Feira de Santana

Poluição pode ter provocado problemas respiratórios em moradores; veja como evitar crises

O coordenador da policlínica acredita que algo de anormal ocorreu na área industrial da cidade que atingiu bairros e comunidades da ala sul.

Naiara Moura

Aproximadamente 50 pessoas buscaram atendimento nos dias 15,16 e 17 de outubro na Policlínica Osvaldo Monteiro Pirajá, no bairro Tomba, em Feira de Santana, se queixando de problemas respiratórios, especialmente falta de ar. A procura foi intensa durante a madrugada, e o coordenador da policlínica, José Pires Leal, acredita que algo de anormal ocorreu na área industrial da cidade, que atingiu bairros e comunidades da ala sul.

Segundo ele, no dia 15, foram atendidos 16 pacientes se queixando de falta de ar, dispneia. “Por volta de 1h da manhã, começou a chegar o pessoal na unidade procurando atendimento e achamos estranho. No dia 16, aumentou com 21 pacientes”, relatou.

“Nós fizemos os atendimentos e detectamos que foi causado por alguma poluição, alguma substância tóxica que alguma empresa jogou no ar nesses dias e persistiu no dia 17 também, um pouco menos, com 10 pacientes”, informou.

Conforme o coordenador, o volume de pacientes em apenas três dias chamou atenção. “É anormal porque fez fila aqui, no período da noite pra fazer esse tipo de atendimento e sempre a partir de 0h em diante”, disse. Ele acrescenta que as pessoas não sabiam informar que tipo de substância seria, mas que estava sufocando crianças, idosos, pessoas de todas as faixas etárias.

O médico pneumologista Marco Freitas concorda com a suspeita de que alguma indústria possa estar poluindo bairros na região do Tomba. “Não é de hoje, nós já temos conhecimento dessas poluições industriais, principalmente durante a noite há muitos e muitos anos. Durante a madrugada, provavelmente, algumas indústrias estejam eliminando seus poluentes na fumaça e há a questão de não manutenção dos filtros e não fiscalização dessas indústrias”, destacou.

Além da poluição provocada pelas indústrias, o médico observa que a poluição gerada pelos carros, as variações na umidade do ar e na temperatura também colaboram para as crises respiratórias. “A fumaça da descarga dos carros contribue também com essa questão e a umidade relativa do ar tem variado bastante. Há ainda a variação térmica em Feira de Santana que durante o dia tem 30, 32 e 34°C e de madrugada baixa pra 15, 16°C”, esclareceu.

Cuidados para evitar crises respiratórias

A orientação do médico para pacientes com rinite alérgica, bronquite, asma brônquica ou outras doenças crônicas, é que tenham primeiramente o cuidado ambiental. “Evitar contato com animais de pêlos, carpetes, tapetes, produtos químicos, perfumes, cloros, produtos químicos pra cabelos, além da limpeza mais cuidadosa do quarto, como passar pano úmido no quarto da criança, que é bem mais importante do que varrer”, destacou o pneumologista.

Os cuidados devem se estender para uma boa alimentação e uma boa hidratação, observa o médico Marco Freitas. “A hidratação é fundamental. O principal medicamento para a voz e para os pulmões é a água, são os líquidos”, complementa.

O tratamento para essas doenças deve ser feito principalmente através da prevenção, com médico especialista. “Existem duas fases: o tratamento de crise no pronto-socorro e o tratamento preventivo, que é bem mais eficaz, mais importante, significativo do que o tratamento chamado curativo”, finaliza.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade