Micareta

Extinção de blocos enfraqueceu a Micareta de Feira, diz empresário

O empresário Erivaldo Cruz afirmou que encara a mudança como natural

Micareta de Feira
Foto: Arquivo Pessoal

Todos os anos, após o tradicional Carnaval de Salvador, um assunto toma conta das rodas de conversa em Feira de Santana: como será a próxima Micareta? Outro comportamento também comum é encontrar quem afirme estar desagradado com a programação assim que ela é divulgada.

Micareta de Feira
Foto: Arquivo Pessoal

Para os mais saudosistas, ou por que não, pessimistas, a Micareta de Feira é uma sombra modesta do que a festa já foi no passado: o maior carnaval fora de época do país. Mas será que a festa está realmente “mais fraca” como muitas pessoas afirmam? Para desvendar o mistério micaretesco, o Acorda Cidade resolveu conversar com quem entende do assunto.

O empresário Erivaldo Cruz, que acompanhou de perto a evolução da festa e foi coordenador de diversos blocos nos tempos de ouro da Micareta, afirmou que encara a mudança como natural e reconhece que o enfraquecimento da festa está diretamente ligado à extinção dos blocos.

Erivaldo Cruz
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Era uma Micareta diferente, numa avenida menor, mais apertada, tinha aquela sensação de ir e voltar, encontros de trios, disputa de som, disputa de blocos. Qual era o bloco mais animado? Qual era o bloco mais bonito? É uma história interessante porque a gente fazia isso de uma forma bastante prazerosa. A disputa dos blocos de micareta era como se fossem disputas de torcidas de times de futebol, cada um tinha o seu”, disse Erivaldo.

Enfraquecimento geral

Cruz explicou que, por conta do aumento dos custos para execução e da mudança de comportamento do próprio folião, os blocos foram enfraquecendo e deixando de ser comercialmente viáveis. Com a extinção de blocos tradicionais como Auê, Energia, Armação, Bafo de Baco, A Tribo e o Bloco dos Amigos, a festa foi afetada diretamente.

“Os blocos é que colocavam as grandes atrações na Micareta. Feira de Santana tinha 10 blocos e todos colocavam banda na rua. A prefeitura não tinha custo, hoje ela tem que bancar tudo, então eu acho que gerou um impacto maior na parte financeira, inclusive, para a prefeitura, porque tem que bancar todas as atrações e não tem mais esse aporte que os blocos davam”.

Grandes divulgadores

Outro ponto levantado pelo empresário é que, sem os blocos tradicionais, a Micareta de Feira acabou perdendo também grandes parceiros para a divulgação do próprio evento, uma vez que havia blocos que começavam a divulgar a festa antes mesmo dela ser confirmada.

Micareta de Feira
Foto: Arquivo Pessoal

“Nós tínhamos dez blocos divulgando a Micareta durante seis meses, agora não tem ninguém divulgando, a não ser a prefeitura, que faz a divulgação dela, e eu acredito que de forma correta, porque o dinheiro é público e toda divulgação é paga. Então a prefeitura faz hoje as campanhas de outdoor, televisão, nas rádios, mas é uma coisa muito superficial e curta. Os blocos não, os blocos fariam a divulgação durante seis meses antes”.

Micareta de Feira
Foto: Arquivo Pessoal

Erivaldo atribui outro efeito negativo à ausência de blocos tradicionais na avenida: a falta de interesse em participar da folia. Para o empresário, a festa perdeu a influência sobre o povo e os jovens, que antes sentiam prazer em ter um bloco para chamar de seu, hoje não têm mais esse incentivo.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Daniela Cardoso

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