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Briga entre irmãos: quando e como os responsáveis devem intervir?

Psicóloga orienta sobre a construção de relações harmoniosas no ambiente doméstico

17/01/2021 às 09h42, Por Laiane Cruz

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‘Na imagem, uma festa infantil de aniversário, com algumas crianças em torno da mesa. A personagem principal, claro, feliz com a comemoração enquanto os convidados cantam o tradicional ‘Parabéns para você!’. Tudo aparentemente normal, até que na hora de assoprar a vela, a irmã mais velha da aniversariante rouba a cena apagando primeiro. Foi o estopim para um desentendimento entre as duas crianças’.

Só de ler a descrição acima, você, provavelmente, já sabe de quais crianças e qual festa estamos falando. É que nos últimos dias a gravação feita por um dos convidados viralizou nas redes sociais, gerando uma quantidade considerável de ‘memes’ e brincadeiras. Mas o vídeo, que causou ainda muitas risadas entre outros irmãos e amigos que já viveram situação parecida, também levantou debates importantes para pais e responsáveis. Afinal, como manter uma relação harmoniosa entre os irmãos e demais integrantes da casa? E quando, e de que maneira, intervir em uma situação como essa?

A psicóloga do Sistema Hapvida, Mônica Silveira, destaca que por mais que as brigas entre irmãos possam parecer comuns e corriqueiras, é preciso impor limites, entendendo que a construção emocional do indivíduo tem início nesse período. “Os primeiros anos da criança são o momento onde se está constituindo sua personalidade e caráter, logo, deve-se ter plena atenção aos modelos e estímulos que estão sendo oferecidos aos pequenos. Rir de atitudes desajustadas, discordais, moral e eticamente reprováveis, vai servir de incentivo para que ela continue reproduzindo esses comportamentos, assimilando que eles são certos/bons, porque lhe traz benefícios e atenção”, alerta a especialista.

Para evitar problemas futuros, como possíveis brigas e competições mais graves entre irmãos, a psicóloga alerta para a responsabilidade dos pais no desenvolvimento. “Quando se tratam de crianças, a responsabilidade pelo comportamento dos filhos é sempre dos pais. Eles precisam dispensar atenção para cada um dos filhos, primeiro como indivíduos e depois como uma irmandade. A idade, a personalidade e os gostos individuais de cada um devem ser respeitados e estimulados desde cedo, assim como a interação entre eles. As comparações entre as crianças devem ser evitadas. Também não podem criar favoritismos”, ressalta.

A especialista defende ainda que, desde muito cedo, os responsáveis devem ensinar as crianças a resolverem sozinhas os conflitos, e intervir apenas em caso de necessidade. “Quando tiverem que interferir, desaconselho perguntar ‘quem começou’. Os pais devem fazer as crianças refletirem sobre os motivos da briga e, através de uma boa conversa, ajudarem os filhos a chegarem a um acordo. Incentivar os pedidos de desculpas recíprocos, independente de quem possa ter ‘mais culpa’. O importante é terem ciência de que o objetivo é a relação harmônica e justa entre os filhos. Castigos só em último caso, e devem ser para todos os envolvidos e usados para um momento de reflexão”.

Mônica destaca que cada criança possui suas necessidades individuais e específicas, o que exige um tratamento diferenciado para cada uma delas em determinados momentos. Nesse sentido, incentivar atividades coletivas é importante, mas cada indivíduo precisa ter seu período e ambiente de privacidade. “Cada criança precisa sentir que tem um espaço dela. Onde os irmãos não dominam. Não precisa ter um quarto para cada um, mas, na medida do possível, cada filho pode ter um cantinho onde mantenha suas coisas. É preciso reconhecer que cada filho tem um talento ou uma facilidade diferente um do outro. Os pais devem estimular essa particularidade e ensinar que um admire o outro exatamente por conta das diferenças entre eles”, orienta a psicóloga.

Por fim, ela ressalta a importância dessa relação entre irmãos que, mesmo com pequenos conflitos, deve ser entendida por todos, como algo essencial por toda a vida. “Os pais devem sempre ressaltar que amizades podem ser temporárias; muda o colégio, muda a cidade… Mas a fraternidade é um laço eterno e a amizade entre irmãos pode ser o maior ponto de apoio afetivo para eles, num futuro”, conclui.
 

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