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Lições da pandemia

Mas, hoje reconheço que suas palavras eram verdadeiras.

31/08/2020 às 15h38, Por Maylla Nunes

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Nos primeiros meses da pandemia do Covid-19, um médico me disse que enfrentaríamos desafios por um tempo longo, por um tempo que ninguém poderia imaginar qual fosse. Adiantou que viveríamos essa pandemia por meses e meses. Não lhe dei muito crédito, julgando-o exagerado. Mas, hoje reconheço que suas palavras eram verdadeiras.

NÃO PODEMOS admitir que, depois do que já passamos e estamos passando, talvez, ainda venhamos a passar, tudo continue como antes. Ao longo da História, a humanidade deu grandes passos depois de enfrentar inesperadas e traumáticas pandemias, guerras e catástrofes… Que lições podemos tirar dessa terrível pandemia? Entre muitas, citarei somente três.

PRIMEIRA lição: A constatação de nossa fragilidade. Nossa vida está sendo envolvida por medos, angústias, ansiedades e dúvidas. A vida humana é um bem valioso sagrado, um grande presente de Deus, mas muito frágil, por isso, merece todo nosso cuidado. Atrás de números, indicando quantos foram infectados, diariamente, ou quantos morreram, há pessoas, isto é, há seres humanos únicos e irrepetíveis.

SEGUNDA lição: A pandemia tem-nos ensinado que somos iguais, passíveis dos mesmos sofrimentos. Por outro lado, muitas situações são diferentes, fazendo com que o peso do coronavírus atinja de forma, particularmente dolorosa, os mais pobres. Diferenças sempre haverá entre nós; mas os abismos que verificamos existirem entre um grupo e outro, e com os quais, facilmente nos acostumamos, não são da vontade de Deus porque, atualmente, no mundo são poucos os ricos e muitos os pobres.

TERCEIRA lição: Os testemunhos de solidariedade dados por pessoas e comunidades para atender os mais necessitados. São agentes de saúde, autoridades, grupos, com as mais diversas motivações, que se desdobram para socorrer quem sofre. Isso nos mostra a solidariedade que existe no coração das pessoas. Será que essa solidariedade vai continuar depois da pandemia? Vamos continuar atendendo ao apelo: “Abra tua mão para teu irmão” (Dt. 15,11).

PORTANTO “Em lugar de vos queixardes por Deus se ter ocultado, rendei-Lhe graças pelo fato de se haver manifestado tanto.” (Blaise Pascal). O desafio é descobrirmos o que Deus quer de nós com esta pandemia. Para descobrir a vontade de Deus são necessários o discernimento, a paciência, a leitura da Palavra de Deus e a oração.

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]
 

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