
Amor, união e gratidão traduzem o significado do Natal para Eleonora Farias Rodrigues, conhecida como dona Loura, e para seu esposo, o forrozeiro Jota Sobrinho, moradores do bairro Sobradinho, em Feira de Santana.
Durante o Tempo do Advento, período que antecede a celebração natalina, o casal mantém viva, há 15 anos, a tradição da montagem do presépio, um ato de fé que resgata a história do nascimento do Menino Jesus.

Para Loura, o interesse por presépios surgiu desde a infância, estimulado pela tia, mas foi após um tempo, quando seus netos nasceram, que continuou a tradição familiar, fazendo questão de passar para as próximas gerações o que, para ela, é o significado do Natal: o nascimento de Jesus.
“Minha paixão pelo presépio é antiga. Na infância, minha tia já fazia presépios. Eu também fazia — pequenininho. Quando casei, vim morar em Feira de Santana, e depois que os netos nasceram, nós começamos a pensar assim: ‘Poxa, o Natal não é Papai Noel, não é comércio. O Natal é Jesus. Então começamos a montar um presépio pequenininho, de um metro e pouco, e aí foi crescendo, já tem 15 anos que temos essa tradição. E é uma coisa que me faz muito bem, muito feliz. Poder contar a história do nascimento do Rei dos Reis, que é Nosso Senhor Jesus Cristo”, explicou.
Visitação
O trabalho, que começou pequeno e foi ganhando grande proporção, não poderia deixar de ficar exposto para a comunidade. Por isso, o casal resolveu colocar o presépio na varanda, para que mais pessoas pudessem ver. A casa fica localizada na Rua Peró Vaz, nº 105, no bairro Sobradinho.
“A princípio, a gente fez dentro de casa, e era realmente pequeno. Aí eu pensei: ‘Eles estão trabalhando tanto para fazer um presépio para ficar dentro de casa e ninguém ver?’, aí eu tive a ideia de fazer no hall da casa. Tem mais de 10 anos que a gente faz esse presépio, e ninguém nunca mexeu. As pessoas passam, olham, e aí foi crescendo e a cada ano acrescentamos mais e mais. Esse presépio tem 4,4 metros, e tenho a sensação de que, se eu tivesse um presépio de seis metros, teria ainda mais coisas para contar sobre a vida do nosso Senhor Jesus Cristo”, contou dona Loura.

Uma das formas de conhecer o presépio é passando na frente da casa, porém, a família se sente bem quando as pessoas entram para ver. “Não gosto que as pessoas vejam somente pela grade, gosto que entrem. É aquela questão: Jesus entra na nossa vida e a gente também quer que as pessoas entrem em nossa casa, pois ela é como uma figura do presépio. Gostamos de receber, acolher e estar junto com as pessoas”, compartilhou Loura.
A anunciação e elementos indispensáveis
Loura explica que o presépio conta a história do nascimento de Jesus por meio dos evangelhos e profecias de Isaías, e que, para os cristãos, a peça mais importante é a gruta com Jesus, Maria e José.
“Aqui retratamos os evangelhos, por meio do anúncio do anjo, Maria grávida entre as pessoas e a sua visita à Isabel, a história dos Reis Magos, e também é possível ver uma estrela diferente, que significa que Jesus não veio só para os judeus, mas sim para o mundo todo, para as pessoas de todas as nações”, relatou.

O presépio também conta com três tipos de pedras: a cinza, logo no início da estrutura, que simboliza a vida sem Jesus. Depois da cinza, vem a branca, que representa a paz de Deus, além da pedra verde, que representa a esperança.

O forrozeiro Jota Sobrinho, esposo de Loura, relembra a tradição da “lapinha queimada”, uma forma de simbolizar um rito de passagem e renovação no Dia de Reis, 6 de janeiro.
“A Lapinha tinha uma importância muito grande, não é? Hoje nós conhecemos como ‘presépio’. E aí, naquela ocasião, a lapinha era queimada, no dia 6 de janeiro, Dia de Reis. As imagens a gente preservava para poder utilizar no próximo ano, eu ainda era criança naquela época”, explicou Jota.
Montagem e união
O forrozeiro contou que ficou um pouco receoso de levar o presépio para a varanda, devido às condições climáticas, mas que confiou na ideia da esposa.
“Fiquei meio preocupado, porque estava muito próximo da grade, então tem a chuva… o tempo. Mas ela disse ‘Nós vamos fazer’, então fizemos e deu certo, de modo que já tem pelo menos uns 10 anos que a gente faz aqui na varanda”, compartilhou.
O trabalho da montagem é feito em equipe, e amigos também participam do processo. Hildete, amiga do casal, trabalha juntamente com Loura na organização e montagem do presépio com base na cronologia bíblica. Jota Sobrinho fica responsável pela parte estrutural e ressalta a estrutura reforçada do presépio.
“Eu entro com um trabalho pesado. Eu que faço, preparo toda a estrutura de madeira, também sozinho. No ano passado, fizemos a estrutura com uma madeira nova, renovamos toda a madeira. Se você olhar, aí é tudo madeira, a gente pode até subir”, brincou Jota. “O ano passado, resolvi não desmontar, porque dá um trabalho danado, a idade está chegando e a gente já vai percebendo nossos limites”, explicou.

Jota explica que a intenção da família em fazer o presépio é preservar a tradição e reforça a importância de levar as crianças para conhecerem este símbolo do Natal.
“Nós queremos que a tradição seja, de fato, perpetuada e eternizada. Para isso nós convidamos as pessoas e orientamos que, principalmente, tragam crianças, porque as coisas só são perpetuadas se nós fizermos esse repasse às crianças, e quando elas vêm, é uma festa. Elas vão aprendendo, fixando, assimilando e, quem sabe, crescem com a ideia e, lá na frente, continuam a tradição. É assim que as coisas se perpetuam”, afirmou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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