Feira de Santana

Sem trabalhar desde o início da pandemia, artistas pedem reabertura dos teatros em Feira de Santana

Os atores, que retiram da arte o seu sustento, tiveram que se reinventar para conseguir se manter.

06/03/2021 às 15h14, Por Gabriel Gonçalves

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Laiane Cruz

Há cerca de um ano, o ator Adriano Lima, de Feira de Santana, estrelava nos palcos do teatro mais uma de suas peças e arrancava com maestria gargalhadas e admiração do público. De lá para cá muita coisa mudou, diante da pandemia do novo coronavírus, desde março de 2020, fez com que as cortinas dos palcos se mantivessem fechadas e as poltronas completamente vazias, não só em Feira de Santana como em diversas cidades do país.

Os atores, que retiram da arte o seu sustento, tiveram que se reinventar para conseguir se manter. E assim como Adriano Lima, contam os dias e as horas para retornar aos palcos e continuar fazendo a alegria dos expectadores. De acordo com o artista, durante esse período a situação financeira da categoria ficou muito complicada. Ele defende a reabertura dos teatros o quanto antes possível.

“Há um ano eu estava em cartaz no teatro Sesc centro. Tive uma ajuda de custo, mas essa ‘esmola’ que o governo deu não dá pra manter ninguém. Eu sempre vivi do teatro, desde os 19 anos. Eu estreei o Graxeira Graças a Deus, que vai fazer 28 anos, mas infelizmente um dos nossos atores morreu, a gente deu um tempo e iríamos retornar no ano passado. Mas vou retornar esse ano. Basta reabrir os teatros”, diz.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ele relembrou o grande sucesso que o espetáculo ‘Graxeiras, graças a Deus’ obteve nos palcos da cidade e de todo o Brasil, como também em outros países.

“Eu atuava em Feira, Salvador, Rio de Janeiro, o espetáculo fez sucesso no país inteiro e fora também, como Portugal, Venezuela; ganhamos festivais de melhor ator, melhor ator coadjuvante. São 28 anos de muita história e levando o nome de Feira de Santana. Então eu acredito que devem valorizar mais o teatro, os espetáculos que são daqui. Feira de Santana deve ter um pouco mais de carinho com o teatro, aqui tem muita gente boa. Tem muito ator bom, muita produção e espetáculos bons. Espero que o prefeito libere o teatro. No Rio de Janeiro já está liberado, tem amigos meus já trabalhando. Em Salvador já está liberado”, observou o artista.

Adriano Lima acredita que a retomada do teatro deve ocorrer, liberando a entrada de até 200 pessoas nos teatros. Segundo ele, os espetáculos duram no máximo 1 hora e meia e não haverá necessidade dos expectadores retirarem as máscaras.

“Que libere com 200 pessoas. Não acredito que não possam liberar, porque a partir do momento que já tem ônibus liberado, que é um lugar onde aglomera muito, avião, ônibus daqui pra Salvador, então só no teatro que pega a Covid? O teatro é uma hora e meia no máximo. Acredito que já é hora de liberar, pois a gente precisa trabalhar. Não tem como o governo ficar mantendo a gente, o dinheiro que eles mandam é muito pouco e já acabou, inclusive, o auxílio emergencial. A Lei Aldir Blanc também ajudou, mas não é uma coisa pra se ficar mais seis meses sem trabalhar”, destacou

Ele ressaltou que também sente muita falta do público e fazer lives não trazem resultado. “Os patrocinadores querem gente que dê retorno pra eles e a gente ainda não dá, porque também falta incentivo aqui na base. O secretário de cultura, eu acho que é sensível à arte, então peço a ele que abra o teatro, bote no máximo 200 pessoas com todo o protocolo. Os ingressos podem ser vendidos pela internet, então tudo caminha pra que a gente possa abrir”.

Protocolos

Também em entrevista ao Acorda Cidade, o secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Jairo Filho, informou que desde janeiro vem tratando com a equipe da secretaria junto ao gabinete do prefeito a retomada das atividades do teatro e da dança.

“Sabemos que vivemos um dia de cada vez nesse momento de pandemia, aonde as últimas notícias que nós temos não são boas. A vacinação já começou, mas está num ritmo muito lento. Estamos dependendo das vacinas do Governo Federal. Estamos acompanhando as notícias no estado da Bahia e o quanto está lenta a questão da vacinação em todo o país. Paralelo a isso, temos as últimas informações com relação à grande preocupação dos leitos dos hospitais do nosso município, tanto de UTI quanto de enfermaria. Isso é preocupante, a população tem que estar atenta cada vez mais aos cuidados”, salientou o secretário.

Ele avalia que toda retomada de atividades traz algum tipo de aglomeração, mesmo com protocolos, distanciamento e todos os cuidados. Acredita também que a questão depende de como a população está se comportando perante a pandemia.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Nós estamos nos preparando, analisando protocolos pra retomada do teatro, da dança, e isso como ocorre em outras atividades econômicas e culturais, mas acima de tudo estamos muito preocupados com esse momento que nos encontramos. Nós temos o teatro Margarida Ribeiro, o Maestro Miro, temos os teatros da CDL, do Sesi, Sest-Senat, então temos dezenas de espaços culturais que estão precisando retomar. Não apenas os teatros fechados, mas também os espaços abertos, que nós podemos realizar atividades, como o ‘Teatro Vai aos Bairros’. Mas pra que isso ocorra, é importante que tenhamos todos os cuidados e a população se conscientize cada vez mais. Vivemos uma semana de Carnaval, que não é feriado, mas muitas pessoas foram à praia, a cidades próximas, mas não estão tomando os devidos cuidados e com isso retornam pra Feira de Santana e com isso contaminam parentes, familiares e colegas de trabalho”, declarou Jairo Filho.

Lei Aldir Blanc

Ainda conforme o secretário de Cultura, Jairo Filho, o benefício da Lei Aldir Blanc, que foi de aproximadamente 4 milhões de reais, já foi pago a 90% dos contemplados.

“Temos menos de 20 processos referentes àqueles proponentes que tiveram algum problema com suas próprias contas bancárias. Esses já foram solucionados. Os restos a pagar estarão sendo pagos agora em fevereiro e com isso concluiremos a Lei Aldir Blanc em Feira de Santana”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade 

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