Oftalmologista explica prevenções para evitar ceratocone; coçar e esfregar os olhos são os principais fatores da doença

^{Gabriel Gonçalves}

A ceratocone é uma doença degenerativa que afeta a córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. Como principal característica da doença, a ceratocone provoca uma redução progressiva na espessura da córnea, empurrando para fora, deixando-a num formato aproximado de um cone.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a oftalmologista Fabiana Luna explicou que a doença pode provocar a falta de definição da imagem, e o paciente começa a se queixar de dificuldades para enxergar.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

"Essas pessoas começam a ter uma fragilidade nas fibras da córnea, que vão ficando mais alongadas com o tempo e, com isso, vão ficando finas e formando um cone, daí o nome ceratocone. Essa deformidade da córnea tira a definição da imagem, e o paciente começa a se queixar dificuldades para enxergar, ficam com a visão borrada, a visão fica torta, distorcida, e o principal fator é a sensibilidade muito grande na claridade que também incomoda", explicou.

De acordo com a oftalmologista, existem tratamentos para amenizar a doença, fazendo com que o grau não possa avançar. Mas para ter um diagnóstico definitivo, com a cura da doença, apenas com transplante de córnea.

"Existem tratamentos para esta doença, mas quando falamos de um tratamento definitivo como forma de devolver o formato original, neste caso seria o transplante da córnea, mas só indicamos em casos bastante avançados, em último grau, porque a ceratocone não aparece de um dia para o outro. Ela vai se modificando aos poucos e por isso é importante o processo de avaliação, o paciente precisa fazer exames da córnea, junto com o exame oftalmológico e vamos vendo em que grau está essa doença. Caso esteja em um grau mais leve, um simples óculos pode fazer a correção e o paciente vai progredindo com esse tratamento, além do uso de lentes de contatom que também é recomendado, cirurgias e o uso de laser, fazendo com que essas córneas fiquem mais resistentes e que as fibras fiquem mais aderidas, e o ceratocone não evolua. Então depende muito do grau da doença para que possamos fazer o tratamento deste paciente", declarou.

O ato de coçar e esfregar os olhos com muita intensidade ajudam na deformidade da córnea. Segundo Fabiana Luna, o único momento que se deve levar as mãos aos olhos é na hora da higiene.

"Essas doenças normalmente estão relacionadas a uma alteração genética e observamos uma relação de pacientes que possuem alergias e são portadores crônicos, uma pessoa que possui fragilidade nas fibras da córnea. Quando esta pessoa coça e esfrega o olho com bastante intensidade, ajuda na deformidade e não se deve coçar os olhos em momento algum, só é permitido tocar nos olhos no momento da higiene. Esse processo é muito arriscado porque a pessoa não mede a intensidade de coçar esse olho, então por isso recomendamos às crianças e adolescentes, onde essa faixa etária tem uma maior incidência da progressão da doença, que possam fazer o acompanhamento oftalmológico pelo menos a cada ano e a depender do caso, que esse prazo seja de 3 a 6 meses, para que mais cedo possamos detectar a doença e o tratamento seja de forma mais precoce", concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade