Saúde

Ginecologista tira dúvidas sobre endometriose; marcha neste sábado (30) busca conscientização da doença

O Acorda Cidade ouviu o médico ginecologista Francisco Mota que tirou dúvidas sobre a doença.

29/03/2019 às 07h14, Por Andrea Trindade

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Acorda Cidade

Um encontro de atualização médica com o tema endometriose, foi realizado em Feira de Santana, no último sábado (23), e no próximo sábado, às 9h, na Avenida Getúlio Vargas, será realizada uma marcha de conscientização da doença, a Endomarcha. Vinte cidades brasileiras terão a EndoMarcha, sendo em Feira de Santana o segundo ano do movimento, capitaneado por Layane Cedraz, que é mãe de seis filhos, psicóloga, digital influencer e portadora da endometriose. (Saiba mais aqui)

O Acorda Cidade ouviu o médico ginecologista Francisco Mota que tirou dúvidas sobre a doença.

Acorda Cidade – O que é a endometriose?

Médico Francisco Mota – O útero é dividido em três camadas: a de dentro, que é o endométrio; a que menstrua e descama quando a mulher sangra; a do meio que é o músculo biométrico, que é responsável pelas contrações quando a mulher está em trabalho de parto, e a camada de fora, uma camada mais fina, que recobre e é chamada de serosa. A endometriose é a presença do endométrio, que é a camada de dentro do útero, em outro local que não é o endométrio. Tem algumas teorias que explica isso. A teoria que nós mais usamos é a que o endométrio foi espalhado pro corpo ou pela menstruação retrodata, quando sangra e em torno de 10 % do sangue cai na cavidade abdominal pelas trompas (quando se tem trompa ligada não vai cair), mas através também do transporte sanguíneo ou linfáticos. Por exemplo, um caso muito raro, mas que foi relatado, é a endometriose pulmonar. Saiu do útero e foi parar no pulmão. É mais comum ficar na região pélvica, principalmente nos ovários, na frente e atrás do útero.

 

AC – Quais são os sintomas?
Médico Francisco Mota
– Basicamente, três sintomas: dor, dismenorreia (cólica) e infertilidade. O grande problema que nós temos é de que 30 a 40% das mulheres que têm, não apresentam sintomas. A endometriose é silenciosa. O tempo médio que se leva para ter o diagnóstico de endometriose é em torno de 7 anos, entre o início da doença e o aparecimento dos sintomas. Boa parte das vezes é descoberto quando uma paciente está tentando engravidar e não consegue. Aí vamos pesquisar e encontramos a endometriose. O que nós precisamos ter atenção é na parte de exames, principalmente na clínica. Sempre valorizar aquela paciente que tem cólica. Nem toda mulher que tem cólica tem endometriose, mas toda cólica precisa ser pesquisada.

 

AC – Existe ligação entre endometriose e mioma?
Médico Francisco Mota
– Não tem ligação, às vezes pode ocorrer das doenças coexistirem juntas. Mas não existe ligação.

 

AC – Feira de Santana tem muitos casos de endometriose?
Médico Francisco Mota –
Não é Feira de Santana, é o mundo. A prevalência de endometriose é de 10 a 15%. Temos que chamar mais a atenção naqueles casos de mulheres que tem mães e irmãs com casos de endometriose. Essas precisam ser pesquisadas.

 

AC – Qual é o tratamento de endometriose?
Médico Francisco Mota –
O tratamento hoje é basicamente clínico, com medicamentos. Há 20 anos quase todo paciente que tinha endometriose ia para a cirurgia, hoje percebe que não. O ideal é que se faça um tratamento clínico. De fato, às vezes há necessidade de cirurgia, mas são os casos mais graves.

 

AC – Tratamentos hormonais ajudam a tratar a endometriose?
Médico Francisco Mota –
Quase todo tratamento da endometriose se baseia em hormônios. Os medicamentos são a base de hormônios ou para o bloqueio da função hormonal ou para evitar que a doença progrida mesmo. O tratamento clínico vai ser sempre baseado em hormônio.

 

AC – A gravidez é dificultada para pacientes que tem endometriose?
Médico Francisco Mota –
A endometriose possui classificação a depender do acometimento do paciente. Basicamente vai ter 4 graus de classificação. As pacientes que tem endometriose inicial, que é mínima ou leve, possui pouca alteração e a paciente engravida, é considerada subfértil. As pacientes que possuem a doença moderada ou grave, são indicação de cara de infertilidade em vitro mesmo.

 

AC – O uso contínuo do anticoncepcional causa endometriose?
Médico Francisco Mota –
O uso contínuo do anticoncepcional é uma forma de se prevenir a endometriose. Quem utiliza o anticoncepcional de forma contínua, não está produzindo estrogênio no organismo dela, está de certa forma, evitando a menstruação, que é uma causa da endometriose.

 

AC – Quem tem endometriose tem sangramento repentino?
Médico Francisco Mota –
Existe outra forma de uma endometriose, que é chamada de adenomiose. Quando a mulher tem a endometriose no músculo do útero, isso é chamado de adenomiose. Causa muita dor e sangramento irregular e repentino.

 

AC – O que são pólipos no endométrio?
Médico Francisco Mota –
Pólipo é uma formação que pode acontecer no endométrio, eventualmente no colo do útero, incomum abaixo dos 40 anos de idade, mas que pode acontecer em mulheres de qualquer idade. Isso ocorre em pacientes perto da menopausa e necessariamente precisam ser retirados. São uma projeção anormal do endométrio. Raramente estão associados ao câncer.

 

AC – Quem tem endometriose e tem dificuldade de engravidar, corre risco de não engravidar mesmo com a fertilização em vitro?
Médico Francisco Mota
– Como aqueles casos de pacientes de leve e mínima subfértil, ela vai engravidar normalmente, nos casos mais graves há indicação de fertilização em vitro. Se ela vai engravidar ou não, não vai depender apenas da endometriose, mas de outros múltiplos fatores. A qualidade do óvulo, a idade da paciente, a qualidade do sêmen. Em medicina não existe nem zero, nem cem por cento.

 

AC – O que é fertilização em vitro?
Médico Francisco Mota –
É quando se retira o óvulo da mulher através de uma punção ovariana. É um processo cirúrgico, onde a paciente estará anestesiada, esse óvulo é colocado numa placa, traz o espermatozoide e faz a fecundação fora do corpo. 

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