Ouça o relato

Paciente com Covid-19 em Feira saiu andando da UPA para o hotel por falta de ambulância

Ele contou ao Acorda Cidade que saiu de uma unidade de saúde a pé até o hotel, após saber que teria que esperar uma ambulância retornar de Salvador.

03/04/2020 às 12h57, Por Andrea Trindade

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Andrea Trindade

Um homem de 31 anos, do município de Sertãozinho (SP), que está em Feira de Santana há trabalho desde o dia 18 de fevereiro, foi diagnosticado com covid-19, porém a Secretaria de Saúde do Município não o reconhece como um caso da cidade (Veja aqui). O paciente, por sua vez, afirmou ao Acorda Cidade que começou a sentir os sintomas em Feira de Santana e fez um desabafo sobre o atendimento que teve. Ouça o relato em áudio

“No dia 20 (de março) eu comecei a me sentir não tão bem, comecei a ter alguns sintomas e não procurei um médico de imediato porque eu já estava perto de ir para casa então achei que dava para aguentar. Eu não relacionei em nenhum momento com a Covid-19, mas no domingo começou a dar uma piorada. No sábado, dia 21, começaram os sintomas com coriza, calafrios e suar muito, ai na segunda começou a dor no peito, uma dor muito forte, com dificuldade para respirar. Pela tarde aumentou, foi quando eu procurei um médico na unidade próximo ao Clériston e o médico já me colocou em isolamento. Seguiu todos os protocolos e o médico mandou eu voltar para o hotel, que o pessoal da vigilância iria manter o contato e coletar o material fazer o exame. Ai da terça-feira, o pessoal veio na quinta-feira coletar o material. O resultado saiu agora testando positivo para Covid-19. Estou tendo contato com o pessoal da vigilância e por duas vezes tive que voltar para a UPA porque eu estava sentindo muita dor e dificuldade para respirar. Ontem, depois que foi confirmado, fui na policlínica da Queimadinha e entrei em contato com o pessoal da vigilância. Eles mandaram o Samu vir me buscar, era por volta das 11h20, me levaram para a policlínica, fiz gasometria e fiquei aguardando a tomografia. Eles foram levar o almoço 15h30, um almoço totalmente com desvio de uma pessoa que está doente. Fiquei aguardando quando foi 17h e pouco me levaram para [outra unidade] para fazer a tomografia, depois me levaram de volta para a policlínica. A médica infectologista foi lá me ver e disse que meu exame de tomografia deu normal e queria me dá alta”, disse o paciente ao Acorda Cidade.

“E eu fiquei aguardando a ambulância. Isso era umas 19h já, fiquei aguardando até 20h. Quando deu umas 21h30 o pessoal viu que eu estava inquieto e que eu queria voltar. Estava sem comer, queria tomar banho, e o pessoal falou que o pessoal da ambulância não queria fazer o transporte. Eu entrei em contato com o Samu, e falei com uma pessoa que disse que o Samu é uma unidade de urgência e emergência não podendo fazer transporte, que era para eu solicitar um Uber ou outro transporte só que a partir do momento em que eu fui constatado como positivo eu não posso ficar transitando normalmente em outros veículos no meio do pessoal, aí falei com o pessoal da policlínica e eles falaram que realmente o pessoal não queria fazer o transporte e estava aguardando a ambulância retornar de Salvador. Eu achei estranho porque um município deste tamanho tem mais condições. Aí pedi meus exames e falei que iria a pé. O pessoal ficou assustado, não queria, mas eu vim a pé da policlínica até meu hotel. Achei uma falta de consideração, uma falta de respeito total porque eu estava aqui a trabalho, porque diferente da forma como foi passado para a imprensa, eu não vim de São Paulo com a doença eu contraí aqui”, afirmou.

O inspetor de qualidade disse ao Acorda Cidade também que é difícil estar doente e longe de casa e que fez um alerta sobre a doença.

“Não pedi pra ficar doente, estou longe da minha família, estou longe de casa, e eu queria um apoio maior porque é difícil estar longe de casa e não ter ninguém por você. Também quero alertar a população para continuar se preservando se puder ficar em isolamento ficar, porque essa doença não é brincadeira. É uma sensação ruim demais, é insuportável. É isso que tenho para falar para vocês”, concluiu.

A médica infectologista Melissa Falcão informou que o tempo que ele passou na UPA foi necessário para ele fazer os exames específicos e que a comida foi adequada para o paciente, além disso, o paciente não pode escolher o que comer. Ela informou também o paciente está em isolamento, está sendo monitorado pela equipe e que foi a pé da UPA da Queimadinha para o hotel porque não quis esperar a ambulância retornar de Salvador. A médica disse ainda que o paciente colocou toda a equipe de saúde em risco.

Errata – em um trecho da transcrição da fala do entrevistado foi dito que ele esteve no Hospital Geral Clériston Andrade, mas o paciente na verdade estava se referindo a outra unidade de saúde, a qual não soube pronunciar a sigla por não conhecer as unidades da cidade. Ele não esteve no HGCA como informado anteriormente. 

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