A Neoenergia Coelba realizou o 2º Fórum Desafios Climáticos na Bahia, em Feira de Santana, com o objetivo de promover um debate qualificado sobre a influência das mudanças climáticas no fornecimento de energia na Princesa do Sertão.
O fórum ocorreu nesta quinta-feira (9) e contou com a participação de autoridades, especialistas e representantes de instituições como a Defesa Civil, além de um dos grandes destaques do dia: a presença do meteorologista Vitor Hassan, da Climatempo, que apresentou uma análise exclusiva sobre as condições climáticas previstas para Feira de Santana e para o estado da Bahia.
Ao Acorda Cidade, o gerente da Neoenergia Coelba, Thiago Martins, detalhou os objetivos do evento, focado na preparação para o verão.
“O verão é um período em que as atividades climáticas apresentam mudanças significativas. Em alguns momentos, há fortes chuvas, ventos e descargas atmosféricas, que impactam, em certa medida, as redes elétricas e o fornecimento de energia. Por isso, hoje estamos aqui com representantes da Climatempo e de várias instituições, numa integração, apresentando todo o nosso planejamento para esse período.”
O planejamento da empresa para o período considerado mais crítico do ano inclui ações preventivas, investimentos em infraestrutura e segurança, além do reforço das equipes técnicas. Em relação ao Plano de Contingência, ele explicou que o procedimento é estruturado antes mesmo da ocorrência dos eventos climáticos.
“Na Neoenergia Coelba, o planejamento começa pela segurança. Compartilhamos nossas campanhas voltadas à sociedade e aos colaboradores, além de mostrar todos os investimentos realizados: novas linhas, subestações, alimentadores e circuitos que abastecem as cidades, além de toda a parte de manutenção.”
O Plano de Contingência da Coelba prevê um investimento superior a R$ 13 bilhões entre 2024 e 2027 em toda a Bahia, com R$ 5 bilhões já aplicados até o primeiro semestre de 2025.
“Em caso de contingência maior, inclusive, podemos trazer equipes de outros estados. Somente em 2025, já renovamos 500 veículos — o que representa 25% da nossa frota própria, além dos terceirizados. Estamos modernizando nossos veículos e equipando melhor as equipes com ferramentas e tecnologia para uma performance ainda melhor durante esse período.”
O gerente da Coelba também alertou sobre os principais riscos para a rede elétrica durante o verão: ventos fortes, tempestades que podem provocar queda de árvores e o lançamento de objetos, como lonas, outdoors, além de pipas. As descargas atmosféricas também estão entre os principais ofensores. Para diminuir esses problemas, a Coelba investe na automatização da rede e em equipamentos mais resilientes, buscando restabelecer o serviço o mais rápido possível.
Projeção climática para a Bahia
Vitor Hassan, da Climatempo, detalhou o cenário meteorológico e explicou que o Nordeste, incluindo a Bahia, deve sentir os efeitos de uma possível La Niña fraca nos próximos meses.
“A La Niña traz um ambiente um pouco mais úmido para toda a região Nordeste, e para a Bahia não será diferente. Devemos ter calor intenso até aproximadamente o fim de dezembro. Janeiro será um mês de transição, com chuvas um pouco mais fortes e irregulares.”
Hassan projetou que o pico de temperatura ocorrerá em dezembro. A partir daí, as temperaturas máximas tendem a diminuir gradualmente, com chuvas mais regulares a partir de fevereiro e março, especialmente no litoral do estado. Mesmo com as chuvas, o calor típico da região continuará presente.
O especialista apontou que as chuvas mais constantes a partir de fevereiro serão causadas pelos chamados “corredores de umidade”, as conhecidas ZACAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), que podem provocar alagamentos e impactar a logística e os serviços. São as famosas chuvas de verão, geralmente com grande volume de água e ventania no fim da tarde.
“Esses corredores têm a característica de atuar por, no mínimo, sete dias, com chuvas mais regulares. Isso pode ocasionar, na prática, mais alagamentos em algumas regiões da Bahia.”
Hassan também comentou sobre as mudanças climáticas em escala global, destacando a dificuldade em atingir as metas do Acordo de Paris.
“Em 2015, foi firmado o Acordo de Paris, com a meta de manter a temperatura média global abaixo de 1,5 grau. No entanto, isso não foi alcançado. Só no ano passado, ultrapassamos esse limite várias vezes, e em 2025 já o ultrapassamos novamente.”
Na opinião do especialista, o grande desafio é a adaptação às mudanças climáticas, que já são uma realidade no Brasil e no mundo. Ele reforçou a importância de fóruns como esse, especialmente realizados no interior do estado.
“O mais importante é ter uma empresa que pensa com antecedência nos impactos do clima no verão, garantindo o bom funcionamento de todo o ecossistema de entrega de energia.”
Gato: combate ao furto de energia
Thiago Martins também abordou o combate ao furto de energia em Feira de Santana, prática considerada crime. Segundo o gerente, a Coelba mantém mais de 250 equipes dedicadas exclusivamente à fiscalização e combate a esse tipo de ocorrência. Em agosto, durante cinco dias, a empresa retirou mais de 13 toneladas de cabos irregulares em 12 cidades baianas por meio da Operação Gatonet.
“Toda pessoa que consome energia clandestinamente utiliza uma rede que não é dimensionada para isso, pois não é um cliente que conhecemos. Isso pode provocar sobrecarga e curto-circuito na rede elétrica.”
A empresa atua com ações de conscientização e inspeções, muitas vezes em parceria com a polícia, visando evitar danos à rede e, principalmente, garantir a segurança da população.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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