Feira de Santana
Familiares de grávida morta em Santo Estevão pedem justiça e não acreditam em versão do marido sobre tiro acidental
Muito abalados, eles deram alguns detalhes de como era a convivência entre Jéssica e George.
07/02/2022 às 13h03, Por Rachel Pinto
Rachel Pinto
A morte da gestante de 9 meses Jéssica Regina Macedo do Carmo, de 31 nos, na tarde de sábado (5) em Santo Estevão, deixou a cidade abalada e gerou grande comoção das pessoas. Ela foi atingida por um tiro nas costas e segundo o marido, George Abreu, ex-vereador e ex-chefe de gabinete da prefeitura de Santo Estevão, o disparo foi acidental e ocorreu após uma discussão do casal. A família de Jéssica fez uma manifestação hoje para mostrar que não acredita na versão de George e na opinião dela, houve um crime de feminicídio.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Em depoimento ontem (6), ao delegado Gustavo Coutinho, George relatou que durante a discussão, Jéssica teria ameaçado tirar a própria vida e a do bebê utilizando uma espingarda com dois canos serrados. Ele contou ainda que nos últimos meses a mulher vinha apresentando um comportamento inseguro.
Um irmão de Jéssica afirmou a reportagem do Acorda Cidade que achou a história de George muito mal contada e não acredita que ela tiraria sua própria vida. Segundo ele, o cunhado demonstrava um comportamento possessivo e frio.
“Acho que essa versão dele é totalmente contrária do que aconteceu e a gente só quer justiça e que a verdade seja esclarecida. Que venha tudo à tona e ele pague pelo que fez. Ela não comentava sobre brigas com ele, mas ele era muito possessivo. Não deixava ela ter muita convivência com a gente. A partir do momento que começaram a se relacionar ela perdeu mais o contato com a família, passava muito tempo sem ir à nossa casa. Não tinha tempo para ficar com a filha de 3 anos e ele mostrava ser muito abusivo”, disse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O irmão da Jéssica comentou também que a família percebia que ela andava triste e cabisbaixa, diferente de como era antes de se relacionar com George.
“Ela se afastava da própria filha, acho que ela era submissa a ele e até os relacionamentos dele anteriores as mulheres falaram que ele tinha um comportamento agressivo e que não demonstrava isso no dia a dia. O laudo da perícia diz que ela chegou com um hematoma no olho e no peito e ela já tinha chegado anteriormente desse jeito na nossa casa. Quando a gente perguntava ela negava e inventava alguma desculpa”, acrescentou.
Zenilda Pereira Macedo, tia de Jéssica também confirmou que não acredita na história de tiro acidental, mas que o tiro que atingiu a sobrinha foi decorrente da má convivência que ela tinha com o marido. Ela avaliou que George é uma pessoa possessiva e descontrolada.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Tiro essa conclusão por outros relacionamentos, por depoimentos que outras ex-mulheres deram. Por isso eu chego a essa conclusão, ele foi falho em muitas coisas e se condenou com apropria mão, a partir do momento que ele foi lá e retirou as câmeras da residência. Tinha várias câmeras, e todos os HDs foram retirados. Já que ele disse que foi um disparo sem querer, por que foram retiradas as câmeras? Segundo o hospital e a perícia, Jessica levou de uma hora e meia para duas horas para ser socorrida e dava tempo ter salvado a criança e isso ele não fez. Ao chegar ao hospital ele não permitiu que familiares vissem o corpo. São várias coisas que dão a crer que ele fez isso a sangue frio”, declarou.
Para Zenilda, Jéssica não tiraria a sua própria vida até porque estava com grande expectativa para a chegada do bebê. O parto já estava marcado para acontecer no dia 22 e ela estava com o enxoval e o quarto prontos, arrumando tudo nos pequenos detalhes.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Estava se aproximando o dia do parto e ela estava muito feliz, tinha lavado, arrumado tudo para esperar a chegada de Heitor que não aconteceu. Não existe depressão, ela era uma pessoa de bem com a vida, uma pessoa feliz e estamos em busca de justiça. Está claro, eu não sei o que as autoridades estão esperando e até o delegado hoje não está na cidade. Cadê o delegado? A justiça? Ninguém apareceu aqui para procurar a gente. Acredito que foi um feminicídio e não tem outro nome”, concluiu.
A mãe de Jéssica estava muito emocionada e não conseguiu falar com a reportagem do Acorda Cidade. Zenilda afirmou que ela e a filha eram muito parceiras e que a mãe cuidava da neta de 3 anos. De acordo com Zenilda, George não permita que a menina ficasse na casa do casal. Ainda segundo a tia, o bebê que Jéssica gerava foi um desejo do marido e ela precisou fazer um tratamento delicado para que tivesse sucesso.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Ela fazia um tratamento sofrido de trombose e tudo por ele. Para ele chegar e fazer uma coisa dessa com ela”, lamentou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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