Bahia

Jovem atingida no olho por bala de borracha durante confronto entre PMs e 'espadeiros' pode perder visão

Caso aconteceu na cidade de Senhor do Bonfim, onde guerra de espadas foi proibida pelo STF. Vítima não estava com grupo de espadeiros.

25/06/2019 às 16h24, Por Maylla Nunes

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A guerra de espadas no município foi proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas, mesmo com a decisão do ministro Luiz Fux, houve competição entre os espadeiros. No domingo (23), um grupo chegou a protestar contra ação da Polícia Militar, houve confronto e a situação acabou com pessoas feridas.

A jovem foi identificada como Fabíola de Jesus Cardoso. Ela foi levada para a cidade de Recife (PE), para o Hospital da Restauração. O laudo médico aponta que ela sofreu um trauma ocular, depois de ser atingida pelo disparo.

Os médicos ainda não sabem a extensão dos danos causados à visão de Fabíola. A estudante conta que está sentindo muitas dores e que não está enxergando com o olho esquerdo – que foi atingido – e o direito está muito sensível.

Fabíola conta que o grupo que ela tava não participava da guerra de espadas. "Não tinha ninguém levando espada. A única coisa que levamos foi instrumentos musicais para tocar. Quando chegamos no local, fomos recebidos com bombas de gás lacrimogêneo e também com bombas de borracha", lembra.

Fabíola é uma das vítimas da ação da polícia na cidade, no domingo. Outras pessoas que se machucaram durante o confronto chegaram a procurar a corregedoria da PM para formalizar denúncia de agressão contra os policiais que participaram da ação.

Entre as vítimas também estão um homem que foi ferido na cabeça e outro que foi atingido no tórax. Ele não quis se identificar, mas disse que uma amiga também foi ferida na ação. Ainda não há informações se a amiga dele é a vítima atingida no olho.

"Nas imediações da Receita Federa, fomos surpreendidos por policiais atirando bala de borracha e as bombas na gente. Nesse momento, eu fui atingido e minha amiga também foi atingida. É lamentável uma coisa dessa".

Confronto

O confronto aconteceu na noite de domingo (23) e várias pessoas ficaram feridas. Mesmo proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), 'guerras de espadas' foram registradas durante o São João da cidade de Senhor do Bonfim, na região norte da Bahia.

Após o confronto, quatro pessoas deram entradas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade: uma mulher ferida com um tiro de borracha, um homem com ferimento na cabeça resultado do conflito com os policiais e outras duas pessoas, uma que se queimou durante a guerra de espadas e outra que passou mal após inalação de fumaça.

Decisão do STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão de uma liminar que proibia a tradicional guerra de espadas na cidade de Senhor do Bonfim no dia 19 de junho. A medida foi tomada pelo ministro Luiz Fux.

No documento, ele repetiu uma decisão da ministra Carmen Lúcia, tomada em maio de 2018, que fala sobre o risco de morte dos praticantes da guerra de espadas.

O pedido de suspensão da liminar foi feito pela prefeitura da cidade, que alegou que a proibição prejudica a economia do município, porque implica diretamente na redução das receitas e na diminuição do turismo no período dos festejos juninos.

No entanto, a decisão do ministro Fux diz que há ausência de plausibilidade na alegação. A mesma avaliação já havia sido feita pela ministra Carmen Lúcia no ano passado.

No começo deste mês, a decisão de proibir a guerra de espadas já havia sido recomendada pelo Ministério Público Estadual da Bahia (MP-BA). A competição com fogos de artifício foi suspensa pelo terceiro ano seguido.

Proibição

Em 2003 foi instituído o Estatuto do Desarmamento e a proibição da guerra de espadas se baseou no Artigo 16, que trata da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Desde então, o Ministério Público acompanha a situação da guerra de espadas.

A partir de 2015, o órgão estadual expediu recomendações com restrições sobre as espadas. A proibição da tradicional "guerra de espadas" já havia sido determinada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em 2017, após ser considerado um pedido feito pelo MP-BA.

Já em 2018, o Ministério Público Estadual recomendou ao município de Senhor do Bonfim, que não promova ou coopere com a soltura da guerra de espadas, prática onde fogos de artifício, semelhantes a pequenos foguetes, são utilizados como espadas.

As cidades que recebem mais atenção são Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Sapeaçu, Muritiba, Cachoeira, Nazaré das Farinhas, Muniz Ferreira, São Felipe, São Félix, Castro Alves e Campo Formoso. Nestes lugares, a cultura da guerra de espadas é muito forte.

Fonte: G1

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