Em alusão ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, o Colégio Estadual Professora Carminda Mendonça Vieira, em Feira de Santana, recebeu nesta terça-feira (2), uma palestra sobre os impactos das redes sociais na saúde mental dos adolescentes.
Organizado pela Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da OAB Subseção Feira de Santana, em parceria com a Ronda Escolar da Polícia Militar da Bahia (PMBA), o evento buscou sensibilizar os alunos sobre a importância de equilibrar o mundo virtual com o bem-estar emocional. Durante o Setembro Amarelo nas escolas, outras cinco unidades educacionais serão visitadas, alcançando cerca de 700 estudantes com o trabalho de conscientização da Polícia Militar.
“Temos trazido mais esse debate em relação à importância do diálogo, da gente combater diversas manifestações da discriminação, levando para eles a importância de se respeitar a diversidade. Isso impacta quando a gente coloca dentro da nossa rotina de convívio a intolerância e o resultado lá na frente, que são geralmente conflitos no ambiente escolar”, afirmou o capitão Vitor Araújo, comandante da Ronda Escolar de Feira de Santana.
“Temos psicólogos, assistentes sociais, educadores, sociólogos dentro do nosso corpo de policiais e, através dessa especialização, levamos a ter também um contato especializado e técnico com vistas a reduzir esses conflitos no ambiente escolar”
Durante a palestra, foi discutido como o uso excessivo das redes sociais pode afetar diretamente a saúde mental dos adolescentes. Ester de Souza, estudante da instituição, contou como tem sido sua experiência nas redes sociais. Estudando pela manhã e trabalhando à tarde, ela usa o celular à noite. “Quando eu chego, depois das minhas atividades de casa e do colégio, eu fico em média umas 5h até o horário de dormir. […] Eu acho que esse tempo, querendo ou não, prejudica além a mente da gente, porque já passa o dia todo ligada no 220 e as vistas também”, relatou.
Ela ainda afirmou que as redes sociais contribuem para comparações com outras pessoas, criando um ideal de perfeição que muitas vezes não é real, o que pode agravar quadros de ansiedade e baixa autoestima entre os jovens. “A gente se compara muito sem saber se aquilo é real. A gente às vezes precisa se desconectar do mundo virtual e interagir mais entre si, porque aquilo ali acaba matando e prejudicando a gente de uma certa forma nos estudos.”
Cristiane Oliveira Nunes, diretora-geral do colégio, ressaltou a relevância da discussão entre os estudantes, especialmente considerando o contexto de um público jovem que está cada vez mais imerso nas tecnologias.
“Apesar da lei da proibição do uso do celular, nós encontramos um pouquinho de dificuldade para poder cumprir essa lei aqui nas escolas como um todo. Porém, a gente está sempre conversando, dialogando com eles”, explicou Cristiane, que também destacou que a instituição tem implementado alternativas durante os intervalos, como jogos educativos e uma sala de descanso, para reduzir a dependência dos dispositivos eletrônicos. “No intervalo, a gente libera, mas eles estão tão entretidos com outras coisas que nem usam tanto.”
A advogada Luzinaide Argibay, membro da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da OAB de Feira de Santana, palestrou sobre os direitos e deveres dos jovens no ambiente virtual e os riscos associados ao uso indiscriminado das redes sociais. A advogada palestrou ao lado da Sargento Iranildes, psicóloga da Ronda Escolar.
“A lei diz que a criança e o adolescente têm acesso a informação e tecnologias digitais. Têm os direitos à privacidade e à proteção de dados. Têm direito à liberdade de expressão e informações, e à proteção contra conteúdos prejudiciais e cyberbullying.”
Luzinaide também abordou as consequências do uso excessivo da internet e alertou para os sinais de que os filhos precisam de ajuda.
“Geralmente, o impacto é negativo, porque as crianças ficam muito tempo presas em redes sociais e internet e terminam deixando de viver como se deve viver, aproveitando cada etapa da sua vida, correndo, jogando bola, participando de rodas de conversa com os amigos. Os sinais são como a criança fica muito presa, reprimida, não fala, fala muito pouco dentro de casa, começa a ter sintomas de insônia, falta de apetite”, alertou ao Acorda Cidade.
A advogada ainda reforçou que os pais precisam estabelecer limites de tempo e monitorar o comportamento online dos filhos, além de sempre manterem a comunicação aberta para perceber possíveis sinais de que o uso das redes sociais está trazendo prejuízos à saúde mental.
O Tenente Coronel Ivã Antônio, subcomandante do CPR-L, também ressaltou o papel não só da polícia, mas de toda a sociedade em promover a empatia consigo mesmo e nas relações interpessoais.
“A sociedade pode, quando você tem empatia com o outro, perceber que o outro está passando por dificuldade. A gente tem que ter atenção quando um ente familiar nosso, um amigo, uma pessoa próxima, ela se distancia das pessoas. Isso não é normal porque não somos seres eminentemente sociais. E a gente tem que ter essa percepção para poder conversar com as pessoas e dizer ‘eu estou aqui, eu estou aqui apto a lhe ajudar. Se você quiser, converse comigo’ e você ter a capacidade de ouvir sem julgar, inclusive. Simplesmente ouvir, porque o outro precisa desabafar”, acrescentou o tenente.
Confira as fotos do evento:
Com informações do repórter Ney Santos do Acorda Cidade
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