36 anos de saudade

Tradicional missa celebra os 36 anos de falecimento de Luiz Gonzaga em Feira de Santana

A celebração em homenagem a Gonzaga foi presidida pelo padre Júlio Santa Bárbara, no Santuário Senhor dos Passos.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A tradicional missa em homenagem ao eterno Rei do Baião, Luiz Gonzaga, falecido há exatos 36 anos, foi realizada na manhã desta segunda-feira (4), no Santuário Senhor dos Passos, em Feira de Santana. A celebração, que une fé e cultura, reuniu forrozeiros, artistas, religiosos e admiradores da música nordestina. Embora a data oficial da morte de Luiz Gonzaga seja 2 de agosto, este ano a missa foi transferida para o dia 4.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A celebração foi presidida pelo padre Júlio Santa Bárbara, pároco do Santuário. Ao Acorda Cidade, ele destacou que esta é a terceira vez que preside a cerimônia, que acontece anualmente desde o falecimento do artista, em 1989. Segundo o padre, no trigésimo dia após a morte do cantor, um grupo de cristãos pediu ao Frei Félix uma missa pela alma do forrozeiro, e até hoje a tradição se mantém.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Essa missa expressa esse grande casamento entre fé e cultura, entre fé e realidade da nossa gente, do nosso povo, fé e realidade social. Então, queremos trazer para a Eucaristia, para esse grande ato espiritual, litúrgico, a memória de um grande homem, de um grande artista, de alguém que só fez bem ao nosso povo brasileiro e nordestino”, disse o padre.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A homenagem foi idealizada pelo cantor e compositor J Sobrinho, que há décadas mantém viva a memória de Gonzagão por meio de celebrações religiosas e manifestações culturais. O momento só não aconteceu durante três anos, no período da pandemia da covid-19.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Forrozeiro J Sobrinho | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A saudade é maior do que 36 anos. A falta que ele nos faz também, e a cultura é bem maior. Nós estamos vivenciando hoje coisas que na época dele não existiam. E ele inclusive, ainda no início da década de 80, denunciou praticamente, reclamando o porquê das músicas dele, no estado dele, estarem sendo rodadas de forma mínima”, relembrou Sobrinho.

Ele também ressaltou a importância de manter viva a tradição junina, que, segundo ele, já estava sendo descaracterizada enquanto Luiz Gonzaga ainda era vivo.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A descaracterização dos festejos juninos começou ainda com Luiz Gonzaga vivo. Imagina aí se Luiz Gonzaga estivesse vivo. Porque ele falecido ainda é essa força, ainda é a maior referência cultural, não apenas do Nordeste. Quantos cantores, compositores da música popular brasileira, que não é forró, que não é nordestina, se inspiraram?”, desabafou.

Este ano, por questões logísticas, o tradicional quadro gigante de Luiz Gonzaga não pôde ser levado à missa. Mas, imagens de Padre Cícero, Frei Damião e Chico Mendes, todos homenageados por Gonzaga em vida, estiveram presentes para abrilhantar o momento, assim como suas relíquias, os discos.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Quem também marcou presença foi o forrozeiro da nova geração Carlos Matheus, coordenador do Fórum Nacional do Forró de Raiz em Feira de Santana e integrante da banda Bambas do Nordeste, que este ano completa 50 anos sob o comando de Baio do Acordeon.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Carlos Matheus | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Sou afiliado de Baio [forrozeiro], então venho com essas raízes nordestinas dentro de casa. Meu avô também era paraibano, minha avó também é da cidade de Valente, por parte de pai, minha outra avó é da terra do couro, ali de Ipirá. Então, é uma junção de culturas que fez com que minha mente voltasse realmente para as nossas tradições juninas.”

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Baio do Acordeon | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, Matheus destacou a música “A Vida do Viajante” como sua favorita do Gonzagão, justamente, por trazer a essência da vida na estrada.

“Dentre todas as músicas, é a que realmente retrata o cenário do artista. Faz a gente viajar nas estradas e pensar realmente em toda essa cultura e toda essa musicalidade.”

Durante a homenagem, os fiéis também foram presenteados com a participação de diversos músicos locais. Entre eles, o sanfoneiro Janderson do Acordeon, que tocou uma sanfona italiana da década de 1950.

Missa em homenagem a Luiz Gonzaga em Feira de Santana
Janderson do Acordeon | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Janderson é luthier, artesão especializado na construção, reparação e ajuste de instrumentos musicais. Ele explicou que uma sanfona pode levar até 30 dias para ser afinada. O artista também reforçou a importância do Rei do Baião.

“Eu acho Luiz Gonzaga o maior representante do nosso Nordeste, entendeu? Você vê que antes dele, uma forma de falar, só tinha mato, não tinha Roberto Carlos, não tinha Elis, não tinha ninguém. Até nosso próprio mercado fonográfico, foi Luiz Gonzaga que iniciou tudo. E iniciou falando da gente, do nosso Nordeste. Então, para mim, é motivo de alegria tocar aqui na missa, relembrando os 36 anos. É importante dar continuidade a um trabalho do Luiz Gonzaga”, disse.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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