Laiane Cruz
Na manhã de terça-feira (11), o pedreiro Paulo Santiago Ferreira, de 53 anos, encontrou, por volta das 7h, uma cobra cascavel no quintal da casa dele, no bairro Pedra Ferrada, em Feira de Santana. Ao avistar o animal, o pedreiro venceu o medo e capturou a espécie venenosa de cerca de 1,2 metro.
Leia também:
Após horas de espera, paciente picada por cobra não consegue atendimento no HGCA
Ao Acorda Cidade, Paulo Santiago informou que a cobra foi encontrada em uma pequena roça de sua propriedade, embaixo de um cajueiro. “Eu fiz um gancho, prendi a cabeça e botei dentro de uma vasilha. Com medo a gente sempre fica, mas como eu tenho duas crianças em casa, não podia deixar a cobra escapar”, afirmou.
Após capturar a cascavel, o pedreiro entrou em contato com o Acorda Cidade, que por sua vez, acionou a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) – que possui um laboratório de análise de animais peçonhentos. Uma equipe se dirigiu à residência de Paulo Santiago e levou o animal para ser estudado.
A bióloga Dulcineia de Andrade, que trabalha no laboratório da Uefs, informou que a cascavel é um animal de alta periculosidade e sua picada pode levar à morte.
“É primeira vez que a gente coleta uma cascavel no município de Feira de Santana. A gente já coletou em municípios vizinhos, mas nunca em Feira. Todo animal peçonhento requer muito cuidado, e em contato com os humanos eles podem causar acidentes graves. Se não tiver segurança e habilidade pra capturar o animal não colete. Entre em contato com o laboratório e nesse meio tempo, se for necessário, mate o animal. Entre o humano e o animal, a gente preserva a vida do humano, ao correr qualquer risco”, afirmou a bióloga.
Conforme Dulcineia, a cobra será encaminhada para o criadouro científico da universidade, ficará em quarentena, e depois será destinada a um local onde estão outros animais para os trabalhos que são desenvolvidos, a exemplo da soroterapia, análise molecular, entre outros. “Nós temos cascáveis, jararacas, coral, pico de jaca, que são os quatros grupos de interesse médico aqui do Brasil. Além disso, temos os invertebrados: aranhas, lacraias, escorpiões”, contou.
Mutações
De acordo com a bióloga, nos últimos tempos os animais vêm apresentando variações em suas peçonhas em relação ao que deveriam apresentar de acordo com a literatura. “Quando você investiga um pouco mais a fundo os acidentes que vêm acontecendo, e o soro antiofídico não vêm neutralizando, pessoas que vão óbito mesmo com o soro específico para aquela espécie, então isso faz a gente investigar o que está acontecendo com esses animais”.
Ela informou ainda que a universidade está desenvolvendo um novo soro, porque o que está sendo utilizado, principalmente com cascáveis, não está neutralizando os acidentes suficientemente. As pessoas estão morrendo ou ficando com problemas renais crônicos.
Dulcineia declarou também que o Hospital Geral Clériston de Andrade é a unidade de referência para picadas de animais peçonhentos. No entanto, atualmente existe carência de soro antiofídico no estado, porque um dos institutos responsáveis pela produção fechou para reforma e os outros não estão tendo matéria-prima suficiente.
Esclarecimento da Sesab
Sobre o assunto a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) enviou a seguinte nota de esclarecimento:
Informamos a este conceituado Programa que mantemos na nossa Regional 11 (onze) Bancos de Antipeçonhentos em 11(onze) municipios, sendo que em Feira de santana este Banco fica no Hospital Cleriston Andrade e funciona dentro da emergência vinte e quatro horas. Através do CIAVE (Centro Anti Veneno da Bahia) mantemos os nossos estoques de 07 (sete) tipos de soros Rede de Frio/ 2ª DIRES, que avalia estoque, encaminha, orienta, etc , através de um profissional qualificado (biológo) que é responsável pelo programa. O soro usado em pacientes acidentados por CASCAVEL, é crotalico, e devido ser um animal frequente na região, os Bancos de Soro estão sempre abastecidos.
As informações são dos repórteres Danilo Freitas e Ney Silva do Acorda Cidade


