dizia, olha, vamos tomar um cafezinho e aquilo foi me cativando”, contou o estudante ao Acorda Cidade. 

Foto: Arquivo Pessoal

Nessa luta, Rafael passou pela desvalorização do ensino público. Muitas greves, falta de professores atingiram sua base de conteúdos, o que adiou seu sonho. Ele teve bastante resiliência, mesmo reprovado, contou que continuava estudando. 

Para os estudantes que vão realizar o (Enem) em novembro, ele mandou uma mensagem e disse que seus planos só estão começando, há muito que realizar pela frente. 

Foto: Reprodução/TV Subaé | Rafael e o encontro com o médico que o inspirou, Dr. Paulo Leite

“Persistam, apesar de muitos alunos do colégio público não virem com uma base consolidada, vale a pena estudar e se abdicar. Eu faltei muitas festas, eventos, mas hoje vejo que tudo valeu a pena. Daqui para frente, quero me formar em medicina, fazer a residência médica em ortopedia e quem sabe poder trabalhar um dia no HEC e retribuir todo o profissionalismo, carinho e a admiração que eu tenho por doutor Paulo Leite que me tratou quando criança e quem sabe um dia eu possa trabalhar com ele lá no HEC,” finalizou. 

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