Bahia

Boipeba: Governo federal suspende autorização para construção de empreendimento imobiliário

As terras de Boipeba, onde se pretende implantar o megaempreendimento, são da União, e, por lei, devem ser prioritariamente destinadas aos usos ambientais.

06/04/2023 às 20h09, Por Acorda Cidade

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Foto: Reprodução / Bahia Terra

O governo federal, através da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) — ligado ao Ministério da Gestão —, suspendeu os efeitos da transferência de titularidade autorizada pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), que negociava cerca de 20% da ilha de Boipeba, na região Baixo Sul do estado, a grupos empresariais para a construção de um grande empreendimento imobiliário.

A SPU também determina que a empresa e o proprietário não realizem qualquer obra no terreno até que seja apurado se empreendimento objeto do licenciamento ambiental aprovado pelo Inema atende à legislação patrimonial e que seja publicada a Portaria de Declaração de Interesse do Serviço Público com a delimitação do perímetro do território tradicional da comunidade de Cova da Onça.

A decisão da SPU atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) do dia 14 de março. Os procuradores entendem que a autorização para a transferência de titularidade e construção do empreendimento pode retirar direitos de comunidades tradicionais que ocupam a ilha de Boipeba.

O CASO

O Inema autorizou, no último dia 7 de março, emissão de licença para um empreendimento imobiliário de cerca de 1.651 hectares (16.510.000m²), que o grupo econômico Mangaba Cultivo de Coco pretende instalar na Fazenda Castelhanos, antiga Fazenda Cova da Onça, em área que equivale a quase 20% da Ilha de Boipeba.

Conforme o MPF, o projeto inicial prevê 69 lotes para residências fixas e de veraneio, duas pousadas com 3.500 m² cada, além de mais 82 casas, parque de lazer, píer e infraestrutura náutica, aeródromo e área para implantação de um campo de golfe de 3.700.000 m².

O MPF sinaliza, ainda, que o projeto viola as diretrizes e recomendações do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Tinharé-Boipeba. Além disso, a entidade afirma que o projeto atinge diretamente ecossistemas costeiros de extrema vulnerabilidade, como manguezais e faixas de praia, prevê consumo de água desproporcional na ilha, remoção de vegetação de Mata Atlântica, pavimentação do solo, cercamento de terras e caminhos tradicionais, destruição de roças e a desconfiguração do modo de vida tradicional de centenas de famílias de pescadores, catadores e catadoras de mangaba e marisqueiras das comunidades de Cova da Onça, Moreré e Monte Alegre.

Para os procuradores, a concessão da licença representa ilegalidade de caráter fundiário. A ilegalidade, de acordo com o MPF, é porque as terras de Boipeba, onde se pretende implantar o megaempreendimento, são públicas, da União, e, por lei, devem ser prioritariamente destinadas aos usos ambientais e tradicionais das comunidades.

Em 2019, o Ministério Público Federal já havia emitido a Recomendação 01/2019 pedindo a interrupção do processo de licenciamento do empreendimento imobiliário Ponta dos Castelhanos, na Ilha de Boipeba.

Na mesma oportunidade, o MPF também recomendou à SPU que conclua a regularização fundiária das comunidades tradicionais e fiscalize possível desvirtuamento da ocupação do imóvel da União, inscrito sob regime precário de ocupação.

Fonte: Bahia Notícias, parceiro do Acorda Cidade

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  1. Até onde os ditos interesses ambientais podem ser maiores que a geração de emprego e renda para que mora naquela região?
    O que vale mais a pena? Um pé de licuri ou a alimentação de uma família através de trabalho honesto e digno?

    1. Pelo seu comentário me parece que você é incapaz de ler e interpretar Franklin, então vou te ajudar: já existem comunidades lá que tem seu modo de vida E SUSTENTO. Não se trata de salvar pés de licuri, amigo obtuso. Ou está insinuando que o trabalho das comunidades tradicionais é desonesto e indigno?

  2. A cada dia que passa fico mais encantada com a postura do MPF e dos MP ESTADUAIS porque se não muitos aproveitadores estariam por ai deitando e rolando parabéns MPF.

    1. Pelo seu comentário me parece que você é incapaz de ler e interpretar Franklin, então vou te ajudar: já existem comunidades lá que tem seu modo de vida E SUSTENTO. Ou está insinuando que o trabalho das comunidades tradicionais é desonesto e indigno?

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