Feira de Santana

'O preconceito não é apenas com os gays', diz Fábio, que se casou hoje com John Erliton

Foi a primeira vez que um casal homoafetivo se casou durante o casamento coletivo realizado pela Prefeitura Municipal de Feira de Santana

Roberta Costa

“Um dia, mais precisamente, num banco de uma praça, há 5 anos, o amor nos arrebatou e nos tornou mais felizes. Com todas as atribulações, o amor imperou. Hoje daremos um passo importante, nos casaremos e faremos jus a esse status.”
 
Foi com essa mensagem, postada na rede social Facebook, que o professor de Educação Física e Dança, Fábio Freitas, 30 anos, convidou a todos os amigos para participarem do seu casamento com o professor de Biologia John Erliton, 27 anos, que aconteceu hoje, às 15h, no Fórum Filinto Bastos, em Feira de Santana. 

Foi a primeira vez que um casal homoafetivo se casou durante o casamento coletivo realizado pela Prefeitura Municipal de Feira de Santana. No entanto, eles não puderam oficializar a união junto com os outros 319 casais, que participaram da cerimônia na manhã desta terça-feira (17), na Estação da Música, em Feira de Santana.
 
A mãe de Fábio, Denise Freitas Brito, 53 anos, oficializou a união de 23 anos com Valter Cordeiro, 52 anos, pela manhã. Em entrevista ao repórter Ney Silva, do Acorda Cidade, durante a reunião que fizeram na casa de Denise após o casamento, ela disse que a felicidade está completa, pois sempre apoiou o casamento do filho. 

“Na verdade existem famílias que não aceitam. Mas, o Fábio é um filho maravilhoso e John é outro filho que ganhei”.
 
 

Preconceito – Para Fábio, realizar a cerimônia hoje foi resultado de muita luta e motivação para ocupar um espaço na sociedade. "O preconceito está relacionado ao meio em que você vive. No meio acadêmico e profissional que convivemos não encontramos essas coisas”.
 
John reconhece que o casamento homoafetivo é algo que ainda choca a maior parte da sociedade. Mas acredita que pelo fato de o casal ter atitudes coerentes e uma boa relação social e profissional, o preconceito tende a diminuir.

“Para algumas pessoas é uma afronta dois homens casarem. Há dificuldades em reconhecer a união, houve muito sofrimento, muitas lutas. Mas hoje conseguimos dar um passo a mais. Vivemos em uma sociedade multicultural. Não existe preconceito apenas com homoafetivos, mas também com negros, pobres, gordos. Cada um tem sua identidade, seu particular e precisamos de alguém que nos dê segurança. Eu encontrei o Fábio”.

 
Vida de casados – Como convivem há 5 anos, a mudança de status não deve mudar a rotina do casal. 

“Temos uma relação normal, dividimos tarefas, viajamos com nossa família, temos nossos momentos de prazer, fazemos bagunça, cozinhamos juntos. É uma relação como qualquer outra”, finalizou Fábio.