Saúde

Cartilha que orienta população em situação de rua sobre prevenção da covid-19 é lançada em Feira de Santana

O material apresenta linguagem acessível e teve a tiragem de 1.000 exemplares.

22/08/2020 às 15h06, Por Rachel Pinto

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Rachel Pinto


Foi lançada na manhã deste sábado (22), na Praça da Matriz em Feira de Santana a cartilha: “Cuidando da Maloca”, que apresenta orientações para a prevenção da covid-19 para as pessoas em situação de rua. A iniciativa faz parte do mestrado profissional em enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), é resultado da dissertação de mestrado da enfermeira Keila Barros e tem a parceria da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Todo esse processo iniciou sob a orientação da professora Rita Rocha quando da defesa de dissertação de Keila Barros, intitulada: Mulheres que gestam nas ruas e suas vivências de cuidado: estudo à luz da fenomenologia Heideggeriana.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A professora Tânia Bispo, da Uneb, explicou que o material busca prevenir a covid-19 entre as pessoas em situação de rua e faz parte do trabalho de responsabilidade social da universidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Eu trabalho com as pessoas privadas de liberdade, onde também lançamos uma cartilha pelo Núcleo de Pesquisa e Interface em Saúde. Em parceria com a Uefs surgiu a ideia de fazer essa cartilha para as pessoas em situação de rua que estão em maior vulnerabilidade neste momento de pandemia”, afirmou.

A professora Sinara Souza que é vice-coordenadora do mestrado profissional de enfermagem da Uefs comentou sobre a importância da cartilha e informou que a sua tiragem foi de 1.000 exemplares. Ela salientou que o material é muito rico de conteúdo e traz uma linguagem acessível para as pessoas em situação de rua.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O mestrado profissional da Uefs foi a incubadora dessa proposta e essa cartilha surgiu com produto final da dissertação de mestrado de Keila Barros. A Uefs envidou esforços para que nós conseguissem angariar recursos para o financiamento da cartilha e o papel da universidade é esse, de produzir conhecimento para transformar vidas. A cartilha traz informações referentes aos cuidados da pandemia e os cuidados gerais em saúde. A gente está fazendo com que o conhecimento em saúde chegue para as pessoas que nem sempre têm acesso aos serviços de saúde. Estamos garantindo o que o Sistema Único de Saúde (SUS) prevê, que é a equidade”, acrescentou.

A enfermeira Keila Barros explicou que a cartilha “Cuidando da Maloca” dialoga com as pessoas em situação de rua e é uma forma interativa de chamar a atenção sobre o uso de máscara e o distanciamento social. Ela salientou que as pessoas que estão nas ruas não têm como seguir a orientação das organizações de saúde de ficar em casa e o objetivo do material é apresentar estratégias para que as pessoas sigam os protocolos diante da sua realidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Utilizamos a linguagem da rua e os personagens da rua para que as pessoas em situação de rua possam ler e entender as mensagens. O grupo “Cuidando da Maloca, a Uefs, a Rede Alternativa que envolve várias entidades se uniram em prol de prevenir a covid-19 em uma população tão vulnerável", pontuou.

Keila contou que há na cidade cerca de 400 pessoas em situação de rua e a cartilha será distribuída para todas as pessoas e também disponibilizada em equipamentos públicos para que as necessidades da população de rua sejam divulgadas.

Jussara Silva, que é conhecida como Sara, viveu em situação de rua por 16 anos e é uma das personagens da cartilha. Ela declarou que ficou honrada com o convite de poder apresentar as demandas das pessoas em situação de rua e de uma realidade que ela conhece de perto.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Eu saí da rua há dois anos e fiquei muito feliz pelo convite em ser personagem da cartilha. Essa cartilha é para lembrar que os que estão nas ruas também são gente e precisam de cuidados. Têm o direito de serem cuidados”, frisou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Sara criticou a atuação dos órgãos públicos que assistem as pessoas em situação de rua na cidade e salientou que já passou muitas dificuldades como fome, frio, violência e falta de atendimento em saúde.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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