Com muita música, ancestralidade e alegria popular, o bairro Tomba, em Feira de Santana, celebrou nesta quarta-feira (2) a Independência do Brasil na Bahia. O tradicional desfile cultural, que há décadas acontece na comunidade, arrastou moradores, visitantes e representantes culturais pelas ruas.
Há quatro décadas, o locutor Geo Lima se dedica à organização do evento. Ao Acorda Cidade, ele relembrou com carinho a origem dessa manifestação popular.
“Foi criada por Dona Benta Machado, líder religiosa conhecida como Dona Loló, e os vaqueiros Thiago e Antônio Bodeiro. Inclusive o Antônio esteve aqui, foi um momento emocionante. Mas é a festa do bairro, que agrega todo mundo: baianas, vaqueiros, os populares. Enfim, é uma festa tradicional que apresenta os caboclos, com grandes atrações como acontece todo ano. É uma festa maravilhosa, como acontece todos os anos, de paz e harmonia, que é o que o Tomba é”, contou em entrevista.
Manter viva essa tradição não é tarefa simples. Geolima explica que a continuidade da celebração depende do apoio de amigos e da comunidade, além da colaboração da Prefeitura.
“Desde quando Dona Benta Machado morreu, eu venho segurando a onda. Corro atrás de amigos, que me ajuda, e hoje a Prefeitura também dá um apoio muito importante, só vem agregar. A festa tem crescido bastante. É um sucesso. O comércio hé aberto e o povo está aqui uma hora dessa para participar da festa”, acrescentou.
Flor de Ijexá: mais de 40 décadas de resistência e ancestralidade
Entre os destaques da programação, o bloco afro Flor de Ijexá, com mais de 40 anos de existência, mais uma vez levou sua força e identidade para as ruas com o também tradicional Arrastão.
Valmir da Silva Rocha, fundador do bloco, destacou o envolvimento direto da comunidade na manutenção da tradição.
“Tem 45 anos de existência na avenida e 2 de Julho participando 100% com a ajuda da comunidade. Hoje a comunidade não vive mais sem essa tradição. Todo mundo chega junto, ajuda, patrocina.”
Ele explicou que o grupo é formado por cerca de 200 integrantes, mesmo com uma pequena pausa no passado. “Eu tenho 45 anos de Flor de Ijexá. Todo mundo nesse clima de alegria.”
Outra integrante, há 42 anos no Flor de Ijexá, também celebrou a continuidade da manifestação cultural. “É um momento muito feliz. Estamos agradecidos por ainda existir o bloco que quer reavivar nossa memória. Além de ser uma data muito importante, vamos valorizar. Só não participei por motivos de saúde e durante a pandemia, dei uma paradinha, mas voltei com força total”, disse ao Acorda Cidade.
Alegria nas ruas movimenta a economia
Com muita cultura e tradição, a festa também movimentou a economia local. Com mais de 55 mil moradores, o Tomba é o bairro mais populoso da cidade. Localizado na zona sul, destaca-se pelo comércio, indústrias e movimento intenso que não para.
Indiana de Souza, moradora do bairro e vendedora ambulante, aproveitou a data para trabalhar e festejar com a família.
“Sempre participo. No 2 de Julho eu estou colada. O ambiente, o policiamento. Todo mundo respeitando o espaço e está ok. As bandas estão maravilhosas. A melhor atração pra mim é Fábio Aquino até agora, teve banda de forró mais cedo e sossegado.”
Vendendo cerveja, espetinho e milho, ela também falou do impacto positivo da festa para os trabalhadores informais do bairro que carregam a alegria e a perseverança do povo da região.
“O movimento está gostoso, aconchegante. A família toda trabalhando. É tradição de família. A gente trabalha, mas também curte. Gera emprego para gente que é ambulante. Esse ano o movimento está melhor que o do ano passado. Vendeu mais”, completou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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