Entrevista

Candidato do Psol defende gestão pública da saúde e educação pautada na diversidade cultural

Rosa foi o terceiro sorteado para participar da Rodada de Entrevistas promovida pelo Acorda Cidade com os candidatos ao governo do estado.

15/09/2022 às 11h00, Por Laiane Cruz

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Foto: Ascom/Psol

O candidato do Psol ao governo da Bahia, o professor Kleber Rosa, falou na manhã desta quinta-feira (15), durante entrevista ao Acorda Cidade, sobre as suas propostas de governo caso seja eleito para o cargo nas eleições de 12 de outubro.

Rosa foi o terceiro sorteado para participar da Rodada de Entrevistas promovida pelo Acorda Cidade com os candidatos ao governo do estado.

A ordem das participações foi definida em sorteio com a presença dos assessores de todos os candidatos.

Apresentação

Nascido em Salvador, o candidato do Psol relatou que começou a sua trajetória política ainda adolescente. Filho de pais trabalhadores, ele contou sobre as dificuldades enfrentadas pela família, a infância difícil, e como esses problemas formataram o seu pensamento político e a vontade de lutar por uma sociedade mais justa e com mais igualdade social.

“Sou nascido em Salvador, filho de uma mulher sertaneja, que saiu desde cedo do interior para a capital, para trabalhar como empregada doméstica, e filho de um homem da capital, que trabalhou como estofador a vida toda, com quem eu também trabalhei desde os meus 12 anos. Tivemos uma vida bastante difícil ao longo da minha infância, enfrentando problemas, como a fome a falta de habitação. Experimentei todas essas dificuldades, infelizmente muito comuns para a maioria das pessoas, e me tornei um militante da luta social, muito em função de experimentado todas essas dificuldades na vida e ter compreendido que a mudança de vida não podia ser algo pensado pra mim apenas no campo individual, mas que era necessário pensar numa luta que possibilitasse a melhoria da qualidade de vida para todas as pessoas”, ressaltou o candidato.

Aos 16 anos, Kleber Rosa iniciou sua militância política dentro da escola e aos 18 anos ingressou no Partido dos Trabalhadores (PT). Neste período, encampou a luta pelas cotas raciais dentro da Universidade Estadual da Bahia (Ufba), que mais tarde, segundo ele, seria implementada pelo governo Lula como política nacional.

“Fui para a universidade e participei, junto com amigos e colegas da luta pelas cotas raciais, participei do Coletivo de Estudantes Negros Universitários da Bahia, que participou da luta que terminou com a nossa vitória na implementação das cotas na Ufba, um movimento de massa, que envolveu a mobilização das pessoas nas ruas, fizemos ocupação na reitoria, passeatas, e esse movimento depois se tornou nacional e terminou sendo acolhido pelo presidente Lula, como política pública nacional, garantindo a política de cotas como política de governo”, informou.

O candidato informou ainda que é professor graduado pela Ufba, mestre em educação de jovens e adultos pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e após romper com o PT há 8 anos, decidiu se manter na militância através do Psol.

“Permaneço como militante do Psol, pois já há 8 anos que rompi com o PT e vim para o Psol. Estou no lugar certo, construindo e defendendo um programa de governo, que mantenha a garantia e bem estar da nossa população, com direito a comer, a estudar e sobretudo a viver. São 32 anos de caminhada de militância”, destacou.

Educação

Perguntado sobre quais são as suas propostas para a educação no estado da Bahia, o candidato do Psol declarou que reflete o modelo educacional a partir de um eixo central, porém que respeite as particularidades de cada região.

“Se a gente pensar, por exemplo, em uma comunidade quilombola em uma determinada região da Bahia, aquela escola tem uma particularidade que não é a mesma de uma escola no centro urbano de Feira de Santana. Da mesma forma, uma escola em uma comunidade indígena também se diferencia de uma escola rural em outra região do semiárido, assim como esta última se diferencia de uma unidade situada no médio São Francisco. Neste sentido, a gente precisa pensar a educação a partir da diversidade, que é a formação social e cultural do nosso povo. Pensar com base em um eixo central, sim, e nós temos defendido que as compreensões e o pensamento pedagógico educacional de Paulo Freire dão conta de um eixo central, de educar para a liberdade, a consciência crítica, a capacidade de se tornar cidadãos e cidadãs capazes de refletir criticamente sua realidade social, e atuar nela, como eixo central, mas é necessário que a gente entenda o indivíduo a partir das suas particularidades”, avaliou.

Saúde

No campo da saúde, Kleber Rosa pretende dar mais transparência à fila de regulação de pacientes, além de buscar a oferta de leitos em número maior que a demanda. Ele citou como exemplo de gestão a que foi feita durante a pandemia de Covid-19, que se tornou exemplar, na avaliação dele.

“A Bahia na pandemia fez uma gestão absolutamente acertada e correta, que permitiu que o sistema de saúde desse conta dessa demanda gigantesca e imposta pela Covid, e garantiu como princípio a manutenção de UTIs acima da demanda. A grande questão é que temos hoje uma fila de regulação, que deveria ter um processo de organização, do que é urgência e emergência, mas respeitando um critério. A gente sabe que as pessoas continuam morrendo na fila do SUS quando não tem nenhum amigo de vereador, um parente do prefeito, ou seja, na prática os lugares na fila têm dono. A maneira que propomos de resolver essa questão é dar transparência de fato à fila, as pessoas precisam saber qual é o seu lugar na fila, em que momento está previsto o atendimento. E a fila precisa ser enfrentada e precisa acabar. Precisamos garantir centros, unidades regionais de UTIs para atender as demandas nas diversas regiões na Bahia e neste sentido garantir uma oferta maior que a procura. A própria gestão da pandemia mostrou para a gente que é possível fazer isso dentro da estrutura econômica do estado”, destacou.

Segundo ele, a Bahia é a sexta maior economia do Brasil, tem capital e condições de garantir uma infraestrutura voltada para atender o bem estar da população. Mas discutir a questão da saúde passa também pela reestatização da gestão no estado.

“O que acontece é que o governo tem construído unidades hospitalares, e isso é um fato. No entanto, essa gestão é entregue para grupos econômicos que precarizam o serviço, terceirizam mão de obra, contratam médicos como se fossem empresas, atrasam salários, levando parte dos recursos da saúde, que poderiam estar sendo investidos na própria qualidade do atendimento. Nossa sugestão é fazer concurso público para o serviço de saúde, para médicos e médicas, enfermeiros, e que a gestão da saúde seja feita pelo estado”, disse.

Segurança Pública

Quanto à Segurança Pública, o candidato do Psol propõe uma política voltada para a cultura de paz e enfrentamento às exclusões sociais.

“É possível mais do que apenas a sensação de segurança. É preciso ter de fato uma política de segurança pública voltada para garantir um estado de paz. Isso obviamente se faz com uma ação policial coordenada e organizada para a cultura da paz, mas também se faz com garantia de bem estar da população e o enfrentamento às exclusões sociais. O problema da violência é produto das condições de vida a que é imposta nossa população e que brota esse universo de violência em que estamos submetidos”, disse.

Ele informou que é fundado de um movimento de policiais que já atraiu servidores em todo o Brasil, com o objetivo de promover essa cultura de paz também dentro das forças de segurança.

“Como ação da polícia, eu tenho uma compreensão muito crítica e sou fundador do movimento dos policiais antifascismo, que possui nacionalmente quase mil policiais de todos os seguimentos das polícias, seja civil, federal, policial militar, delegados, oficiais ou praças, e temos acumulado um conteúdo crítico ao modelo de segurança pública que penaliza nossa população e que submete os policiais a um estado de violência delicado para a vida do próprio policial. Neste sentido, defendo a valorização da Polícia Civil como mecanismo de tomada da linha de frente na ação das polícias na Bahia. Hoje o que a gente vê é um processo militarizado da ação policial, o grosso da ação policial, que reflete o que acontece no Brasil, é a ação do confronto, de guerra e da letalidade, que na verdade termina produzindo mais violência sem dar conta de resolver nos índices e nas questões que envolvem a criminalidade”, destacou.

Como investimento na área de segurança, ele propõe ainda a investigação policial como elemento central do trabalho, a partir do uso da inteligência e da tecnologia.

“Com isso, a gente consegue resolver o problema na ponta, onde ela explode, sem precisar o estado estar atuando como um promotor de mais violência, como acontece hoje. Neste sentido, meu projeto é triplicar o número de trabalhadores, pois hoje temos 5 mil e precisamos de pelo menos 15 mil em todos os seus cargos e funções. E colocar centros de investigação como elemento central da ação policial para lidar com o crime organizado. Mas a violência não se resolve somente com ação policial, e o nosso programa de inclusão social também visa impactar no seu nascedouro, evitando que os jovens sejam seduzidos para o universo da violência, e tenham garantia dos seus sonhos e futuro como algo real, possível de ser alcançado”, frisou.

Pesquisas

O candidato do Psol comentou ainda o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual aparece somente com 1% das intenções de voto.

“Para nós o jogo só termina quando o juiz apita. Eu que gosto de futebol sei como as surpresas acontecem. O que nós precisamos fazer é seguir mantendo a referência, jogando para ganhar, botando a bola para frente e chutando para o gol. Tenho andando a Bahia, conversado com as pessoas, defendido minhas propostas e acredito que tenho conquistado os corações e mentes, e muita gente tem percebido um diferencial de todas as candidaturas, na defesa do serviço público, do patrimônio que é do povo, de serviços essenciais, como o enfrentamento à fome, e nós estamos batalhando para garantir que a população perceba nossa diferença e acredito que é possível ter um estado com uma cultura de paz, bem estar social para todas as pessoas. As pesquisas seguem, por um lado, refletindo a uma situação de momento, e por outro atende a metodologias que hora coloca um candidato na frente, e em outro momento outro candidato, e para nós ela não reflete necessariamente a realidade. Obviamente que não quero descredenciar as pesquisas, mas por compreender a metodologia, ela pode produzir certos resultados, e é por isso que existem as margens de erro, e quando diz que um candidato está com 1% ele pode estar com 4%. Então o que me orienta é a minha convicção de que podemos ser mais e ter um povo mais feliz e com dignidade, por isso até que se feche a última urna seguirei lutando, trabalhando, apresentando um plano transformador para a Bahia”, opinou.

Nesta sexta-feira (16), o candidato a ser entrevistado será ACM Neto pelo partido do União Brasil.

Ouça a entrevista na íntegra:

Programa Acorda Cidade · Candidato do Psol defende gestão pública da saúde e educação pautada na diversidade cultural

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