Feira de Santana

Apae anuncia suspensão da assistência a mais de 80 crianças com autismo em Feira de Santana

A diretora da Apae informou que a entidade está em contato com a rede Caps e também o Centro Especializado de Autismo para absorver esses atendimentos.

29/10/2021 às 10h38, Por Gabriel Gonçalves

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Laiane Cruz

85 crianças que possuem o Transtorno do Espectro Autista poderão deixar de receber atendimento na Associação de Pais e Amigos Excepcionais (Apae), em Feira de Santana, a partir do dia 1º de novembro.

De acordo com a diretora da entidade, Mary Portugal, a Apae já atende a mais de 200 crianças e jovens com autismo, porém com o recebimento de um recurso do Ministério da Saúde, chamado Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas), foi ampliado o serviço para mais 85. No entanto, o recurso não foi mais repassado para a associação.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Em 2019, nós conseguimos um recurso do Pronas, que é um programa do Ministério da Saúde, e ampliamos o atendimento para mais 85 crianças e são essas que irão talvez ficar sem o atendimento a partir do dia 1º de novembro, porque até o momento não conseguimos recursos, pois o atendimento deles custa em torno de R$ 60 mil mensais. Não conseguimos esse recurso e estamos buscando também esse recurso junto ao poder público”, explicou Mary Portugal.

A diretora da Apae informou que a entidade está em contato com a rede Caps e também o Centro Especializado de Autismo para absorver esses atendimentos.

“Estamos vendo a possibilidade de estar encaminhando esses pacientes tanto para o Caps como para o Centro Especializado de Autismo, que já está pronto, ao lado do Centro de Cultura Maestro Miro, que está muito bem estruturado e pode ser uma solução para essas crianças não ficarem desassistidas. A Apae dá assistência à saúde, educação e social. Temos centenas de profissionais, mas no caso específico das crianças autistas temos 12 profissionais. Então com todas as despesas geradas nesse atendimento, a gente não pode mais dar continuidade”, lamentou.

A psicopedagoga Bruna dos Santos Silva, que faz parte da equipe que presta atendimento para esse grupo de crianças, o fim do Pronas deixou uma lacuna na entidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O fim do Pronas está deixando uma lacuna muito grande no núcleo do Núcleo de Atendimento Especializado para a Pessoa com Autismo (Nepea) , além do desligamento de alguns profissionais. Fica uma perda muito grande, tanto para o pessoal da Apae, que tem um vínculo com essas famílias, quanto para as famílias e a sociedade, principalmente os assistidos que têm esse atendimento prioritário na Apae, pois temos uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, pedagogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, enfermagem e assistente social. As crianças têm direito ao atendimento com todas essas terapias”, afirmou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Mãe de um garoto autista, com 9 anos, Suely Lima, lamentou a perda da vaga para o filho. “Ele é autista não verbal, então aqui no Nepea da Apae, eu tenho todos os atendimentos com vários profissionais. Se a gente perder essa vaga ficará bem complicado. Essas crianças precisam de atendimento, precisam ser assistidas”, disse.

Tainá Almeida, que também tem um filho de 7 anos com autismo, tomou como surpresa o fim do projeto.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A gente foi pego de surpresa. O atendimento foi reduzindo de horário, depois reduziram os profissionais e agora estamos para perder nossa vaga. A gente quer que o poder público se sensibilize referente a essas questões, porque a gente não tem tratamento em Feira, os Caps não dão essa assistência, e os postos de saúde não estão preparados para receber essa demanda. Meu filho tem 7 anos. Eu cheguei aqui com meu filho sem falar, com várias demandas, agressivo, e hoje eu tenho uma criança verbal, que se comporta muito bem, e todo o tratamento eu tive aqui na Apae. Preciso dar continuidade. Fico muito abalada e muito triste porque eu não sei como será com a criança dentro de casa.”

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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