Transporte Público

Diretor de empresa de ônibus contesta relatório apresentado por vereador e sugere que prefeitura ofereça subsídio para solucionar problemas

Ele comentou um dos problemas do transporte público é a atuação dos transporte clandestino.

26/02/2021 às 12h27, Por Rachel Pinto

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Rachel Pinto

Depois da repercussão da entrevista com o vereador Silvio Dias (PT), no programa Acorda Cidade de ontem (25), no qual ele apresentou um relatório de faturamento milionário da empresa de ônibus São João, e disse que há muitas informações sobre o transporte público de Feira de Santana que não são amplamente divulgadas para a população, o diretor da empresa, o empresário, Marco Franco, participou do programa de hoje (26) e fez alguns esclarecimentos sobre a fala do vereador.

Ele considerou que Silvio Dias "foi infeliz em suas colocações" e disse que o relatório apresentado pelo vereador compreende as diversas atividades da empresa no país e não somente em Feira de Santana. De acordo com ele, a empresa Auto Ônibus do São João tem mais de 55 anos de atuação e os números mostrados no relatório são referentes a sua atuação como um todo.

“Esses números que ele abordou são relativos a empresa como um todo e só no estado de São Paulo nós atendemos mais de dez municípios com outras operações, como transporte de fábrica, transporte escolar, turismo e atendimento às indústrias. No ano de 2020 com a operação específica de Feira de Santana, nós faturamos R$23.272.303 e esse faturamento ficou muito aquém, muito abaixo das nossas despesas diretas, que são manutenção dos serviços, folha de pagamento dos empregados, fornecedores, impostos e manutenção da frota. Por exemplo, eu não estou colocando nessa conta o que eu não estou desembolsando no momento que é a remuneração do capital, a depreciação da frota, eventual taxa de retorno, lucro previsto no contrato, apenas para eu pagar o mínimo do mínimo, o básico. Diesel, mão de obra, manutenção. Eu faturei 23 milhões e gastei só com despesas diretas em Feira de Santana R$28.191.000 em 2020. Resumindo no ano de 2020, em minha despesa direta, eu perdi, tive um déficit de R$ 4.919.000, quase cinco milhões e não tem nada de superávit como o vereador citou. Ele fala que a empresa acumulou saldo financeiro líquido no mês de janeiro de 2021, de R$ 9.677.000 e gostaria muito que ele estivesse correto. Mas, ele está mal informado, ou não está preparado para emitir esse parecer”, explicou.

Marco Franco relatou que somente no mês de janeiro de 2021 a empresa teve uma receita em janeiro de 2021 de R$1.575.169,00 e uma despesa no mesmo período de R$2.023.318, 00. De acordo com ele, houve um prejuízo de 448 mil reais e a administração do serviço de transporte público é um desafio para as empresas e também para o poder público. Ele afirmou que a pandemia da covid-19 impactou toda a economia e o setor de transporte de uma forma muito grave, uma vez que com a recomendação das pessoas ficarem em casa, o número de passageiros foi reduzido, assim como a receita da empresa.

“Se não tem o passageiro não tem receita, em contrapartida, o transporte coletivo por ser serviço público essencial tem que se manter ativo e aí essa conta que não fecha. Como é que eu vou manter o ônibus rodando se não tem receita? É um desafio para os gestores públicos administrar esse serviço público essencial, assim como saúde, educação, saúde, segurança pública, o transporte coletivo urbano pela constituição é considerado um serviço essencial e de caráter social”, frisou.


Empresas de ônibus não conseguem ter lucro na cidade

Marco Franco esclareceu sobre o déficit financeiro das empresas de ônibus na cidade e associou essa situação principalmente a concorrência com o transporte clandestino, a falta de regulamentação do transporte alternativo, a atuação de transportes intermunicipais, que muitas vezes infringem as leis e transportam passageiros no perímetro urbano, assim como a concorrência com os transportes de aplicativos. Para ele, toda essa situação vivida pelas empresas de ônibus não aponta nenhuma perspectiva de futuro e podem ocorrer grandes problemas.

“Não tem futuro. Pode voltar a ser um grande problema para o município, para os empregados, para a economia local, poder público para todo mundo. Por isso a necessidade das partes sentarem e buscarem de forma conjunta soluções viáveis. A gente sabe que cada um tem as suas limitações, a sociedade organizada deve sim organizar esses debates. Diferente do que o vereador citou que era uma caixa preta. Se ele quiser eu dou a chave da minha caixa preta e ele assim como qualquer outro vereador estão convidados a conhecer a nossa empresa, os nossos números e junto conosco e somar esforços, com o poder executivo, a sociedade organizada. Buscar soluções viáveis para o setor de transporte. Acabar com esse discurso de que as empresas estão mentindo de que o poder público está escondendo as informações. O poder público tem acesso direto a todas as informações das empresas”, frisou.

Marco Franco informou que as empresas passaram a operar o sistema de transporte coletivo em 2016 com uma frota de veículos 0km, um total de 270 ônibus e que a contrapartida era a receita prevista no edital de licitação de que seriam transportados por mês uma média de 2.430.000 passageiros. No entanto, ele contou que atualmente são transportados por mês 1 milhão de passageiros e antes da pandemia esse número chegou a 1.850.000, mas nunca superior a 2 milhões, como sugeria a contrapartida.

Na opinião do diretor, se não existisse o transporte clandestino em Feira de Santana, possivelmente as empresas teriam que dobrar suas frotas de veículos para atender à população. Ele sugeriu que haja uma revisão contratual e também um subsídio do poder público através da implantação de uma tarifa técnica.

“Com a pandemia em cada momento nós temos uma realidade distinta, como o lockdown que têm menos passageiros e diminui a oferta. Temos que esperar a estabilidade do sistema para que a gente possa recalcular isso aí. Hoje, as empresas não têm mais essa oferta prevista no edital, como não tem as despesas previstas no edital e está correto. Em contrapartida, os passageiros também não são os que estão previstos no edital. Por isso, é importante uma empresa possuir e conhecer tecnicamente. Puxe esses dados para que faça uma revisão contratual. Como falamos em revisão contratual, vai muito além da tarifa. Se calcular hoje a remuneração do sistema, apenas a tarifa, a tarifa recai exclusivamente nos passageiros. O passageiro não consegue mais e a população não tem mais capacidade de pagamento com o sistema de transporte coletivo para manter esses sistemas, não só em Feira, estou falando a nível Brasil. Hoje há uma tendência no Brasil, como já ocorre em outros países mais desenvolvidos, que o poder público venha a encarar esse fato como uma responsabilidade da gestão pública também. Seria através de uma remuneração com tarifa técnica, tem diversas formas de buscar esse equilíbrio se necessariamente houvesse mais passageiros. É uma forma de trazer o passageiro para dentro do ônibus. O aumento tarifário afasta o passageiro do ônibus”, enfatizou.

Marco Franco acrescentou que o caminho para resolver as questões do transporte na cidade é o diálogo coletivo e que equipes das empresas estão em contato com o prefeito Colbert Martins da Silva e com a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) para buscarem uma solução.

“Eles têm demonstrado a intenção de buscar uma solução, mas também não é nada agradável esse volume de críticas e de insatisfação da população, porque ninguém é cego ao ponto de não enxergar. Todo mundo ouve as reclamações, mas precisamos ter agilidade porque se não as empresas não vão aguentar. A pandemia pegou todo mundo de surpresa e parece que não tem fim”, encerrou.

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