Economia na Mesa
Economista alerta que não há necessidade de estocar arroz
Em Feira, já tem estabelecimentos reduzindo o número de quilos porque as pessoas estão comprando para estocar em casa.
22/05/2024 às 09h25, Por Jaqueline Ferreira
Os rumores que de vai faltar o arroz na mesa do brasileiro começaram a aparecer a medida em que os estragos causados pelo desastre ambiental no Rio Grande do Sul ainda estão sendo contabilizados. O estado, que detém 70% do arroz cultivado no país, foi fortemente atingido por enchentes e alagamentos, registrando mais de 160 mortes até o momento.
Nos supermercados de Feira de Santana, já se encontra o quilo do produto de até R$ 9,00 reais. Antes da tragédia, o produto já estava em alta, custando cerca de R$ 5,00 e disparou ainda mais depois das enchentes no estado do Rio Grande do Sul. Na cidade, tem estabelecimento reduzindo o número de itens porque as pessoas estão estocando arroz nas prateleiras de casa.
Medidas estão sendo implementadas para garantir o produto na mesa. Na última segunda-feira (20), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adiou o leilão para a compra do produto com data indefinida, mas a Conab anunciou que pretende comprar 104 mil toneladas de arroz beneficiado polido em breve.
Conforme a Conab, os estoques serão preferencialmente para a venda por pequenos varejistas das regiões metropolitanas. Para o presidente da companhia, Edgar Preto, a medida vai garantir que o preço não suba em função da especulação ou de vendedores e produtores que queiram se aproveitar da situação que vive o Rio Grande do Sul.
Válida até dezembro deste ano, a taxa zero para tarifas de até dois tipos não parborizados e um tipo brunido do grão. A ação também foi anunciada na segunda-feira pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Diante disso, o Acorda Cidade conversou com o economista, mestre em administração, Carlos Rangel Portugal Pereira, que esclareceu se vai ou não faltar o produto.
“A Associação Brasileira de Supermercados, a Abras, afirmou que os estoques e as operações de abastecimento no varejo estão normalizados, com diversas marcas, preços e promoções para atender à demanda de consumo tanto nas lojas físicas quanto pelo e-commerce”, afirmou.
Apesar disso, o economista falou que os impactos indiretos sobre o preço de alimentos em algumas regiões do país podem ser relevantes dada a produção realizada pelo estado do Rio Grande do Sul. Ele também confirmou que alguns estabelecimentos estão limitando a aquisição do produto.
Carlos Rangel também pontuou como os estragos do maior desastre ambiental do estado afetam na prática o fornecimento do arroz, já que as colheitas foram alagadas e as estradas para transportar o produto que restou também estão prejudicadas.
“Isso se reflete em menor oferta de arroz nos mercados e, consequentemente, a alta dos preços. Na verdade, é um problema logístico de escoamento da produção gaúcha por conta dos estragos causados nas rodovias do estado, além do sistema de emissão de notas fiscais eletrônicas por conta do alagamento da repartição que emite o documento, pois a maior parte da colheita já foi realizado”, explicou.
Carlos Rangel, que também é professor de Economia e Finanças na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), há 16 anos, falou sobre a exploração que o mercado está tentando tirar diante da tragédia com o estado.
“O governo federal suspendeu o leilão que estava marcado para acontecer no dia 21 de maio para suprir uma possível escalada de preços no mercado nacional por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, que prejudica o escoamento da safra colhida. O motivo foi o aumento de 30% no valor do grão comercializado pelos países vizinhos desde que foi publicado o edital na última quarta, dia 15 de maio. Logo, todos querem ganhar em cima da tragédia gaúcha, o que nos resta, humildes consumidores é ter cautela. Não há necessidade de estocar o produto e vamos aguardar os próximos capítulos”, frisou.
Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade
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