Dom Itamar Vian

Você é pessimista?

O ser humano, hoje, que pela técnica consegue multiplicar ocasiões de prazer e bem-estar, não consegue viver alegre.

24/10/2023 às 11h44, Por Dom Itamar Vian

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Foto: Divulgação

Uma das características da nossa época é o pessimismo. Multiplicam-se as reclamações por causa da falta de tempo, de problemas econômicos, do trânsito, de políticos, do time para o qual se torce, do governo… Reclama-se de tudo e de todos.

O PESSIMISMO tem a força de um “tsunami”: tudo destrói e tudo arrasta consigo. Uma de suas primeiras vítima é a esperança. Onde e quando falta a esperança, a vida se torna insuportável. Compreende-se, pois, que o poeta Dante tenha imaginado existir na entrada do inferno uma placa com os dizeres: “Vós, que aqui entrais, deixai fora a esperança!” Onde falta a esperança, falta a alegria.

QUEREMOS ser felizes, mas, na vida de muitas pessoas multiplicam-se o tédio, a tristeza, a angústia, a depressão, a solidão e o desespero. Há uma enorme distância entre o que desejamos e o que conseguimos alcançar. O ser humano, hoje, que pela técnica consegue multiplicar ocasiões de prazer e bem-estar, não consegue viver alegre.

NÃO TERIA sentido falar de alegria se nada fizéssemos para que todos tenham um mínimo de segurança, de justiça e bem-estar. Se não trabalhássemos para que a fraternidade crescesse ao nosso redor. Mas é igualmente importante valorizarmos as alegrias naturais: diante da vida, da natureza, do trabalho bem feito, do sol que se põe, do dever cumprido, da partilha, do sacrifício… Não se consegue fazer essa experiência sem um paciente esforço de educação.

A ALEGRIA, conquista de Jesus Ressuscitado, é um dom do Espirito Santo. Somente quem o tem é capaz de saboreá-la, mesmo na aflição, no despojamento e na pobreza. Olhando para os que nos cercam, perguntemo-nos: quantas pessoas fazem a experiência dessa alegria? Por outro lado, quantos vivem tristes, esmagados por problemas financeiros, familiares ou pessoais?

HÁ UMA relação direta entre a vida cristã e a alegria. Quem entendeu isso muito bem foi o apóstolo Paulo, que pediu aos filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos” (Fl.4,4). Curioso: Paulo estava na prisão, quando fez esse apelo à alegria. Ele havia aprendido que é possível estar cheio de consolo e transbordar de alegria, mesmo no meio de problemas e tribulações (Cf. 2Cor. 7,2-4).

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

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