Feira de Santana
Após três anos sem solução, vítimas de incêndio no residencial Iguatemi I podem perder o direito de entrar na Justiça
O tema foi debatido hoje (24), durante uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores.
24/11/2021 às 15h50, Por Laiane Cruz
Laiane Cruz
No dia 4 de dezembro de 2018, moradores do bloco 14 do Residencial Iguatemi I, no bairro Mangabeira em Feira de Santana acordaram durante a madrugada com os apartamentos em chamas. Quatro pessoas morreram e várias ficaram feridas com queimaduras graves. O incêndio teria sido provocado por um curto-circuito. Sem ter onde morar, os proprietários dos apartamentos tiveram que pedir socorro em casas de familiares e amigos.
Passados quase três anos da tragédia no Iguatemi I, os moradores que tiveram seus imóveis atingidos pelo fogo ainda não retornaram para suas casas e lamentam ainda ter que enfrentar dificuldades por conta desse incêndio. Além disso, no dia 4 de dezembro deste ano, as famílias que foram vítimas perderão o prazo de entrar na Justiça para reivindicar os seus direitos, caso não o façam até essa data.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
O tema foi debatido hoje (24), durante uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores. Vários moradores do residencial participaram. A Coelba, os Bancos do Brasil e Caixa Econômica foram convocados para dar explicações sobre a falta de providências acerca do incidente, mas não compareceram. Já a Secretária de Habitação do município, Cíntia Machado, que também foi convocada, compareceu e falou na tribuna da Câmara de Vereadores, em defesa da prefeitura.
Abandono
Uma das vítimas do incêndio Elizama Conceição dos Santos afirmou, em entrevista ao Acorda Cidade, que no dia que os apartamentos foram atingidos pelas chamas todos os órgãos estiveram no local, assim como o prefeito Colbert Martins, mas até hoje nada foi resolvido.
“Eu fico triste, porque no dia do acontecimento foram lá os órgãos, principalmente o prefeito, que falou bonito, mas na hora que a gente foi procurar virou as costas. A gente está sem casa, morando de favor. Eu mesma estou desempregada, passando necessidade, porque não tive apoio de nenhum órgão”, lamentou.
Ela relatou ainda que o imóvel está abandonado, somente com as paredes, em virtude da ação de vândalos. “A gente está lutando para ver se resolve essa situação, porque é a nossa moradia.”
Outra moradora do residencial, Rosangela do Carmo Joaquim disse que a situação das vítimas está complicada, e todos desejam retornar para suas casas.
“Já vão fazer três anos agora em dezembro e a Caixa não fez nada. A gente está morando de favor, alguns estão morando de aluguel e ficam passando por uma humilhação. A gente nunca recebeu o aluguel social, nenhum tipo de assistência, nem uma cesta básica, nenhum dos moradores recebeu. E até hoje está sem receber e sem resolver nada. A responsabilidade é do Banco do Brasil, da Caixa, da prefeitura, de todos eles”, declarou.
Foto: Paulo José/ Acorda Cidade
A ex-vereadora Cíntia Machado, que atualmente está à frente da Secretaria de Habitação, afirmou que a prefeitura está tomando medidas para ajudar as famílias.
“O vereador Paulão me chamou e convidou também a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, a Coelba e a Embasa. Nenhuma das outras instituições esteve presente. Eu estive presente e respondi a tudo. Coloquei a situação a par dos vereadores, sobre que medidas estamos tomando para tentar ajudar essas famílias. O prazo legal se encerra agora em dezembro, então elas vão perder o direito de entrar na Justiça e estamos adiantando para que elas não percam esse direito. Já que a Caixa, na amizade, tentando conciliar, não resolveu, elas vão sim para a Justiça, com todo o apoio do Ministério Público. E vão ter apoio da secretaria, como todos os outros residenciais, que têm tido problemas e conflitos. São 9 famílias”, informou.
A Secretária alegou que, na época do incêndio, foi liberado o aluguel social para as famílias. Ela disse também que nunca se pensou que iriam se passar três anos e a Caixa não tomaria nenhuma posição.
“Então eu conclamo a Caixa que tenha compaixão da vida dessas pessoas. Uma senhora que perdeu a mãe e a neta disse que não queria uma casa, queria só a Justiça de ver os vizinhos podendo ter uma vida, ou seja, resgatar a dignidade dessas pessoas.”
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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