Bahia
Procissão da Irmandade da Boa Morte percorre ruas de Cachoeira acompanhada por devotos e turistas
O trajeto lembra e resgata a história das mulheres negras que lutaram pela libertação dos escravos.
15/08/2019 às 09h38, Por Rachel Pinto
Acorda Cidade
Centenas de pessoas acompanharam a procissão do enterro de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, na noite de quarta-feira (14). No segundo dia da Festa da Boa Morte, registrada como Patrimônio Imaterial da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), as atividades foram iniciadas com uma missa de corpo presente na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte.
Logo após a cerimônia, celebrada pelo padre Hélio Vilas Boas, devotos e turistas acompanharam as 32 irmãs em procissão pelas ruas de Cachoeira, num percurso de 2,5 quilômetros. O trajeto lembra e resgata a história das mulheres negras que lutaram pela libertação dos escravos.
Foto: Elói Corrêa/GOVBA
A Irmandade da Boa Morte tem origem no bairro da Barroquinha, em Salvador, mas, em função das perseguições que sofreu na capital, acabou se mudando para o Recôncavo Baiano. O movimento, que teve início por volta de 1810, virou uma tradição passada de mãe para filha. Com o decorrer do tempo e para não deixar a história se perder, a irmandade passou aceitar a participação de outras mulheres negras, a partir de 35 anos, e convidadas por outra integrante do grupo.
Entre as noviças está Gracy Moreira, bisneta de Tia Ciata, uma das fundadoras da irmandade e reconhecida internacionalmente por sua contribuição para o surgimento do samba carioca. Morando no Rio de Janeiro, Gracy acompanha a festa há mais de 30 anos e, no ano passado, foi convidada para integrar a irmandade. “É um legado que eu e todas as outras irmãs carregamos e que representa a força da mulher e de todas aquelas que vieram antes da gente. É um momento de glorificar a nossa história”, afirma.
Programação
A Festa da Boa Morte tem apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria do Turismo (Setur), e segue até o próximo sábado (17). Na sexta-feira (16) será servido o tradicional cozido na sede da irmandade. No sábado (17), um caruru também será oferecido aos visitantes.
Foto: Elói Corrêa/GOVBA
Segundo o organizador do evento, Jomar Lima, a Festa da Boa Morte conclui os rituais religiosos no final da manhã de quinta-feira. “Após a missa da assunção, as irmãs consideram o início da parte profana da festa, que é realizado sempre com um almoço oferecido à população e seguido por apresentação de samba de roda. Todos os anos fazemos um esforço na busca de apoio para a nossa festa, a exemplo do que conseguimos junto ao Governo do Estado e Prefeitura Municipal. Além disso, temos parceiros que querem fazer parte deste momento e nos ajudam a construir essa festa linda”, explica.
Na manhã desta quinta-feira (15) ocorre outro importante momento do rito religioso, quando elas deixam a Irmandade da Boa Morte e seguem em procissão para a missa solene de assunção de Nossa Senhora da Glória na igreja matriz de Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, é realizada uma valsa com a participação das irmãs e servida uma feijoada. No final do dia, começa o samba de roda.
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