A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Estadual de Feira de Santana é um importante equipamento de saúde pública que funciona 24 horas por dia, oferecendo atendimento de urgência e emergência à população. Para explicar como a unidade funciona, sua estrutura, os desafios enfrentados diariamente e como a população pode utilizar os serviços de forma adequada, o médico Dr. José Luiz e a enfermeira Emanuelle Cunha, profissionais que atuam na linha de frente da unidade, participaram de uma entrevista na manhã desta segunda-feira (14) no programa Acorda Cidade.
O médico José Luiz, diretor da UPA Estadual, que fica ao lado do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), informou que a UPA é administrada por uma empresa terceirizada, financiada pelo estado. Segundo ele, trata-se de uma UPA tipo 3, com capacidade para atender cerca de 300 mil habitantes.
“É uma UPA que conta com diversas especialidades. Temos quatro médicos clínicos, pediatra, ortopedista e um cirurgião. Além disso, oferecemos 14 leitos de enfermaria, 4 leitos de sala vermelha e 6 leitos pediátricos. A unidade também dispõe de exames laboratoriais, raio-x e ultrassom, disponíveis 24 horas”, explicou.
Diferenças de atendimentos nas unidades de saúde
O diretor destacou que cada unidade de saúde possui um papel específico e deve atender seu público específico. Ele reforçou que essa organização é fundamental para melhorar os atendimentos.
“Existem UBSs [Unidades Básicas de Saúde], UPAs e hospitais de alta complexidade. Cada um tem uma função. A UPA é o local adequado para casos como desmaios, crises convulsivas, problemas respiratórios, dor no peito, complicações cardiológicas, dor abdominal intensa ou gestantes com dor. Já as UBSs são indicadas para sintomas gripais, infecção urinária, suspeita de dengue, pacientes crônicos ou crianças com febre baixa (37°C-38°C). É importante a população entender qual unidade procurar conforme os sintomas”, explicou.
Ainda de acordo com José Luiz, Feira de Santana possui uma boa distribuição de unidades de saúde, com UBSs ou policlínicas em praticamente todos os bairros. Ele afirmou que a população precisa ser orientada para buscar o atendimento correto e, assim, otimizar os serviços de saúde disponíveis.
Jornada do paciente
A enfermeira Emanuelle Cunha, gerente operacional de enfermagem da UPA Estadual, explicou como é a jornada dos pacientes que procuram atendimento na unidade e detalhou o funcionamento da classificação de risco.
“Quando o paciente chega à unidade, passa pela recepção para o registro da ficha. Depois, pelo acolhimento, que funciona 24 horas, e ele é submetido à classificação de risco. Nosso objetivo é garantir equidade no atendimento, priorizando aqueles com maior gravidade. São três cores de classificação: vermelho, amarelo e verde. Após o atendimento médico, o profissional define a conduta e, se necessário, o paciente pode ser internado.”
As classificações de risco são as seguintes:
- Vermelho: paciente crítico, com atendimento imediato.
- Amarelo: paciente urgente, sem risco de morte, mas que requer atenção.
- Verde: paciente com sintomas leves.
Emanuelle destacou que a maior quantidade de pacientes que buscam a UPA se enquadra na classificação ‘verde’, o que contribui para a superlotação do local.
Superlotação na UPA
Um dos grandes desafios enfrentados pela unidade é a superlotação. De acordo com a enfermeira, a UPA tem 18 leitos, mas atualmente abriga 46 pacientes internados, representando uma taxa de ocupação de 260%.
“Isso está muito além de nossa capacidade. Esses pacientes acabam permanecendo em poltronas. Estamos sempre buscando otimizar os recursos e espaços. Conseguimos instalar um ambiente com 15 poltronas, mas mesmo assim continuamos enfrentando superlotação”, comentou.
Apesar das dificuldades, Emanuelle afirmou que estratégias são desenvolvidas para melhorar o atendimento, como a criação de consultórios específicos para pacientes classificados como ‘verde’, com médicos e medicamentos que agilizam os atendimentos. Além disso, pesquisas de satisfação têm sido realizadas para aprimorar o serviço.
“Mesmo com a superlotação, conseguimos obter uma avaliação positiva de 92% a 95% dos pacientes e acompanhantes. Isso porque, apesar das limitações físicas, conseguimos resolver os problemas de quem chega. Eles entram com dor e recebem a medicação necessária. Entretanto, cerca de 40% dos pacientes que atendemos passaram por outras UPAs ou policlínicas, mas foram orientados a buscar a UPA Estadual, o que contribui para a superlotação”, explicou.
O médico José Luiz reconheceu os desafios enfrentados pela unidade e ressaltou a importância de orientar a população sobre o funcionamento do sistema de saúde.
“Nossa unidade está sempre à disposição. Quando não é possível atender de imediato, orientamos as pessoas a aguardarem ou a procurarem outra unidade de saúde. É essencial que a população cobre a atenção básica para ser atendida em UBSs ou policlínicas, pois isso desafoga as UPAs para casos realmente urgentes. O papel da UPA é socorrer quem precisa de urgência”, enfatizou.
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