Seminário discute participação do ambiente escolar no combate à obesidade infantil em Feira de Santana
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Academia de Educação realizou nesta quinta-feira (23) um Seminário para debater um tema que é um dos maiores desafios de saúde pública e vem apresentando crescimento preocupante em diferentes regiões e classes sociais: a Obesidade Infantil. O encontro aconteceu no Centro Municipal Integrado de Educação Inclusiva Colbert Martins Filho.

A academia atualmente está composta por 33 membros, profissionais atuantes na educação, e vem realizando um trabalho de luta por melhorias na qualidade do ensino em Feira de Santana.

Durante o evento, o presidente, José Raimundo Azevedo conversou com a reportagem do Acorda Cidade sobre a importância de trazer a temática para a discussão.

“Nós tivemos o primeiro seminário sobre o transtorno de espectro autista, que foi realmente 500 e poucos inscritos, e hoje nós estamos com o segundo, que é um seminário sobre obesidade infantil, um tema também hoje muito importante, tendo em vista que há um crescimento grande do número de crianças obesas na cidade de Feira de Santana, na Bahia e no Brasil, de um modo geral”

José Raimundo Azevedo, presidente da Academia de Educação
José Raimundo Azevedo, presidente da Academia de Educação – Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“É uma grande preocupação dos setores de saúde, então a academia está realizando esse seminário para poder esclarecer o que se pode ser feito para melhorar a obesidade infantil na rede municipal, na rede particular e na rede estadual”, esclarece.

Estudos realizados em 2001, 2011 e 2019, apontam que em Feira de Santana, 17% das crianças em torno dos 7 anos de idade apresentam quadro de sobrepeso ou obesidade. O dado foi apresentado pela médica endocrinologista Ana Mayra Oliveira.

Seminário discute participação do ambiente escolar no combate à obesidade infantil em Feira de Santana
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade ela explicou que a obesidade é desencadeada por fatores genéticos ou fatores do ambiente. Os fatores ambientais predominantes que colaboram com o desenvolvimento da doença são sedentarismo e estilo alimentar com altos valores calóricos e de gordura.

Para a profissional, por ser um ambiente em que criança ou adolescente tem uma vivência diária intensa, a escola entra nessa atuação de combate com educação e estímulo a alimentação saudável e a vida ativa.

médica endocrinologista Ana Mayra Oliveira
Ana Mayra Oliveira, endocrinologista – Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Nós sabemos que as crianças são influenciadas por dois núcleos. O núcleo familiar e o núcleo escolar. Então, o primeiro ponto que eu acho que a escola deveria ajudar seria a inclusão no currículo escolar de disciplinas continuadamente falando sobre a importância de um estilo de vida saudável. Seja estimulando a alimentação, seja estimulando a atividade física” 

“O outro ponto é uma adequação dos lanches. Seja a nível de cantina, seja a nível de estímulo para que as crianças tragam para a escola uma alimentação melhor, com maior valor nutritivo e menor valor calórico”

Além da colocação sobre o papel da escola Ana Mayra reforça que a base de tudo ainda é a familiar que precisa criar um ambiente favorável para uma rotina saudável.

“A gente precisa ser uma unidade para que a gente tenha força. Família, escola e profissionais de saúde. A gente precisa falar a mesma língua, exatamente contribuindo para a casa em termos de disponibilidade alimentar. Então você tem que oferecer na sua casa alimentos, como eu já falei, de alto valor nutritivo e de menor valor calórico. E estimular as crianças a prática de exercício físico, reduzir, inibir o tempo em tela, que isso tem sido um fator extremamente importante no desenvolvimento do menor gasto energético nessa população”

Entre as práticas que podem ajudar a estimular uma vida mais ativa quebrando o paradigma do sedentarismo está a redução do tempo gasto com celulares, computadores e TV.

“A Sociedade de Pediatria recomenda para cada faixa etária um determinado número máximo de horas em tela. Então, evitar o excesso é fundamental. Existem estudos norte-americanos que mostram que cidades que têm uma quantidade maior de parques, e aquelas famílias que moram próximo a esses parques, têm menor taxa de obesidade. Então, são exatamente estratégias como essas, ações como estímulo de atividade, corrida de crianças, e nós temos aqui tantos lugares bonitos que podem ser utilizados para essa prática”

Seminário discute participação do ambiente escolar no combate à obesidade infantil em Feira de Santana
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A obesidade não afeta a vida da pessoa apenas fisicamente. Os impactos emocionais também acabam fazendo parte da vida de que convive com o excesso de peso, e na infância não é diferente. Além disso os maus hábitos de saúde cultivados na infância, abrem portas para problemas futuros.

“Primeiro ponto é o bullying. A criança fica retraída, ela fica menos aceita naquela população. A obesidade infantil é um fator de risco para a obesidade do adulto. E além do que, ela própria traz consequências a curto prazo, a médio e a longo prazo”

O trabalho de alerta desenvolvido pela médica e pesquisadora é fruto da confiança dela de que essa situação pode mudar, através da parceria e diálogo informativo.

“O conhecimento da obesidade, dos fatores envolvidos no seu desenvolvimento, tem sido a base para o desenvolvimento dessas estratégias, seja usando medicações ou não no tratamento e prevenção dessa doença. Eu tanto acredito nisso, que estou aqui há 30 anos falando sobre isso. Basta que nós tenhamos conhecimento para que a gente crie estratégias, ações que venham a trabalhar nos fatores envolvidos no desenvolvimento da doença e no tratamento”, declarou.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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