Medo

Após boatos e mensagens de ameaças na internet, estudantes de colégio estadual faltam aulas em Feira de Santana

O diretor do colégio afirmou que a polícia também já está investigando quem são os autores das ameaças e os criadores das contas nas redes sociais.

11/04/2023 às 20h49, Por Laiane Cruz

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Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Os estudantes do Colégio Luís Viana Filho, localizado no bairro Cidade Nova, em Feira de Santana, foram alvos de uma série de ameaças nas redes sociais na noite de segunda-feira (11). Três páginas foram criadas no Instagram, com o título ‘Massacre Luís Viana’, nas quais foram publicadas imagens com facas e mensagens que causaram terror e medo à comunidade escolar.

Diante dos últimos ataques praticados contra escolas em todo o Brasil, estudantes matriculados na escola tiveram receio de frequentar as aulas nesta terça-feira (11) e pais de alunos buscaram informações junto à direção para saber quais providências foram tomadas para garantir a segurança dos jovens.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o professor Eduardo Brito, que é diretor do Colégio Estadual Governador Luís Viana Filho, lamentou as ações e assegurou que já denunciou o caso às autoridades policiais.

“O que posso comunicar à comunidade escolar e, de forma geral, é o procedimento orientado pela Secretaria de Educação para todos os gestores de escolas estaduais que, diante de um fato como este, devemos levar ao conhecimento das autoridades. Então a Polícia Militar já está ciente, através do capitão Franklin Martins, e a sua equipe da Ronda Escolar. Fizemos também comunicado à Polícia Civil, e estivemos pessoalmente com o delegado Fabrício Linard, onde conversamos, relatamos todos os fatos e fizemos a análise das páginas no Instagram. Identificamos que alguns seguidores são estudantes nossos. A Secretaria de Educação está ciente de todos os nossos procedimentos”, informou o diretor.

Eduardo Brito destacou que também se reuniu com os líderes das turmas para pedir que evitem repassar informações falsas nos grupos de WhatsApp.

“Percebemos que nos grupos de WhatsApp das turmas é que estavam tocando o terror, dizendo para os alunos não irem para a escola. E nós pedimos que eles não sejam reprodutores de fake news, de mensagens que não trazem paz, e sim uma desordem. Mas não podemos ficar desatentos, na portaria temos pedido às pessoas para se identificarem, temos ali a presença de um segurança, além de termos a presença da Ronda Escolar em alguns momentos para que mantenha a segurança interna e externa da unidade”.

Foto: Haeckel Dias/Polícia Civil

Conforme o diretor, muitos estudantes deixaram de frequentar as aulas hoje por medo.

“Algumas turmas diante deste fato, os pais ficaram com medo ou o próprio estudante não quis vir. Uma turma do matutino do 3º ano C tem em torno de 40 alunos, mas hoje só compareceram sete. Uma mãe veio aqui para justificar a ausência da filha, porque ela estava em casa chorando com medo de vir à escola e também teve a presença de pais de crianças menores aqui, pois ainda temos turmas de ensino fundamental, com medo de virem até o colégio. Mas tanto o Luís Viana como outras escolas estão cuidando perante as autoridades e também com suas equipes para que o ambiente escolar continue sendo seguro.”

Investigação policial

O diretor do Colégio Luís Viana afirmou que a polícia também já está investigando quem são os autores das ameaças e os criadores das contas nas redes sociais.

“Saber quem são os autores dessas ameaças é um processo que cabe à polícia e que a gente sabe que não é tão fácil. Na cidade de Vitória da Conquista, tiveram sucesso de encontrar e identificar o estudante. Aqui em Feira, o processo ainda está em andamento. Eu torço para que encontre, para que os demais tenham ciência que se fizerem o mesmo serão encontrados, todos os que estão fazendo todo esse terrorismo de mandar imagens com facas, com situações para transformar o ambiente escolar um caos. Todos precisam entender que quando os jovens não estão em casa com suas famílias, acreditamos que estão na escola, que é o lugar mais seguro, e a gente não pode perder esse referencial.”

Detectores de metais

Quanto à presença de detectores de metais na entrada das escolas, o diretor destacou que estas medidas cabem à Secretaria de Segurança Pública do Estado e ao município.

“Sobre o futuro de como se fará dentro uma escola, principalmente pública estadual ou municipal, caberá à equipe de Segurança Pública, governador e secretários, para ver a viabilidade desses materiais chegarem até às escolas. Mas o que eu posso dizer que cabe a nós, enquanto educadores, é cuidar dos nossos estudantes, da saúde mental deles, não só com os programas que a própria Secretaria de Educação oferece, mas também parceiros, porque hoje não podemos trabalhar sozinhos. Nós do Luís Viana temos parcerias com faculdades, através dos cursos de Psicologia, onde o professor e os estudantes vêm dialogar com nossos estudantes, na perspectiva de projetos de vida, de escuta, temos parceria com o Cras (Centro de Referência em Assistência Social), que é nosso vizinho no bairro Cidade Nova. Estamos sempre atentos a essas realidades, a essas demandas. A escola é um lugar de acolhimento e onde temos uma sociedade melhor”, enfatizou o professor.

Ações policiais e protocolos

Ao Acorda Cidade, a Polícia Militar enviou a seguinte nota sobre o assunto:

Ao serem identificados, os supostos casos de ameaça são imediatamente comunicados pela Secretaria da Educação do Estado (SEC) à Secretaria de Segurança Pública (SSP), para que seja realizado o trabalho de inteligência e a identificação dos responsáveis.

Em paralelo, a SEC continua desenvolvendo ações focadas no bem-estar socioemocional dos educadores, servidores e estudantes. Desde 2015 vem sendo realizada uma ampla programação nas escolas com uma equipe multidisciplinar, por meio do Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor (PASVAP).

De janeiro a março já aconteceram 848 oficinas, envolvendo escutas, rodas de conversas e dinâmicas, em 355 unidades escolares de 164 municípios, tendo alcançado 24.042 participantes.

Dentre os temas que são abordados nas oficinas estão saúde mental no contexto escolar; como lidar com alunos que necessitam de cuidados especiais; saúde mental e física; gravidez na adolescência e relacionamento abusivo; autocuidado; habilidades socioemocionais; autocuidado com foco na área vocacional; estratégias de cuidado para a saúde mental; e projetos de vida no contexto escolar. O trabalho também inclui um direcionamento aos gestores, professores e servidores sobre como lidar com casos de crise de ansiedade, no ambiente escolar.

O Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor conta com uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogas assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas. Além do atendimento nas unidades escolares, os educadores dispõem de atendimentos psicológicos individuais, cujo agendamento é feito pelo e-mail: [email protected], informando a matrícula, o nome, o telefone e a escola em que estão lotados.

A Secretaria da Educação do Estado (SEC) também mantém uma parceria com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), para a apuração dos boatos envolvendo as unidades escolares. Outra parceria é para as ações da Ronda Escolar, que são desenvolvidas por meio do Programa de Melhoria da Segurança nas Escolas, criado em 2008, por estas duas secretarias.

A Ronda Escolar atua nas escolas da rede estadual de Salvador, com foco na prevenção, orientação e a promoção da cultura de paz. Além do patrulhamento preventivo no entorno das unidades escolares, os policiais, que passam por formação específica para a função, também realizam palestras, oficinas e mantém um diálogo permanente com gestores, professores, estudantes e as famílias.

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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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  1. Alguém como o seu Jorge Santos que passa pano para um assassino comprovadamente bolsonarista não é de se estranhar. Afinal alguém votar em quem defende a tortura, diz que ter uma filha foi fraquejada, que seu filho não casaria com uma negra porque foi educado, e ao sair do governo tenta embolsar jóias que pertencem ao Estado, pode justificar qualquer absurdo.

  2. Não faz sentido associar esses ataques ao que denominam de “ódio bolsonarista”, até porque há ódio e morte de ambos os lados, além do que maior parte da juventude é lulista. Tudo isso se deve a uma gma de fatores, desde culturais e tecnológicos, até psicológicos; precisamos é de solução e não politicagem: comprometimento dos pais, vigiando seus filhos, segurança nas escolas, assistência psicológica aos estudantes e afastamento e tratamento dos suspeitos.

  3. Qualquer pessoa com o mínimo de capacidade cognitiva vê uma clara relação entre o ódio bolsonarista e estas ameaças de invasão a escolas. A atitude do governador bolsonarista de Santa Catarina de contratar seguranças armados alimentando a indústrias das armas evidência bem isso. Neste caso específico eles estão detectando pessoas mentalmente fragilizadas para executar estas barbáries. Não sei porque, mas isto me lembra o caso do Adélio. Façam suas apostas…

    1. Concordo. Vejo um equívoco em algumas posturas. Muita gente querendo abordar: temas como cultura de violência, dependência química inclusive não se pode descartar o alcoolismo; além distúrbios caráter e comportamento, gerados ou não por possíveis problemas psicológico, psiquiátricos; Com armas. Além do apoio policial lamentavelmente se faz necessário pois pode haver engajamento de traficantes. É preciso investir pesado na criação de espaços de diálogo grupal e individual nas escolas. Capacitar profissionais de saúde mental para abordagens de conflito. E sinceramente as famílias tem que enteder que pais que não podem só mostrar autoridade, mas dar exemplo de que são cidadãos de bem, respeitam a sociedade, os mais velhos e até as autoridades e Deus é referência para ensinar limite, respeito . Se pai e mãe não respeita nada , se pais não demostram respeito aos professores serão filhos q o fará?

  4. A segurança do(a) seu filho(a) começa em casa

    ✔️Reviste o quarto e o guarda roupa do seu filho(a);

    ✔️ Olhe a mochila e o material escolar;

    ✔️ Confira o celular e computador dele(a), veja as redes sociais e o histórico de pesquisas e sites que ele(a) usa;

  5. Deram asa as cobras e agora estamos vendo elas voarem. Os que espalham esses boatos devem ser enquadrados como marginais independente da sua idade. Goste quem gostar.

    1. E acredito q os pais desses marginais de menores deveriam responder criminalmente tbm, pois cada um sabe o q tem dentro de casa. Se não tem mais controle é só acionar a policia.

  6. Devido aos últimos ocorridos em escolas de várias regiões do país, Eu como pai de criança estudante, me surgiu uma preocupação muito grande com a segurança de minha filha.

    Acho extremamente necessário uma espécie de treinamento para evacuação em massa com os alunos, professores e funcionários de escolas, tanto Particular como da rede pública. Uma espécie de *Evacuação Antiterrorismo* com apoio da Polícia Militar, Ronda Escolar, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal. Alguns estados as Escolas já fazem este treinamento.

    Gostaria de saber se as Escolas de Feira de Santana já planejam uma ação desta.

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