Feira de Santana

Psicopedagogia é fundamental para o suporte pedagógico da criança autista

Para chamar a atenção da população sobre o tema, proporcionar mais conhecimento sobre esse transtorno e para marcar o Dia Mundial da Conscientização do Autismo será realizada neste sábado (2), em Feira de Santana, uma carreata na Avenida Fraga Maia.

Rachel Pinto

Visto muitas vezes como uma birra infantil, ou mau comportamento, muitas pessoas não dão a devida atenção e às vezes até tratam crianças de forma muito preconceituosa. O autismo não é nenhum “bicho de se sete cabeças”, nem uma doença aterrorizante. É no entanto, um transtorno no neurodesenvolvimento infantil que apresenta características básicas como dificuldades na comunicação, na interação social e a repetição de movimentos.

Foto: Orisa Gomes/Acorda Cidade

Para chamar a atenção da população sobre o tema, proporcionar mais conhecimento sobre esse transtorno e para marcar o Dia Mundial da Conscientização do Autismo será realizada neste sábado (2), em Feira de Santana, uma carreata na Avenida Fraga Maia com a participação de pais, crianças, pessoas autistas e diversos profissionais. Para a psicopedagoga Gabriela Andrade, o objetivo da atividade é conscientizar a população sobre o autismo e quebrar estereótipos.

“É um dia de conscientizar Feira de Santana em relação ao dia 2 de abril que é o Dia da Mundial do Autismo e para quem não conhece passe a conhecer. Os autistas têm uma característica própria. O autismo é um transtorno no neurodesenvolvimento infantil que leva a dificuldade na comunicação, dificuldades na interação social que se caracterizam também por movimentos repetitivos que nós chamamos de estereotipias”, disse.

Segundo a psicopedagoga, é necessário descontruir a visão antiga que muitas pessoas têm de que a pessoa autista vive em sem próprio mundo. Ela destaca que os autistas geralmente apresentam uma dificuldade com a comunicação e isso pode ser resolvido através da terapia com a intervenção de um profissional qualificado. “Quando a pessoa não sabe como se comunicar, não sabe como chegar ao outro. Então é mais cômodo ficar retraído, mas com terapia, com a intervenção precoce, com os tratamentos é possível de uma forma geral ter uma vida com as suas habilidades desenvolvidas”, acrescentou.

Adriana Pereira é mãe de Lucas de nove anos. Ele é autista e segundo Adriana, ele teve todo o desenvolvimento infantil normal e só a partir dos dois anos, ele apresentou uma regressão. Diminuiu a fala, deixou de brincar e interagir normalmente. Essa mudança de comportamento, segundo a mãe, foi o que alertou a família e incentivou a busca de ajuda profissional. “Ele não brincava com outras crianças e começou a criar uma linguagem que ninguém entendia. Isso já nos alertou e nós o levamos em um neuropediatra que disse para a gente que ele era autista”, contou.

A mãe que é enfermeira relatou que mesmo sendo profissional da área de saúde, na época não soube lidar bem com o caso e houve então uma fase de negação sobre o transtorno do filho. Passado esse período, com o entendimento e o melhor conhecimento família procurou o apoio multiprofissional para Lucas, que hoje faz terapia e todo o tratamento para ter uma vida mais independente dentro das suas limitações.

O trabalho de psicopedagogia

A psicopedagogia é fundamental para o suporte pedagógico da criança autista. Ela trabalha a autonomia, o comportamento e o desenvolvimento da criança. Respeita a fase que ela atravessa e atua principalmente dentro da importância da interação social e o meio em que vive. Gabriela Andrade destaca a importância do trabalho e sua relação com os sentidos.

“Uma das grandes questões das crianças autistas é o transtorno do processamento sensorial. É aquela criança que um ruído de um relógio, por exemplo, a incomoda e ela se desestabiliza por conta daquilo. A mãe leva a criança ao shopping e não percebe que a luz do shopping é uma luz pulsante e basta entrar naquele ambiente que a criança se joga no chão, aquele ambiente com muito movimento irrita a criança autista. Trabalhamos em cima dessa linha. Procuramos analisar o desenvolvimento infantil, levando em consideração a ludicidade. O trabalho do psicopedagogo vem auxiliar na autonomia, na independência, na inclusão dessa crianças não só na escolas, como também no meio social”, completou.

Genética

O autismo é um transtorno que pode ocorrer tanto pelas causas genéticas, como também por influência dos meios ambientais. Algumas vacinas e determinados problemas durante a gravidez, mães que tem contato com produtos agrotóxicos, contato com o mercúrio, podem ter influência com a apresentação do autismo. O fator genético também influencia e famílias que têm pessoas ou filhos autistas têm maior probabilidade de apresentação, principalmente se o pai for autista.

Paciência e amor fazem parte do tratamento

Artur tem cinco anos e desde os três que a família descobriu que ele é autista. Para a mãe, Rosangela Gabriela, paciência foi o fator mais importante para o desenvolvimento do filho. Ela ressalta que é preciso que as pessoas acolham as pessoas autistas, assim como todas as outras pessoas e tenham mais paciência e amor. Ela confirma que o autismo não é uma doença, mas um transtorno que precisa de entendimento e cuidados dos diversos profissionais especializados.

“Não é uma doença. É preciso lutar e é esse o nosso papel de todos os anos. Não só em atividades pontuais. Precisamos de um mundo inclusivo e é preciso que as pessoas entendam que o diferente existe e que eles têm o direito de todas as pessoas. O autismo é uma área não só da saúde, mas uma área social e da educação. São crianças que precisam ser respeitadas nas suas especificidades, trabalhadas nas suas diferenças para serem aceitas e incluídas”, concluiu.

A coordenação da Carreata do dia Mundial do Autismo, que será realizada no sábado, 2 de abril, convida toda a população para participar e conhecer mais sobre o tema. Simbolizada pela a cor azul, ela representa a harmonia entre as pessoas, a troca de conhecimentos e a interação em sociedade, respeitando as diferencias e a essência de cada ser.