Educação
Cientistas da Uesb pesquisam repelente à base de planta da Caatinga
De acordo com as professoras, essa pesquisa só foi possível a partir do conhecimento popular.
02/05/2022 às 16h15, Por Maylla Nunes
Acorda Cidade
Sabe aquele conhecimento ancestral que passa de uma geração para outra? Ele tem sido utilizado em pesquisas científicas na Uesb, como no caso do repelente à base de óleos essenciais produzidos a partir do cróton, planta nativa da Caatinga brasileira. O estudo é coordenado pelas professoras e pesquisadoras Simone Gualberto e Débora Cardoso da Silva, vinculadas ao Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN). campus de Itapetinga.
O potencial repelente feito a partir do cróton foi identificado por meio da pesquisa Etnobotânica, um ramo que trata as relações das comunidades tradicionais com as plantas do seu convívio, realizada na Floresta Nacional de Contendas do Sincorá. De acordo com as professoras, as informações sobre espécies autóctones, ou seja, originárias do próprio território onde habitam, não são encontradas com facilidade na literatura, porque são pouco conhecidas ou são conhecidas somente pela população daquela região.
“Como a gente trabalha com inseticidas e repelentes, a gente vai para essas comunidades para saber o que usam como repelente, como inseticida na casa ou, até mesmo, no campo. E toda essa população tem, em casa mesmo, no próprio quintal, várias plantas que utilizam no dia a dia. Então, a primeira etapa que a gente faz, quando queremos trabalhar com espécies nativas, é fazer esse levantamento etnobotânico na comunidade e trazer para o laboratório para estudar”, explica Gualberto.
O potencial do cróton da Caatinga – Apesar de estudarem algumas outras espécies, o cróton sempre chamou a atenção das pesquisadoras, visto que é uma espécie que se desenvolve em condições adversas e que, por conta disso, metaboliza óleos essenciais fundamentais para a sua defesa e sobrevivência. “A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro. Então, a gente não encontra isso em nenhum outro lugar do mundo. Mesmo que a gente encontre espécies de cróton em outras regiões, em outros países, o ambiente é completamente diferente, então elas vão produzir compostos que são diferentes”, esclarece a pesquisadora. “Isso é de uma riqueza tão grande, porque aquele ambiente, por ser inóspito, é que provoca na planta essa capacidade de produzir compostos que fazem com que ela consiga se desenvolver naquele meio”, conta Gualberto.
São várias espécies diferentes de crótons, no entanto, apenas três espécies são estudadas no Laboratório de Pesquisas de Inseticidas Naturais (Lapin) e no Laboratório de Pesquisas e Produtos Naturais (Lapron): o linearifolius, argyrophyllus e o tetradenius. As três apresentaram propriedades mais interessantes para os estudos das pesquisadoras e, também, os mais citados pelas comunidades tradicionais no levantamento etnobotânico. Conforme as pesquisadoras, são realizadas pesquisas básicas no Lapin e Lapron, por isso, eles possuem parcerias com outros laboratórios da Uesb e de outras universidades, como a Universidade Federal de Pernambuco, para realização de testes como avaliação de toxicidade, cromatografia, dentre outras etapas.
A produção do repelente – “Existe o pedido da patente para a formulação da blande do cróton tetradenius com o argyrophyllus. Eles estão fazendo testes na Universidade Federal de Pernambuco. A gente faz aqui os testes preliminares, mas esses testes clínicos, que são feitos no ser humano, que coloca na pele e vê quanto tempo age, ainda não está podendo fazer, pois só poderá ser feito após a liberação dos testes preliminares”, explica Silva. “Para isso, precisamos ter laboratórios especializados. Por isso, muitas vezes, é demorado colocar um produto no mercado, porque cada laboratório tem uma especialidade”, complementa.
De acordo com as professoras, essa pesquisa só foi possível a partir do conhecimento popular. “Nós precisamos dos indígenas, sertanejos, quilombolas que tenham esse conhecimento tradicional que está sendo passado. Por isso, é importante a preservação do espaço e do ambiente deles. Isso é fundamental, senão vai se perder”, concluiu Silva.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram
Mais Notícias
Educação
Portal Nacional da Educação cria projeto de captação de voluntários para pagar inscrição dos estudantes do RS
O Rio Grande do Sul já contabiliza mais de 110 mortos e mais de 140 desaparecidos por conta das chuvas...
13/05/2024 às 08h56
Bahia
SEC disponibiliza lista de professores beneficiados pelos precatórios
Os precatórios estão sendo pagos ao Estado da Bahia pela União, como forma de complemento às verbas do Fundef não...
12/05/2024 às 06h55
Experiência Disruptiva
Estudantes da Unef conhecem as maiores agências de propaganda da América Latina, Nubank, Rede Globo e TV Band
Atividade integra o programa de visitas técnicas do curso de Comunicação Social.
11/05/2024 às 16h15
Bahia
Estudantes universitários podem se inscrever no Programa Mais Futuro até domingo (12)
A lista final de homologados está prevista para ser publicada no dia 7 de junho de 2024.
10/05/2024 às 11h21
Educação
Secretaria da Educação do Estado inicia contratação de 985 profissionais para Educação Especial
Os contratos terão prazo de seis meses, podendo ser prorrogados por igual período, com carga horária de 20 horas semanais....
09/05/2024 às 22h12
Educação
Professores da UFRB entram em greve por tempo indeterminado; decisão foi tomada nesta quinta (9)
O movimento grevista reivindica um pacote de melhorias, como reajuste salarial mínimo de 3,5% para este ano e o reajuste...
09/05/2024 às 13h44