São Paulo

Três vereadores e mais 10 pessoas são presos em operação contra grupo ligado à organização criminosa suspeita de fraudar licitações

Empresas atuavam para fraudar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada em diversas prefeituras e câmaras municipais em SP.

16/04/2024 às 11h12, Por Acorda Cidade

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Operação em SP
Foto: Arquivo Pessoal

O Ministério Público de São Paulo deflagrou, na manhã desta terça-feira (16), uma nova operação para desarticular um grupo criminoso associado à facção criminosa suspeito de fraudar licitações em todo o estado.

Três vereadores de diferentes cidades paulistas e mais 10 pessoas foram presos.

A suspeita é a de que os parlamentarem recebiam propina para favorecer as empresas do grupo nos contratos de prestação de serviço de limpeza e vigilância nas câmaras municipais.

Segundo o MP, os vereadores ficarão presos por cinco dias pra preservar as investigações, mas o prazo poderá ser ampliado.

Como funcionava o esquema

De acordo com o MP quadrilha era ligada a facção e tinha várias empresas. O grupo forjava concorrência para vencer licitações e firmar contratos com diferentes prefeituras e câmaras municipais para contratação de mão de obra terceirizada.

A atuação deles no sistema tinha apoio e participação de agentes públicos, dentre eles, vereadores.

Os contratos eram na área de serviços de limpeza e postos de fiscalização, como de vigilância em alguns prédios públicos, e somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos.

“As empresas investigadas ou estão associadas a integrantes da facção ou em nome de laranjas. Funcionários de algumas dessas empresas concorriam e simulavam alguma competição em licitações de câmaras e prefeituras e também do estado de SP”, explicou o promotor Yuri Fisberg.

Só na região da Baixada Santista, por exemplo, foram três prisões.

Além dos 15 mandados de prisão temporária, a 5ª Vara Criminal de Guarulhos expediu mandados de busca e apreensão em 42 endereços. O material apreendido foi levado à sede do MP na capital.

A operação é feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, e pela Polícia Militar.

O que foi apreendido:

4 armas;
22 celulares;
22 notebooks;
R$ 3,5 milhões em cheque;
R$ 600 mil em espécie e 8 mil dólares.

Municípios com contratos sob análise

Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Sorocaba, Buri, Itatiba e outros municípios têm contratos sob análise.

Também há um contrato com o governo de SP que está em investigação.

Segundo os promotores, havia simulação de concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. Também há evidências de corrupção de agentes públicos e políticos (secretários, procuradores, presidentes de Câmara de Vereadores, pregoeiros etc.) e diversos outros crimes – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro.

“Atuavam não só com empresas deles, mas com empresas chamadas parceiras. Em todas essas prefeituras havia indicativo de corrupção. Em algumas existia um conluio, um cartel entre as empresas”, explicou o promotor Yuri Fisberg.

De acordo com o MP, o esquema tinha três núcleos bem distintos: “Empresários e funcionários das empresas, com uma liderança vinculada à facção criminosa. Os advogados que atuavam para essas organizações (empresas) e os agentes políticos, que facilitavam a infiltração por meio de pagamento de propina”, completou Fisberg.

O que diz o governador

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) comentou brevemente a operação, na manhã desta terça-feira (16), durante o leilão da concessão rodoviária do Lote Litoral Paulista, na sede da B3.

“O crime que está ficando cada vez mais ousado, se infiltrando no poder político, lavando dinheiro cada vez mais e ficando cada vez mais poderoso, é um grande risco para o Brasil e para o nosso estado. É mais uma operação. Acontecerão outras e esse combate ao crime organizado não vai cessar, doa a quem doer, nós vamos combater”, afirmou.

‘Operação Fim da Linha’

Na semana passada, o MP de São Paulo realizou a ‘Operação Fim da Linha’, que prendeu quatro dirigentes de empresas de ônibus da capital paulista, também acusados de ligação com a facção.

Segundo os promotores, o grupo usava as empresas Transwolff e UPBus – que prestam serviços de transporte coletivo nas Zonas Sul e Leste da capital – para lavar dinheiro da organização criminosa.

Por causa da operação, a Justiça determinou que a SPTrans e a Prefeitura de SP fizessem uma intervenção nas duas empresas, com o objetivo de manter as linhas de ônibus operadas por elas funcionando na cidade. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) nomeou dois interventores da SPTrans, que estão trabalhando na direção e operação das duas empresas.

Fonte: g1

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