Artigo
Você e as bruxarias
O trovão, por exemplo, era explicado como admoestação divina.
09/09/2019 às 09h22, Por Maylla Nunes
Há séculos atrás, entendia-se que o homem tivesse medo de supostas forças cósmicas. A ciência estava pouco desenvolvida e muitos fenômenos, próprios da natureza, eram encarados como de origem divina. O trovão, por exemplo, era explicado como admoestação divina.
COM O PROGRESSO científico, os fenômenos físicos passam a ser entendidos na sua própria estrutura, não sendo mais necessário buscar, na divindade ou em outras forças cósmicas a explicação que se encontra na própria natureza. Conseqüência direta é desaparecer o medo frente a supostas forças cósmicas. O homem se protege com os recursos naturais. Não necessita apelar para soluções sobrenaturais.
NESSE contexto, é cada vez mais estranho o avanço da superstição. Superstição é o medo frente a fenômenos da natureza, ou confiar o próprio destino à proteção de imaginárias forças que emanam de seres, plantas ou objetos. Certas datas do calendário amedrontam a pessoa supersticiosa: “Agosto dá desgosto”, “sexta-feira 13 é um perigo”… Em outras palavras, a pessoa renuncia ao próprio destino e o confia a objetos e forças naturais.
HÁ QUEM se declare livre da superstição, mas tem medo de passar por debaixo de uma escada, deixar o sapato virado para cima e se espanta ao ver um gato preto. Defende-se com galhos de arruda, figas pendurados ao peito e despachos. Pior ainda, deixa de buscar em Deus a proteção para sua vida, para buscá-la na natureza, na leitura dos astros, constelações e zodíacos, através dos horóscopos. Deve-se, porém, respeitar as pessoas que acreditam nessas “forças”.
O HOMEM “cientifico” se ajoelha diante da magia que, teoricamente, repudia. Uma parte da explicação para o renascimento da magia, da bruxaria, deve ser buscada na diminuição da fé em Deus. Deus fez o homem senhor da natureza, deu-lhe a missão de dominá-la e o homem, sem Deus, passa a ser servo dominado por ela. Acontece a renúncia à própria competência do homem de explicar e dominar os fenômenos naturais.
CERTA VEZ um autor escreveu que o homem sempre crê em alguma coisa: ou crê em Deus, ou crê em bruxas. Quanto maior a fé, menor a superstição. O nosso auxilio vem de Deus, que fez o céu e a terra. O Salmo 26 nos garante: “O Senhor é minha luz e salvação: a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida: de quem terei medo?” (Sl 26,1)
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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