Feira de Santana

Cirurgião explica o que causa a obstrução intestinal, problema enfrentado pelo presidente Jair Bolsonaro

De acordo com João Victor do Valle, existem dois tipos de procedimentos que podem ser realizados no tratamento para a obstrução intestinal.

15/07/2021 às 16h18, Por Rachel Pinto

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Gabriel Gonçalves

Na última quarta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro apresentou dores abdominais sendo encaminhado para o Hospital das Forças Armadas (HFA) em Brasília.

Após a realização de exames, foi identificado que o presidente enfrenta um quadro de obstrução intestinal e está sendo acompanhado por uma equipe médica no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde está internado desde a noite de quarta-feira.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o médico cirurgião geral e coordenador de emergência do Hospital Emec em Feira de Santana, João Victor do Valle, explicou que a obstrução acontece toda vez que existe uma redução da passagem das fezes pelo intestino.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade 

"A obstrução ocorre sempre que há uma redução da passagem do fluxo do intestino para algum lugar do corpo, então essa obstrução pode ser considerada baixa quando acontece no intestino grosso perto de onde saem as fezes e pode ser uma obstrução mais alta no intestino delgado, reduzindo a passagem desse fluxo como o líquido ou até mesmo das fezes no intestino", disse.

Como ela é causada?

De acordo com o médico, existem várias causas que provocam a obstrução, como através de tumores que podem comprimir o intestino.

"Uma das causas mais importantes de obstrução intestinal é ocasionada por aderências no abdômen, mas qual o fator principal de risco? Para se ter uma aderência, é quando há um processo inflamatório naquele abdômen por algum motivo ao exemplo de um procedimento cirúrgico. Então todo paciente que é submetido, sobretudo se for uma cirurgia aberta onde houve uma contaminação da cavidade abdominal, então isso ocasiona um fechamento parcial ou total, o que vem a ser chamado de obstrução", informou o médico.

Quais são os sintomas?

Segundo o médico cirurgião, os dos sintomas mais apresentados pelos paciente são náuseas e vômitos, além do volume abdominal.

"É preciso manter total atenção, pois os principais sintomas são o aumento do volume abdominal, uma distensão que tem no local, o paciente pode apresentar náuseas, vômitos, a parada de eliminação de gases e de fezes e outros sintomas que a gente observou no caso do presidente Jair Bolsonaro, como foi o soluço que pode também estar associado a este quadro. Uma possível irritação do diafragma que é o músculo que separa o abdômen do tórax e a partir dessa irritação, acontece que o diafragma tem esse estímulo de fazer o processo do soluço. É lógico que tem os casos mais importantes como uma diarréia, ter uma infecção intestinal, e quando isso começa a sair do normal, apresenta vômito com uma coloração forte e um odor parecido com o de fezes, é necessário começar a investigar se estes vômitos que estão acontecendo são provenientes de uma obstrução", explicou ao Acorda Cidade.

Forma de tratamento

De acordo como João Victor do Valle, existem dois tipos de procedimentos que podem ser realizados no tratamento para a obstrução intestinal, como o tratamento clínico para casos leves e o tratamento com a cirurgia para casos mais graves.

"O tratamento pode ser clínico ou conservador como a gente chama e pode ter um tratamento cirúrgico. Quando é que é feito o tratamento conservador? Se o paciente não apresenta uma obstrução completa, ele não tem um quadro grave de infecção generalizada, está em uma situação estável, a gente pode fazer esse tratamento conservador, que é com base na hidratação e correção dos distúrbios do sódio e do potássio que podem estar alterados. Então realizamos essa correção para que o intestino volte a funcionar. Existe também o processo de descompressão do intestino, que a gente utiliza a sonda pelo nariz e é colocado uma pressão negativa para aspirar todo o líquido que está saindo pelo estômago, então esse processo deixa o intestino mais vazio para melhorar o quadro inflamatório. Quando o paciente não está evoluindo com o tratamento conservador, é nesse momento que precisamos realizar a intervenção com o procedimento cirúrgico e atualmente é feito por videolaparoscopia, procedimento menos invasivo e com o auxílio de uma câmera que conseguimos identificar o local da aderência, onde esse procedimento consegue reduzir as chances de uma reincidência de um novo quadro. Caso não seja feito desta forma, a gente realiza o procedimento tradicional, quando realmente é preciso abrir o abdômen nos quadros mais complexos", disse ao Acorda Cidade.

Formas de prevenção

Para o médico cirurgião, a recomendação é que o paciente após apresentar vômitos frequentes e um quadro de distensão abdominal, busque um especialista para que seja feita uma avaliação de forma precoce.

"Quanto menos invasiva for a cirurgia, menos chances de aderência intestinal terá. Então se a pessoa tiver a disponibilidade em fazer uma cirurgia por videolaparoscpoia, seja uma cirurgia de vesícula, apendicite, hérnias de parede abdominal, será melhor. Toda vez que tiver um quadro de distensão abdominal, vômitos frequentes pós-alimentares, caroços no abdômen, procure um médico para fazer uma avaliação e veja se isso pode ser algo que venha como uma obstrução intestinal", alertou.

Ainda segundo o médico cirurgião João Victor do Valle, o quadro do presidente Jair Bolsonaro pode ser considerado como grave e complexo, em decorrência dos outros procedimentos que já foram realizados após o atentado no ano de 2018.

"Toda vez que se opera um paciente, existe um tipo de risco de cirurgia. No caso do presidente, ele sofreu um ferimento por arma branca e sofreu uma lesão intestinal de forma grave. Devido a contaminação na cavidade abdominal, foi preciso fazer uma nova cirurgia de reconstrução do intestino, precisou da bolsa de colostomia e ainda precisou fazer uma cirurgia de hérnia. Ou seja, alguns fatores de risco que tornam hoje o quadro do presidente complexo. Provavelmente a equipe está realizando o tratamento clínico com a sonda, através dos mecanismos, eles já devem ter encontrado mais ou menos a localização dessa inclusão e está fazendo esse tratamento conservador. Caso o quadro não evolua, será necessário realizar uma cirurgia", disse.

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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