Saúde

Credenciamento da Santa Casa pelo Ministério da Saúde vai possibilitar transplante cardíaco em um ano

Até o final de 2020 a Santa Casa vai iniciar as cirurgias de transplantes cardíacos.

28/10/2019 às 17h06, Por Rachel Pinto

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Ney Silva e Rachel Pinto

Atualizada às 19:36

Um termo de compromisso assinado na manhã desta segunda-feira (28), entre a Santa Casa de Misericórdia através do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA) e o Ministério da Saúde vai possibilitar que em aproximadamente um ano a entidade possa realizar transplantes cardíacos.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A solenidade de assinatura do termo de compromisso ocorreu em um hotel no bairro Santa Mônica em Feira de Santana e contou com a participação de representantes do hospital Sírio Libanês que vai capacitar a equipe do Incardio e HDPA para realizar os transplantes.

Também estiveram presentes ao evento, o prefeito Colbert Martins Filho, o presidente do Incardio-Instituto Nobre de Cardiologia Jodilton Sousa, o ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho, médicos da área de cardiologia e representantes da Secretaria Estadual de Saúde.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A medica Ivana Delamônica responsável pela área técnica do Incardio explicou em entrevista ao Acorda Cidade detalhes do convênio. De acordo com ela, a iniciativa funciona através do Ministério da Saúde pelo Programa de Apoio Desenvolvimento Institucional do Sus (Proadi) junto com o Hospital Sírio Libanês.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“É a escola de Transplante do Ministério designada para fazer o treinamento da equipe do Hospital Dom Pedro de Alcântara no que se concerne ao transplante cardíaco. Mas, a importância dessa capacitação é realmente propiciar um início do serviço de transplante cardíaco dentro da instituição com qualidade, com segurança, seguindo as normas e os preceitos da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos de toda a sistematização de todo o protocolo de transplante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardio Vascular e da Sociedade Brasileira de Cardiologia”, afirmou.

A médica frisou que o transplante de coração geralmente é indicado para pacientes com diagnóstico de insuficiência cardíaca que eventualmente não respondem ao tratamento clínico e medicamentoso que é oferecido inicialmente. Com a falha desse tratamento, o transplante é a única alternativa definitiva para problemas cardíacos.

Ivana Delamônica comentou ainda sobre a importância da doação de órgãos. Segundo ela, um paciente doador pode beneficiar em média 25 a 30 pessoas.

O primeiro paciente em lista deverá ser incluído a partir de setembro do ano que vem e depois isso, a partir de qualquer momento poderá ocorrer o transplante. O treinamento da equipe vai durar aproximadamente 18 meses.

O enfermeiro Thadeu Tomé que é do Hospital Sírio Libanês informou como ocorreu a parceria entre o Hospital e a Santa Casa de Misericórdia. Ele ressaltou que uma preocupação do Ministério da Saúde é cobrir os vazios assistenciais do país. Ele acredita que a Bahia poderá contribuir não só atendendo a população baiana, mas os pacientes do Nordeste que hoje precisam do transplante e que hoje tem que viajar até São Paulo para fazer essa modalidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O Ministério da Saúde tem uma preocupação muito grande em cobrir os vazios assistenciais do país. O transplante cardíaco é uma modalidade médica de alta complexidade, necessária e nossa necessidade está muito alta em relação ao número de transplantes que a gente vem realizando . Por isso, como o Sírio Libanês tem a modalidade de filantropia de Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sus (Proadi), o Ministério da Saúde conta com essa modalidade para cobrir os vazios existenciais, diminuir as diferenças regionais no país e em termos de saúde como um todo. Nós do Sírio Libanês temos um programa de transplante muito forte de fígado pediátrico, cardíaco, de intestino e fazemos cursos de capacitação em doação de órgãos. Por conta disso, o Ministério da Saúde elegeu algumas instituições do país e Feira de Santana foi escolhida por possuir um hospital com uma estrutura boa, uma equipe representada pela Dra. Ivana e Dr. André, altamente capacitada e motivada para fazer esses procedimentos de alta complexidade”, declarou.

Thadeu acrescentou que até quinta-feira haverá uma jornada de aulas teóricas para o alinhamento de toda a equipe multidisciplinar A capacitação in loco no Hospital Sírio Libanês se dará até dezembro do ano que vem com visitas mensais e semanais.

“A gente acredita que até o final do ano que vem a Santa Casa já esteja pronta para realizando os primeiros transplantes”, completou.

A coordenadora estadual de transplantes, a médica Rita de Cassia Pedrosa considerou o fato de Feira de Santana realizar transplantes cardíacos como um grande feito para a Bahia e que marca a história dos transplantes no estado.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Estamos vendo um gás muito grande, muitas pessoas envolvidas no estado e gente espera sair na frente. A gente pode calcular que possamos fazer uns 4 transplantes cardíacos por mês. A gente tem doadores para esse número, para essa demanda e vamos conseguir esse objetivo. Temos o apoio completo tanto do governo do estado, quanto dos profissionais. Acreditamos que com o aumento das doações haja crescimento no número de transplantes”, frisou.

Na opinião do prefeito Colbert Martins Filho a realização de transplantes cardíacos vai melhorar a qualificação da cidade como um todo. Ele salientou que um grande passo está sendo dado.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Feira de Santana faz transplante renal desde 1984 e nesse momento nós estamos avançando no transplante renal, nos transplantes de córnea, vamos avançar também nos transplantes de tecidos ósseos e nos transplantes de coração. É necessário ter clareza de que esses passos são dados e que não é apenas a melhora do transplante de coração que importa, é que até chegar ao transplante de coração vai melhorar todo o sistema que diz respeito a exames laboratoriais, exames de coração, exames de rim e fígado. Melhora tudo para poder chegar no estágio maior. O município e o SUS são os maiores investidores do HDPA e esses transplantes que vão ser realizados agora têm recursos públicos no Sistema Único de Saúde”, concluiu.

A diretora do HDPA Sandra Preggy comemorou o fato de que até o final de 2020 a Santa Casa vai iniciar as cirurgias de transplantes cardíacos e para ela, o maior ganho é da população.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“É um avanço imensurável para Feira de Santana e quem ganha é o povo. Continuamos o trabalho do núcleo de transplantes, só que agora com a ampliação para o transplante cardíaco. O serviço que foi habilitado é pela Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana e o serviço vai ser oferecido pelo SUS, obedecendo todas as regras, todas as normas, a fila nacional de transplantes. Então o serviço é pelo SUS habilitado pela Santa Casa de Misericórdia, Hospital Dom Pedro, em parceria com o Hospital Incardio”, afirmou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O presidente do Incardio, Jodilton Sousa, falou sobre a expectativa dele na realização de transplantes de coração. Segundo ele, o sentimento é de felicidade. “Quando assumimos o desafio de reabrir o setor de cardiologia da Santa Casa, tínhamos uma preocupação grande, pois não sou da área de saúde, sou apenas um professor que administra algumas empresas. Mas tive a felicidade de convidar para esse projeto Dra Ivana e Dr. André, que são dois cirurgiões de competência e têm um poder grande de administração. É um hospital que tem um poder de atendimento excelente e nada melhor do que avançar no projeto da medicina e agora de maneira pioneira estamos implantando esse projeto de transplante. Feira vai ganhar, é um momento muito importante”, afirmou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O deputado federal José Neto, (PT) foi prestigiar o evento e destacou a importância do convênio entre a Santa Casa, Ministério da Saúde e o hospital Sírio Libanês. “Tudo começou com o Dom Pedro de Alcântara no transplante renal. Fui parceiro junto com o então governador Jaques Wagner e depois com o governador Rui Costa, que possibilitou junto com a Secretaria de Saúde todas as condições para que Feira tivesse uma das maiores referências de transplante de rins no Brasil, com mais de 97% de êxito. Agora o desafio do Incardio está sendo cumprindo, com uma ótima estrutura e hoje consegue apresentar as referências necessárias para fazer o transplante de coração”, comemorou.

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