Saúde

Frio e fumaça: médico explica doenças e alerta para cuidados durante o São João

Problemas como tosse seca, entupimento, coceiras e ardor nos olhos são comuns nesse período.

20/06/2018 às 11h23, Por Maylla Nunes

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Milena Brandão

Junto com as festas juninas, vem chegando o inverno. Para muitos, a combinação de frio e forró parece perfeita. Outras pessoas, no entanto, sofrem muito neste período. O frio e a fumaça (da fogueira e dos fogos) são fatores agravantes para quem tem problemas respiratórios.

Em entrevista ao programa Acorda Cidade, nesta quarta-feira (20), o médico otorrinolaringologista Marcelo Almeida falou sobre os problemas relacionados a essa época e alertou para os cuidados. Confira a seguir:

Acorda Cidade: O que pode acontecer quando há a combinação de frio e fumaça?

Marcelo Almeida: Há uma irritação da mucosa nas vias áreas, nariz, garganta e isso pode estimular, principalmente, para as pessoas que tem renite alérgica, os sintomas da alergia. As pessoas ficam mais entupidas, com secreção nasal, tosse e irritação na garganta.

AC: A fumaça provoca essa irritação?

MA: As pessoas que já são alérgicas, quando entram em contato com a fumaça, isso acaba provocando essas irritações na garganta, levando a esses sintomas de entupimento, espirros e tosse. 

AC: A fumaça que sai dos fogos de artifício também é prejudicial?

MA: Sim. Quem é alérgico sabe muito bem que quando você entra em um ambiente com fumaça ou cheiro forte – tem muita gente que não pode nem usar perfume no dia a dia – isso acaba provocando esses sintomas. 

AC: Quais são os problemas que frio e fumaça podem causar?

MA: Tosse seca e irritativa, entupimento no nariz, secreção, muita coceira, ardor nos olhos e falta de ar.

AC: Quais os cuidados que devemos ter durante o São João, então?

MA: Quem já é alérgico deve consultar seu médico e fazer o tratamento preventivo. Existem algumas medicações que já são utilizadas como prevenção para amenizar os sintomas. No local, procurar evitar o contato direto com fumaça. No caso de crianças, evitar fogos como chuvinhas, vulcões. Tomar bastante líquido, a água é hidratante e diminui a irritação na garganta. 

As crianças são mais suscetíveis, tem sintomas alérgicos e de infecção mais frequentes, então é preciso ter cuidado. 

AC: O barulho dos fogos causam danos aos ouvidos?

MA: Com certeza. É o trauma acústico. Se a pessoa solta uma bomba de São João muito próximo ao ouvido, isso pode danificar as células da audição, provocar o sintoma de zumbido e em alguns casos pode haver uma perda auditiva que é irreversível. Quando você tem traumas acústicos que afetam as células da audição, a gente não tem como recuperar. Se você observar, pessoas que trabalham em ambientes com muitos ruídos, como indústrias e aeroportos estão sempre com protetores, exatamente para evitar porque uma vez exposto a qualquer lesão, não há como recuperar. 

AC: Quais são as doenças mais frequentes nesse período de inverno?

MA: Os mais frequentes são a renite e sinusite. A renite alérgica é caracterizada pelo espirro e pelo entupimento. É uma doença perene, não tem cura mas tem tratamento. No caso da sinusite aguda, a mais comum, começa com um quadro de gripe e aquilo se transforma num catarro, acompanhado de dor de cabeça, mal cheiro no nariz, com secreção muito amarelada. A sinusite é um quadro de infecção e tem cura. 

AC: A gripe, normalmente, vem com dores na garganta também ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?

MA: Geralmente, a gripe provoca um mal estar geral e acaba tendo um irritação na garganta. A gripe, no geral, é provocada por vírus, há uma obstrução nasal, o nariz fica entupido, corisando.

AC: Por que o nariz entope?

MA: A mucosa do nariz inflama e acaba inchando. Os cornetos incham para melhorar a filtração do ar, durante esse processo, o nariz acaba ficando entupido. 

AC: Normalmente, algumas pessoas dormem bem pela noite e pela manhã levantam com o nariz corisando e espirrando. É um processo alérgico?

MA: Isso, geralmente, é um quadro de alergia. Ao levantar, você tem algumas alterações provocadas por alguns tipos de hormônios que levam à obstrução nasal e crise de espirro. É típico da renite alérgica.

AC: Resfriado e gripe: qual é a diferença?

MA: A gripe tem sintomas mais intensos, como o mal estar, febre, tosse. No caso do resfriado, é mais leve, só obstrução nasal e corisa.

AC: Quais são os principais problemas causados pela obstrução nasal?

MA: Se você tiver uma obstrução nasal a longo prazo, por exemplo, na minha área de atuação com crianças, isso traz uma série de consequências: alteração de arcada dentária, diminuição no crescimento, dificuldade para dormir, ronco – é importante os pais observarem isso porque a principal causa para o ronco da criança é a adenoide, conhecida como carne no nariz, que, se não tratada, prejudica o desenvolvimento da criança. 

Dúvidas de ouvintes:

Adenoide

A Adenoide é popularmente conhecida como carne no nariz, na parte de trás do nariz, em crianças. Não existe em adultos. Ela tem uma involução natural, na adolescência ela desaparece. Quando dificulta muito a respiração da criança, o tratamento é cirúrgico. 

Zumbido no ouvido

O zumbido no ouvido pode ter várias causas, um problema no próprio ouvido, um sinal de perda auditiva, exposição a ruídos e também repercussão de alguma doença sistêmica, à exemplo da pressão alta. A maior parte dos casos tem tratamento. 

Pouso do avião

Quando o avião está pousando, a pressão negativa faz um vácuo dentro do ouvido. Isso acontece em um canal que vai do nariz ao ouvido, chamado de tuba auditiva, que leva o ar para dentro do ouvido. No momento do pouso, há a sensação de pressão dentro desse canal. O tratamento deve ser feito antes para tentar deixar o nariz desobstruído e, assim, o ar circule do nariz para o ouvido. Orientações como mascar chiclete ajudam nesse processo. 

Se você tiver gripado ou com secreção nasal, as chances de sentir os incômodos durante o pouso são bem maiores. 

Algumas pessoas tem consequências maiores nessas situações como a perfuração do tímpano. Mas a situação é reversível. O tratamento é clínico.
 

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