Cidadãos mais críticos e participativos, preparados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. É assim que o Colégio Santo Antônio de Feira de Santana está preparando os estudantes para mais uma edição do CASOCMUN (Colégio Santo Antônio Model United Nations), que acontece nesta terça e quarta-feira (3). Em sua terceira edição, a atividade consiste em simular uma reunião da ONU (Organização das Nações Unidas), transformando os alunos em grandes diplomatas.
Na simulação, os alunos buscam resolver os conflitos internacionais da melhor forma para atingir o bem para toda a humanidade.
Este ano, a simulação vai trazer a representação do ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. O tema discutido será o papel das Forças Armadas nas Fronteiras e seus impactos sobre as pessoas que precisam fugir de seus países devido a conflitos armados e/ou graves violações de direitos humanos.
Em entrevista ao Acorda Cidade na manhã desta terça-feira (2), o professor de história e Projeto de Vida, Rilton Filho, contou detalhes dos preparativos para a simulação.
“Este ano discutiremos as questões da imigração e, portanto, eles precisam argumentar, dialogar, encontrar propostas e resoluções para esses conflitos. E é interessante porque os alunos acabam assumindo esse papel global, mesmo estando em Feira, o que é muito interessante pensar isso, que alunos em Feira de Santana estejam pensando o mundo, porque o mundo está conectado com a nossa realidade.”
Durante a simulação, os alunos constroem um documento para apresentar à mesa diretora composta pelos professores, que será avaliado dentro dos critérios argumentativos dos estudantes.
O professor contou que os estudantes entram com tudo na atividade e até chegam a temer representar países que, dentro da história, já tiveram uma atuação grotesca, que fere os direitos coletivos e individuais da humanidade; por exemplo, os Estados Unidos, que traz o imperialismo como seu maior pilar.
“Eu diria que as potências centrais causam preocupação nos alunos, mas eles passam. A dor passa e o ensinamento fica, e é um projeto de que eles gostam muito.”
Rilton destacou que, para além da análise global, o simulado é convite para que os alunos também enxerguem os conflitos que existem na sua cidade. Levando em consideração a imigração, Feira de Santana também enfrenta essas questões com grupos formados por povos da Ásia, que têm se estabelecido no território do Portal do Sertão.
“Isso gera, primeiro, um sentido de solidariedade, um senso ético e, sobretudo, gera para eles, que vão ocupar várias profissões no dia a dia, uma confirmação dos seus passos. Dali sairão advogados conscientes, promotores de justiça, delegados, enfim. Alunos das demais áreas, que terão consigo esse repertório prático. Pensar o mundo, pensar o seu entorno e tentar resolver esses conflitos.”
Entre os delegados (alunos que representam os países), a agência de comunicação (que são os jornalistas) e a mesa diretora (que avalia os delegados), Helena Bernardes, estudante da 3ª série do ensino médio, fará parte da mesa diretora com os professores.
“Esse ano a gente vai falar sobre fronteiras, imigração e refugiados. É um tema extremamente importante no mundo atual. Países que lidam com refugiados como se fossem nada. Então, a gente debater esse tema, é exatamente porque somos o futuro do mundo. Então, é preciso que eles entendam a urgência de debater esses temas tão importantes.”
“A diferença entre a gente e os refugiados de Gaza é apenas a sorte”, declarou a estudante ao Acorda Cidade.
Mariana Ferreira, da 1ª série do Ensino Médio, vai coordenar a simulação, mas também terá um papel importante sendo delegada do Brasil. Ela vai mostrar o ponto de vista do país na reunião.
Na simulação, não há espaço para opiniões. Toda a atividade é construída dentro dos critérios éticos que cada país tem demonstrado ao longo da história. A visão é construída com estudo, análise e verdade dos fatos.
“A maior dificuldade, muitas vezes, é você defender a polix do seu país, que é a opinião que o seu país tem. Se o seu país é contra algo, você tem que ser contra algo também, mesmo que vá contra todos os seus princípios e valores. Digamos que, se o Comitê se passe em 1940, a época da Alemanha nazista, se você é alemã, você tem que concordar com todos os aspectos que a Alemanha tinha naquela época”, explicou ao Acorda Cidade.
Alice Campos, que também é aluna da 1ª série do Ensino Médio, será diretora da Agência de Comunicação. Ela explicou que a cobertura de todo evento é feita em tempo real pelas redes sociais. Até site de fofoca foi criado para trazer as notícias mais quentes dos delegados.
“A Agência de Comunicação é o que dá medo aos delegados, justamente por terem opiniões tão polêmicas dentro da simulação. Porque a agência não pega leve com ninguém. Eles estão na hora, tirando fotos, escrevendo, nada se perde, e sai tudo no Instagram, em tempo real, para quem está de fora conseguir acompanhar.”
Assim como no jornalismo, a agência deve cumprir também o papel de denunciar o que está acontecendo nos países por meio do que os delegados estão trazendo na reunião.
“Na simulação, a gente aprende muito sobre oratória, sobre trabalhar em equipe, sobre representar pensamentos que muitas vezes não são seus, mas que representam ali uma comunidade. E às vezes a gente tem que deixar esse egoísmo, esses pensamentos individualizados de lado e pensar a sociedade como um todo”, acrescentou Helena, reforçando o senso de empatia construído durante a atividade.
O professor ainda destacou que conflitos globais afetam a vida das pessoas em todo o mundo, seja com novas doenças, crises econômicas e sociais. É imprescindível discutir sobre o assunto, mesmo quando não se é atingido diretamente por ele.
“Talvez você esteja mais estressado também em razão de conflitos globais. O medo do outro desconhecido também é um sinal de conflitos globais nas fronteiras. Você não sabe o que o outro representa em si. Então, esses temas não estão distantes”, acrescentou o professor.
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