Artigos e crônicas

Das coisas que aprendi nos discos: Alucinação - Belchior, 1976

Acorda Cidade lança série de resenhas sobre música.

10/10/2020 às 16h03, Por Maylla Nunes

Compartilhe essa notícia

Acorda Cidade

Quem não gosta de música? E o prazer associado a ela vai muito além de simplesmente ouvir. Estimulados pela música, cantamos, dançamos, extravasamos, ficamos mais felizes ou tristes, refletimos e aprendemos muito… sobre nós, os outros e a vida. E não são só as letras que proporcionam esse aprendizado, mas também as histórias de artistas e bandas.

Para partilhar com outras pessoas o muito que a música lhe proporciona, o músico, compositor, psicólogo e sommelier de cerveja, Carlos Henrique Kruschewsky (@sr.ck), iniciou uma série de resenhas sobre sua preciosa coleção de LPs. Esses textos serão publicados semanalmente no Acorda Cidade, aos sábados, a começar por este.

DAS COISAS QUE APRENDI NOS DISCOS

EPISÓDIO DE HOJE: Alucinação – Belchior, 1976.

"Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer
Ao vivo é muito pior"

Caramba! Me sinto muito feliz em compartilhar esse tipo de saber aqui, no site mais lido de minha cidade e um dos mais lidos da Bahia. É uma honra poder falar um pouquinho de música, sobretudo das que são tão marcantes na história.

Entendo perfeitamente o motivo que fez Antônio Carlos Belchior Fontenelli Fernandes começar a letra de "Como Nossos Pais" dizendo: "Não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos". Essa canção não é sobre um vasto conhecimento a respeito da música, literatura ou qualquer outra coisa com o que o Belchior, o nosso Bob Dylan do Brasil, tenha aprendido. Como Nossos Pais é um relato pessoal, uma experiencia cantada sobre a dureza da vida, em pleno regime militar.

Eu, obviamente (e agradeço muito por isso), só pude saber tais questões nos livros que li, nos relatos que escutei e nos discos que ouvi. Seja como for, tudo isso me serviu de aprendizado e a mim só resta dizer DAS COISAS QUE APRENDI NOS DISCOS. Mais, especificamente, neste, ALUCINAÇÃO, que é o mais importante da história da MPB. Completamente atemporal. Aqui temos como personagem um poeta que nasceu em Sobral, no Ceará, e é um dos mais importante que nosso país já produziu.

Belchior surgiu com uma leva de músicos conhecida como "O pessoal do Ceará", assim como Fagner. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou fome, morou numa construção, rodou de lugar em lugar com sua música, até que venceu o IV Festival Universitário de Música Brasileira (Com a música "Na Hora do Almoço", escrita com Fagner), depois disso gravou seu primeiro disco e, em 1972, conheceu Elis Regina, a maior cantora que o Brasil já teve.

Este disco foi gravado inteiro em três dias, com ajuda de Elis, e todas as suas faixas são Icônicas até hoje (Inclusive teve duas músicas regravadas pela Pimentinha: "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais").
Existe, atualmente, uma enorme demanda pela obra do Belchior, inclusive um movimento chamado #voltabelchior . Infelizmente esse artista nos deixou em 2017, mas sua obra permanecerá viva por muito tempo.

MELHORES FAIXAS:
•Apenas um rapaz latino americano
•Como nossos pais
•A Palo Seco 

Compartilhe essa notícia

Categorias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias

image

Rádio acorda cidade