Vereador lamenta caso de injúria racial, mas afirma acreditar na suposta agressora; parlamentar é presidente do Sindicato da PRF

Nesta segunda-feira (6), o vereador e presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais da Bahia, Silvio Dias, pronunciou-se sobre o crime de injúria racial ocorrido na manhã do último domingo (5) em Feira de Santana, durante um evento esportivo no Sesi. O caso, que gerou grande repercussão, envolveu o capitão da Polícia Militar (PM) Leandro Muniz, que alega ter sido vítima de racismo e agressão, e uma inspetora da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Michele Alencar, suposta agressora.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o vereador lamentou o ocorrido e declarou que o episódio se tratou de uma desavença pessoal, e não de um conflito institucional entre as forças de segurança.

Dias fez questão de frisar que, para ele, o ocorrido não pode ser visto como um embate entre corporações, e mencionou que os vídeos que circulam na internet mostram a agente tentando acalmar a situação.

“Não houve conflito de instituições. Na verdade, nenhum dos dois utilizou-se do cargo para dizer, eu sou policial ou não sou policial. Houve uma desavença que culminou em uma briga generalizada, e o que os vídeos mostram é essa briga generalizada, envolvendo várias pessoas, e se vê a colega, inclusive, tentando apaziguar a situação, acalmar ânimos.”

Versão da policial e apoio do sindicato

O presidente do sindicato defendeu a versão da inspetora Michele Alencar, que nega veementemente ter cometido injúria racial, embora admita que houve agressões verbais. Ele ainda citou o histórico profissional e familiar da policial como elementos que comprovam sua conduta.

“Ela relata que não houve a fala de racismo, houve, sim, agressões verbais, mas não nada relacionado ao racismo. É o que, inclusive, o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais e a instituição como um todo, repudia. E, pelo histórico da colega, tanto no âmbito profissional como no âmbito familiar, uma pessoa que tem uma conduta sempre ligada às questões restritas ao direito, à legalidade, nós acreditamos na palavra dela e vamos dar todo o apoio necessário.“

O presidente do Sindicato informou que a inspetora, por ser uma policial rodoviária federal, estava custodiada no posto da PRF e seria levada para a audiência de custódia na manhã desta segunda-feira (6). Vale lembrar que o crime de injúria racial é inafiançável e imprescritível no Brasil desde que a Lei nº 14.523/2023 entrou em vigor. A Constituição Federal equiparou a má ação ao crime de racismo. Isso significa que não é possível pagar fiança para um agressor que cometeu injúria racial ou racismo. 

Ainda segundo Silvio, a polícia deve ouvir testemunhas sobre o ocorrido para explicar o que aconteceu antes e durante a briga generalizada. Durante a entrevista, o parlamentar disse que a mulher não quis se pronunciar à imprensa sobre o crime. 

“Ela contesta essa versão, e agora, óbvio, dentro do processo, vão ser esclarecidos todos os fatos com a oitiva, inclusive, de testemunhas, que são quem vão esclarecer pessoas que não estão ligadas diretamente ao fato de não esclarecer o que ocorreu. Nesse momento, o que nós temos conhecimento é que foram ouvidas pessoas que estavam diretamente ligadas aos fatos.”

Ele também descreveu o que a policial rodoviária federal relatou sobre o início da confusão.

“Durante o jogo, as pessoas costumam ficar em pé e nesse de ficar à frente do outro, o clima aqueceu e gerou, então, a confusão, as vias de fato. Mas, a todo momento, ela nega o fato de ter dito palavras de cunho racista. Há, sim, agressões verbais que culminaram nas agressões físicas, principalmente por terceiros. É o que se vê no vídeo, não há da parte dela, visivelmente no vídeo, algo que demonstre algum tipo de agressão. Há uma confusão generalizada, mas ela nega, obviamente, que tenha dito ou falado qualquer frase de cunho racista”, afirmou ao Acorda Cidade. 

O presidente ainda reiterou a boa conduta da filiada e lamentou a proporção que as ações tomaram. Para ele, o desrespeito também faz parte de um “momento em que a sociedade vive de muito estresse, vivendo no limite.”

“Reiterar que a PFR e os sindicatos policiais não compactuam com nenhuma situação de racismo. Também reiterar que a colega tem uma conduta tanto profissional como familiar, como mãe de família, uma conduta inabalada, uma conduta que requer, na verdade, que seja dito que ela é uma pessoa de uma boa conduta, tanto no âmbito profissional como familiar. E agora, no processo penal, vamos aguardar que sejam esclarecidos com a oitivas das pessoas que estavam presentes no local.”

Acidente envolvendo ex-vereador Paulão do Caldeirão

Silvio Dias também comentou sobre o acidente ocorrido na noite do último domingo (5), envolvendo o ex-vereador Josse Paulo Pereira Barbosa, conhecido como Paulão do Caldeirão. O ex-parlamentar foi autuado em flagrante após se envolver em um grave acidente de trânsito que resultou na morte de uma pessoa e deixou outra ferida em Feira de Santana. 

Segundo informações, o vereador se recusou a realizar o teste do bafômetro e que, segundo relatos de testemunhas, apresentava sinais de embriaguez. O acidente aconteceu na marginal da Avenida Eduardo Fróes da Mota (Anel de Contorno), nas proximidades da Avenida Artêmia Pires, no bairro SIM.

“É um fato onde primeiro a gente tem que transmitir os nossos sentimentos aos familiares da vítima (que morreu) e da vítima que encontra-se hospitalizada, trazer para a família todo o apoio necessário. Eu entendo que é um fato grave que ocorreu, mas que sejam apurados e dado direito de defesa ao ex-vereador, mas principalmente que sejam transmitidas e dado todo o apoio à família daquela pessoa que faleceu no acidente, que com certeza está sofrendo muito neste momento com a perda do seu ente querido e aquele que está no hospital também ter toda a atenção devida”, comentou.

Veja o vídeo da confusão:

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