Covid-19

Apenas aferição de temperatura não comprova que protocolos estão sendo seguidos, diz infectologista

Para a infectologista, todo protocolo de segurança deve ser seguido desde a entrada no estabelecimento, até a saída para que seja evitado qualquer tipo de circulação do vírus.

09/08/2021 às 08h57, Por Gabriel Gonçalves

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Gabriel Gonçalves

Após a disseminação do novo Coronavírus em grande escala por todo o mundo desde o ano passado, um pequeno aparelho foi adotado em todo território brasileiro para ajudar no combate ao vírus.Os termômetros digitais infravermelhos são capazes de aferir a temperatura de corpos ou superfícies através da radiação emitida por eles e a medição da temperatura é feita de modo que o sensor não precise tocar na superfície da pele.

Em Feira de Santana, é comum encontrar funcionários na porta de estabelecimentos com este equipamento para aferir a temperatura das pessoas, acompanhado de uma garrafa de álcool em gel para passar nas mãos.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a médica infectologista e coordenadora do Comitê de combate ao Coronavírus em Feira de Santana, Melissa Falcão, explicou que o equipamento pode até identificar se alguém estiver em estado febril, mas não detecta se a pessoa está com o vírus ativo.

"Com relação a Covid-19, essa aferição de temperatura não é tão importante assim, porque não diz se a pessoa está ou não com Covid e nem todo mundo que está com Covid, apresenta um quadro febril. Posso dizer que ele inibe as pessoas que estão com febre, independente se for Covid-19 ou não, para que elas não saiam de casa. Hoje nós encontramos esse aparelho principalmente na porta de ambientes comerciais, clínicas no momento da entrada, porém apenas a aferição, não funciona contra o vírus. É necessário que outras medidas também sejam aplicadas como o distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel nas mãos", disse.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Com relação ao uso do equipamento que pode causar danos à glândula pineal, localizada no cérebro e responsável pela produção de hormônios, a médica infectologista alertou que esta informação é falsa.

"Não pode causar dano nenhum à saúde. Isso foi uma fake news que foi difundida e ela não faz nenhum tipo de alteração, mas é necessário que sigam as recomendações de fábricas, pois existem termômetros que podem ser utilizados na testa e outros no pulso, então é importante que não haja essa variação para não perder a qualidade do equipamento", disse.

Para a infectologista, todo protocolo de segurança deve ser seguido desde a entrada no estabelecimento, até a saída para que seja evitado qualquer tipo de circulação do vírus.

"É necessário que todos os estabelecimentos possam ter a distribuição de álcool em gel desde a entrada até a saída, assim como o uso obrigatório das máscaras e algo que é bastante observado, o distanciamento das filas em supermercados. Então fica um funcionário na porta do estabelecimento aferindo a temperatura, mas as pessoas estão aglomeradas nas filas dos caixas, então não é apenas com um serviço lá na entrada que é possível dizer que todos os protocolos estão sendo seguidos dentro desse local", destacou.

Mesmo com a vacinação avançando em todo território brasileiro, a recomendação é que o uso da máscara seja mantido, principalmente por conta da circulação da variante Delta.

"O uso da máscara continua de forma essencial, principalmente porque já foram identificados alguns estudos que essa variante Delta pode infectar quem já tem as duas doses da vacina, não causa sintomas, mas pode ser transmitida. A gente também viu que não apenas Covid-19, mas também gripe comum ao exemplo da H1N1 teve uma redução com o uso da máscara. Eu mesmo chegava a ter um quadro de gripe três a quatro vezes ao ano e depois da Covid-19, com o uso da máscara, isso não mais aconteceu", informou ao Acorda Cidade.

Prática de atividade física ao ar livre

De acordo com a infectologista Melissa Falcão, ainda que esteja em um ambiente aberto, a recomendação é que faça a caminhada com máscara.

"O ideal é que se os exercícios forem de baixo impacto, ou seja, uma caminhada leve, é importante que a máscara seja utilizada. Em caso de corrida, como a máscara dificulta essa respiração, muitas vezes as pessoas acabam abaixando ela para respirar melhor, então isso aumenta um pouco o risco, mas caso esteja em um local aberto, assim que terminar a corrida, logo repor a máscara. Hoje a máscara está sendo uma grande aliada na prevenção das infecções respiratórias, principalmente para quem apresenta sintomas. Quem não tem sintomas, passando a pandemia da Covid-19, vai sair sem máscara, mas as pessoas precisam se conscientizar de que esses sintomas principalmente apresentados em crianças, devem ter uma atenção especial e não deixar que as crianças sigam para as escolas, portanto devem ficar em casa porque mesmo não sendo Covid-19, não deixa de ser uma infecção respiratória", afirmou.

Mesmo apresentando baixos índices de casos no município, a médica Melissa Falcão alertou sobre evitar qualquer tipo de aglomeração, tendo em vista que a pandemia ainda não foi disseminada.

"Estamos em um momento de queda no nosso número de casos, assim como diminuição do número de ocupação, então isso é muito positivo e a gente tem que agradecer a população que está nos ajudando a fazer esse controle. A pandemia ainda não acabou, enquanto houver casos ativos, existem chances de contaminação e de transmissão. Então é importante que a população continue contribuindo, evitando viagens para locais onde exista a variante da cepa Delta que infelizmente está circulando em grande quantidade, não temos nenhum caso na Bahia, mas é importante evitar para que não se tenha um novo aumento do número de casos", concluiu.

Leia também:

Entra em vigor lei municipal que obriga estabelecimentos aferirem a temperatura

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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