Saúde

Cirurgião plástico alerta para riscos de procedimentos estéticos feitos por profissionais de outras áreas: 'Nariz não se injeta substância'

No bate papo ele falou também sobre os tipos de cirurgias mais procurados e também como os homens estão cada vez mais preocupados com o bem-estar e a aparência.

01/11/2021 às 08h01, Por Andrea Trindade

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Rachel Pinto

A cirurgia plástica cada vez mais tem se popularizado no Brasil. Há a busca pela saúde, por corrigir alguma condição que pode causar algum incômodo físico, como também a busca pela satisfação estética. Nesse cenário, onde cresce o número de pacientes interessados em fazer os procedimentos, cresce também o número de pessoas que se dizem habilitados a fazê-los.

Sem a devida capacitação do profissional, um procedimento que era considerado um sonho ou uma realização pessoal do paciente, pode acabar por se tornar um grande pesadelo ou um problema grave de saúde. O cirurgião plástico Milton Falcão em participação no podcast do ‘Escuto cá entre Nós’, do Acorda Cidade, comentou sobre o assunto e alertou para os riscos de realizar um procedimento estético de forma aleatória. (Ouça o podcast no final da matéria).

No bate papo ele falou também sobre os tipos de cirurgias mais procuradas e também como os homens estão cada vez mais preocupados com o bem-estar e a aparência.

Segundo o médico, o primeiro passo para quem quer fazer uma cirurgia estética, é realmente ter o desejo em realizá-la. Aí o paciente passa por uma avaliação médica, onde é avaliado e confirmado se realmente vale a pena passar por tal intervenção. Milton Falcão frisou que trabalha sempre orientando os seus pacientes sobre o quanto é possível melhorar uma insatisfação ao fazer um procedimento.

“Nem todos os pacientes que chegam ao consultório eu vou fazer a cirurgia estética. Alguns eu não vou, vou dizer que não vale a pena. Vale a pena quando o paciente quer, tem saúde e quando eu vejo quanto eu vou melhorar. Se for melhorar pouco eu não faço. Porque não compensa o risco benefício e então esse ato de melhorar muito o paciente vale a pena, preservando a saúde dele. O pré-operatório começa com a consulta porque se o paciente chega para fazer uma plástica de abdômen por exemplo, deseja fazer e está acima do peso, já vou suspender a ideia naquele momento. Porque cirurgia plástica não é para emagrecer e com isso a gente está prevenindo riscos operatórios que no paciente acima do peso são maiores. Depois de avaliar a saúde o paciente, o quanto vai melhorar, peço alguns exames, exames de sangue e a depender da idade uma avaliação cardiológica, raio x do tórax e, de acordo com o tipo de cirurgia, local onde o paciente vai ser operado, vamos pedir o ultrassom das pernas, chamado de doppler. Também há a avaliação com o anestesista e todo o processo de anamnese”, destacou.

O cirurgião plástico afirmou que com o cenário de pandemia e muitas atividades realizadas de forma online, por videoconferência e o chamado efeito zoom, que aproxima a imagem das pessoas nas telas, fez com que surgissem mais pessoas interessadas em realizar a cirurgia de nariz. A procura aumentou em 40%. Ele destacou ainda que além da avaliação de saúde do paciente leva em consideração aspectos raciais e étnicos ao fazer as intervenções.

“O efeito ‘zoom’ foi uma obrigação e uma coisa que a gente teve que viver. Mas, com esse efeito, houve um aumento grande de cirurgia de nariz. A gente vê inclusive a cirurgia plástica sendo feita por outras especialidades. O nariz é uma proeminência e aí ela fica mais evidente com o ‘zoom’. Houve um aumento de pessoas à procura. É uma cirurgia feita pela narina, interna, o lado funcional é importantíssimo, mas ainda não é a campeã, a campeã é a mamoplastia. É importante preservar a harmonia das pessoas e esse lado de deixar todo mundo igual, técnicas sendo feitas como receita de bolo, tem muita gente fazendo.Profissionais de outras especialidades que fizeram cursos e aí começaram a fazer. Não é assim, fazer todo mundo com nariz empinado. O bonito é manter a etnia, mas o problema é que muitas vezes a maioria dos pacientes não quer. Aí chega ao ponto de ficarem estigmatizados mesmo”, relatou.

Milton Falcão afirmou que mesmo sendo orientadas, algumas pessoas procuram profissionais de outras áreas para fazer os procedimentos e o resultado disto, pode ser visto em pacientes que evoluem com necrose na ponta do nariz, por exemplo, ao se submeterem à injeção de substâncias na ponta do nariz.

“Em nariz não se injeta, não pode ser feito e isso não existe. Há pacientes que buscam a ponta nasal dos sonhos e aí encontram profissionais que não são cirurgiões plásticos e que injetam substâncias no nariz para a ponta ficar fina. Só que na hora que injeta, estufa tanto a pele que leva à necrose”, explicou.

Em 23 anos atuando como cirurgião plástico, Milton Falcão comentou também sobre a procura dos homens pelos procedimentos estéticos. Na opinião dele, o preconceito diminuiu bastante e cada vez mais o homem tem se cuidado e realizado, por exemplo implantes capilares. Com técnicas mais modernas esse procedimento não tem mais cortes e ganha muitos adeptos.

“São as cirurgias mais específicas como implante de cabelo sem corte. Tiramos o folículo e colocamos no couro cabeludo. O homem procura muito também a cirurgia de pálpebra. Os homens têm o supercílio mais reto em relação às mulheres e com isso, as pálpebras deles caem um pouco até mais rápido. O homem faz muito as lipoaspirações com ginecomastia que é crescimento da glândula mamária masculina e há pacientes jovens, adolescentes, meninos que sofrem com o bullying e passam pelo procedimento”, contou.
 

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