Pitbulls: o que realmente leva cães a atacarem? Médico veterinário explica

Quando se fala do comportamento de cães, os pitbulls são mencionados pela suposta agressividade e pelo envolvimento em casos de ataques.

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Foto: Freepik

É recorrente o surgimento de notícias sobre ataques de cães ao redor do mundo. Um dos casos mais recentes que viralizou nas redes sociais terminou bem, graças ao preparo do professor de Muay Thai, Ernesto Bocão, que conseguiu imobilizar dois cachorros da raça pitbull. O lutador chegou a sofrer ferimentos, mas, com técnica, conseguiu se salvar e evitar danos maiores para todos que estavam por perto.

Vídeo: Lutador de Muay Thai reage a ataque de dois pitbulls e imobiliza os cães
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Quando se fala de comportamento canino, a raça pitbull geralmente é mencionada pela suposta agressividade e pelo envolvimento em casos de ataques. Segundo especialistas, há muitos fatores que podem levar um cão a esse tipo de reação — mas a verdade é que esse comportamento não é natural. Associar esses animais à violência, segundo o médico veterinário Ian Temístocles, é um equívoco. Trata-se de um mito perpetuado por muitas pessoas.

“O animal não tem uma predisposição à agressividade, pelo contrário, é um animal que é afetuoso, que é amoroso. Mas para que esses mecanismos sejam expressados, a criação precisa ser adequada. Precisamos estar atentos que ele é um animal poderoso, que tem uma musculatura muito forte, um animal que é atlético, que precisa de uma atenção especial, principalmente acerca do tutor.”

Assim como os humanos, para que o cão demonstre seu melhor comportamento, é preciso estimular suas qualidades. Um exemplo é o cão Lyon, extremamente dócil e amigável, especialmente com crianças.

“O tutor precisa ter uma experiência adequada para que essas qualidades que eu citei sejam manifestadas da melhor forma possível.”

Cão Lyon | Foto: Ed Santos/Arquivo Pessoal

Antes de adotar qualquer cão, é essencial buscar conhecimento sobre a raça. No caso do pitbull e de outras raças também, a exposição precoce a diferentes ambientes, sons, cheiros, pessoas e outros animais é fundamental. Desde filhote, o processo de socialização deve acontecer de forma gradual.

“Então à medida que o animal vai crescendo, vai conhecendo esses outros animais, para que ele cresça e entenda que os diversos ambientes são sociáveis e evite que ele tenha comportamentos reativos, se sinta no mecanismo de defesa e, às vezes, expresse atitudes que são reativas e agressivas.”

Muitas vezes, o temperamento agressivo do animal está relacionado diretamente à forma como foi criado, à socialização durante a infância e aos estímulos que recebeu.

Além dos Pitbulls, raças como Rottweiler, Pastor Alemão, Doberman e Fila brasileiro possuem características importantes que devem ser consideradas no processo de criação. Muitos desses cães são territorialistas, o que exige atenção redobrada dos tutores, especialmente em ambientes públicos.

Ian Termístocles - médico veterinário -
Ian Termístocles | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Assim como o pitbull, na criação desses animais, demandam uma atenção especial, demandam uma certa expertise por parte do tutor para que ele consiga expressar as qualidades desejadas e não as qualidades indesejadas, como seria, no caso, uma atitude agressiva.”

“Animais que sofrem maus-tratos, principalmente relacionados à restrição de espaço, restrição de socialização, animais que são comumente agredidos pelos tutores, tendem a ser mais reativos, pelo fato de estarem sempre em mecanismo de defesa e alerta. Eles entendem que o ambiente ao redor é instável e que, a qualquer momento, algo ruim pode acontecer.”

Ainda segundo o veterinário, existem raças que possuem intolerância à manipulação. Um exemplo citado é o Chow-chow, apesar da aparência fofa, ele apresenta comportamentos que exigem atenção.

“Eles são animais mais independentes. A criação vai ditar muito do comportamento do animal, mas a gente precisa estar atento às particularidades da raça. Animais como o Chow-chow, por exemplo, têm essa particularidade em relação ao toque, à manipulação, e a gente precisa estar atento.”

Foto: Ed Santos/Arquivo Pessoal

Temístocles também alerta que o uso da focinheira não deve ser encarado como uma punição, mas como um instrumento de proteção para o próprio cão e para as pessoas ao redor.

“Animais de grande porte, que tendem a ter uma reatividade mais ativa, é interessante, é importante que tenham focinheira, até porque, como eu falei, a gente não sabe o tutor por trás do animal. Não é o animal que é agressivo. Às vezes é o comportamento do tutor, a criação que foi feita, o ambiente no qual o animal está inserido, que muitas vezes manifesta esse comportamento inadequado. E, por conta disso, a focinheira, sim, é adequada.”

Nos espaços públicos, existem leis que regulam a circulação e o comportamento de cães, visando garantir a segurança e o bem-estar de todos. Em Feira de Santana, por exemplo, a Lei nº 2082/1999 estabelece normas para a circulação de cães na cidade. A lei trata da responsabilidade dos tutores em relação aos seus animais. Contudo, também cabe ao poder público a tarefa de recolher animais que, muitas vezes maltratados, vagam pelas ruas e acabam atacando a população.

Em fevereiro deste ano, o Acorda Cidade noticiou o ataque de uma matilha no bairro Santa Mônica. Se Valdnei Lima Costa não tivesse sido socorrida por populares, os ferimentos poderiam ter sido ainda mais graves.

Para Ian Temístocles, o alerta é claro para quem está iniciando o cuidado com qualquer tipo de cão: a responsabilidade com a vida do animal é fundamental. É preciso conhecer, cuidar e tratar bem para que, no convívio social, o cão retribua com o mesmo respeito que recebeu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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