Segurança alimentar e nutricional

Estudioso da Embrapa ressalta os benefícios da mandioca na alimentação e alerta para o consumo excessivo de glúten

O consumo excessivo de alimentos com glúten, de acordo com Joselito Mota, tem sido a causa de diversos problemas de saúde na população.

23/11/2021 às 11h23, Por Rachel Pinto

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Laiane Cruz

Palitos, chips, embalada a vácuo, em forma de farinhas. Muitas são as opções de uso para a mandioca, um alimento rico em carboidratos complexos, livre de glúten e que facilita a digestão.

Essa é a principal bandeira defendida e levantada pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Cruz das Almas, Joselito Mota. Ele esteve participando ontem (22) do Seminário Sabores e Saberes, promovido pelo SindFeira e o Sebrae, em Feira de Santana.

A palestra realizada pelo pesquisador tratou da versatilidade de usos da mandioca e das oportunidades de negócios que o alimento pode gerar.

“Uma das abordagens foi justamente mostrando sua natureza rural e lá na Embrapa recebemos muitas visitas de representantes de associações e de organizações de produtores, e a mandioca tem uma expressão no município de Feira de Santana. Mas teve no passado, me parece, mais presença da mandioca aqui, e hoje se busca o resgate de variedade de materiais. O suporte técnico da Embrapa pode permitir aos agricultores utilizar essa versatilidade”, afirmou o pesquisador, em entrevista ao Acorda Cidade.

Segundo ele, a mandioca possui um potencial extraordinário, sendo possível agregar valor e ter alternativas que remuneram melhor o agricultor e dão mais segurança alimentar ao consumidor.

“Assim você pode ter as variedades de aimpim ou macaxeira transformadas em chips, palitos, pré-cozidos, congelados, empacotados a vácuo, e é um mercado grande em Feira de Santana e Salvador. Então eu vejo com muito otimismo essa possibilidade para a gente diversificar os usos da mandioca, que é a raiz do Brasil. Estamos consumindo o trigo de uma forma muito compulsiva. Todo dia no café da manhã consumimos bolachas, biscoitos. No lanche, nas cantinas, são empadas, coxinhas, e meio-dia o talharim, o macarrão especial. Repetimos o que fizemos de manhã como lanche e os deliverys de pizza, e na hora de dormir o pão. É preciso que a gente alerte para os riscos que representa o glúten, que é uma proteína de difícil digestão”, destacou.

O consumo excessivo de alimentos com glúten, de acordo com Joselito Mota, tem sido a causa de diversos problemas de saúde na população. Ele salientou que participa de congressos por todo o Brasil, voltados para o tema.

“Participo de congressos com diversos profisisonais de nutrição especializada, neurologistas, gastroenterologistas, somente tratando das questões que o glúten representa. Ela é uma proteína de difícil digestão, que causa desconfortos abdonminais, prisão de ventre e, não somente isso, mas também dores articulares, problemas de coluna, que você pode até resolver. E a bagagem que eu tenho sobre a mandioca não vem somente de livros e estudos, mas é também da convivência com as pessoas. Você precisa se conhecer melhor, faça uma observação e passe 15 dias, e observe o que acontece se você suprime o trigo e usa outros carboidratos.”

Como alternativas para os alimentos compostos por glúten, o pesquisar enfatiza o uso do inhame, a batata doce, o milho, a abóbora, os cuscuz, e claro a mandioca.

“Precisamos atentar para esses, que são saudáveis, e a mandioca, que é número um em termos de carboidratos e faz muito bem à saúde. Nós sabemos que a mandioca precisa ter um reconhecimento maior da sociedade brasileira, pois é um produto nosso. Precisamos diminuir a importação de trigo, que extrapola o limite de mais de 2 bilhões de dólares por ano e sangra nossa economia. Precisamos de políticas públicas, pois é importante que ela esteja presente na merenda escolar, nos hábitos alimentares. Que a Câmara de Vereadores aprove um projeto de lei para se ter uma festa no calendário de Feira e também outros municípios da região. Precisamos criar essa corrente de valorizar a raiz do Brasil, esse patrimônio, e carboidrato saudável”, declarou. 

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