Greve

Trabalhadores dos Correios de Feira de Santana são contra fechamento de agências e pedem melhores condições de trabalho

Os representantes da categoria destacam que o movimento também pede melhorias nos serviço dos Correios para que a empresa não seja privatizada.

12/03/2018 às 14h34, Por Andrea Trindade

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Andrea Trindade

Contra a possibilidade de fechamento de agências e em busca de melhores condições de trabalho e contratação de mais funcionários, servidores dos Correios entraram em greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (12).

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), os trabalhadores também são contra mudanças no plano de saúde da empresa, que prevêem o pagamento das mensalidades pelos funcionários e a retirada de dependentes dos contratos. Eles também querem reajuste salarial e melhorias no serviço prestado pela empresa à população.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o diretor do Sincotelba, sindicato que representa a categoria em Feira de Santana, Everton Brito, informou que existe a possibilidade de fechamento de duas das quatro agências existentes na cidade. Uma está localizada na Avenida Senhor dos Passos e outra no Boulevard Shopping.

“Essa greve é uma luta verdadeira pela qualidade do serviço em Feira e região e pelos direitos adquiridos aos carteiros. Todos os setores aderiram a greve desde os atendentes e setor de encomendas aos carteiros. O plano de saúde é o maior atrativo hoje, já que o salário dos Correios é o mais baixo dentre os salários de ordem federal; queremos contratações imediatas. Feira precisa de uma média de 30 a 38 carteiros para suprir a necessidade da cidade, e cerca de 1.100 aprovados no concurso de 2011 aguardam ser chamados.

Entregas de correspondências

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Everton disse ao Acorda Cidade que podem ser fechadas as agências com menor rendimento e aquelas localizadas próximas a agências maiores. Ele disse também que apesar da greve há carteiros fazendo entregas.

“Há um novo processo da empresa que é o de agência sombreada – que é aquela próximo a outra agência, a 7km – e aquela que der o menor rendimento será fechada. É uma determinação da empresa. Todos os setores estão funcionando, mas com deficiência. Tem uma lei que determina que 30% do efetivo esteja trabalhando. A adesão aqui em Feira é de média de 40%”.

Os representantes da categoria também destacam que o movimento pede melhorias nos serviço dos Correios para que a empresa não seja privatizada.

Por meio de nota, os Correios informaram que a empresa está passando por uma crise financeira e que a greve está relacionada, essencialmente, às discussões sobre o custeio do plano de saúde.

Nota dos Correios sobre a paralisação de empregados

Os Correios vêm a público prestar esclarecimentos à sociedade sobre a paralisação de empregados que está ocorrendo nesta segunda-feira (12). Mesmo reconhecendo que a greve é um direito do trabalhador, a empresa entende o movimento atual como injustificado e ilegal, pois não houve descumprimento de qualquer cláusula do acordo coletivo de trabalho da categoria.

Com o objetivo de ganhar a opinião pública, as representações dos trabalhadores divulgaram uma extensa pauta de reivindicações que nada têm a ver com o verdadeiro motivo da paralisação de hoje: a mudança na forma de custeio do plano de saúde da categoria.

O movimento está relacionado, essencialmente, às discussões sobre o custeio do plano de saúde da empresa, que atualmente contempla, além dos empregados, dependentes e cônjuges, também pais e mães dos titulares. O assunto foi discutido exaustivamente com as representações dos trabalhadores desde outubro de 2016, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho, que apresentou proposta aceita pelos Correios mas recusada pelas representações dos trabalhadores. Após diversas tentativas de acordo sem sucesso, a empresa se viu obrigada a ingressar com pedido de julgamento no TST.

Para se ter uma ideia, hoje os custos do plano de saúde dos trabalhadores representam 10% do faturamento dos Correios, ou seja, uma despesa da ordem de R$ 1,8 bilhão ao ano.

No momento, a empresa aguarda uma decisão por parte daquele tribunal. A audiência está marcada para a tarde de hoje.

Crise financeira – Conforme amplamente divulgado pelos meios de comunicação, os Correios enfrentam uma grave crise financeira, fruto da queda expressiva do volume de correspondências, objeto de monopólio, e da falta de investimentos em novos negócios, nos últimos anos, que garantissem não só a competitividade, mas também a sustentabilidade da empresa. Estes, dentre outros fatores, vêm repercutindo nas contas dos Correios e, neste momento, um movimento dessa natureza serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada da estatal e, consequentemente, de seus empregados.

Serviço – A paralisação parcial, iniciada nesta segunda-feira (12) por alguns sindicatos da categoria, ainda não tem reflexos nos serviços de atendimento dos Correios. Até o momento, todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram ao movimento, estão abertas e todos os serviços estão disponíveis.

Neste fim de semana (10 e 11), os Correios já colocaram em prática seu Plano de Continuidade de Negócios, de forma preventiva, para minimizar os impactos à população. Até o momento, a paralisação está concentrada na área de distribuição — levantamento parcial realizado na manhã de hoje mostra que 87,15% do efetivo total dos Correios no Brasil está presente e trabalhando — o que corresponde a 92.212 empregados, número apurado por meio de sistema eletrônico de presença. Na Bahia, 88,11% do efetivo está presente e trabalhando – o que corresponde a 4.432 empregados.

 

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
 

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