Feira de Santana

Moradores de residenciais do Minha Casa Minha vida ficam sem água após corte de energia

O fornecimento de energia foi interrompido por falta de pagamento das contas que ainda estão no CNPJ das construtoras.

Naiara Moura

Por falta de gestão de condomínio, moradores de alguns conjuntos residenciais do programa Minha Casa, Minha Vida ficaram sem energia em áreas comuns de alguns blocos e recorreram a gerência regional de habitação da Caixa Econômica Federal. O fornecimento de energia foi interrompido por falta de pagamento das contas que ainda estão no CNPJ das construtoras. O problema foi relatado pelos moradores em reunião com representantes da Caixa Econômica.

Segundo a dona de casa Silvonete Félix dos Santos, que mora no residencial Iguatemi III, os moradores não teriam recebido as contas de luz e tentaram pagar através de segunda via. “Tivemos uma reunião para saber quais os procedimentos para a gente tirar do CNPJ da empresa Atrium, construtora do condomínio, e botar no nome do síndico. Colocando no nome do síndico, a gente vai ter novamente a contagem do recibo e voltar a ter energia do bloco”, relatou.

A moradora acrescenta que, com o corte de energia, a bomba do reservatório subterrâneo de água não funciona, deixando os reservatórios dos apartamentos sem abastecimento. “Quase 15 blocos tiveram energias cortadas, e a água não chegam até as torneiras. A gente desce com o balde, pega água e sobe pra casa”, acrescenta.

Conforme o presidente da Associação de Articulação Social dos Beneficiários do Minha Casa Minha Vida de Feira De Santana (Assomivi), Ubirajara Borges, a situação poderia ter sido evitada caso a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso) tivesse feito a gestão condominial antes da entrega dos residenciais.

“Os residenciais vêm sendo entregues sem fazer a gestão condominial e, quando não faz, não se identificam os síndicos oficialmente. Antes cada bloco tinha um síndico e um CNPJ em nome do síndico e hoje é um CNPJ por residencial. Tem que ser feita uma convenção de condomínio para gerar o CNPJ no nome de um síndico e tirar as contas do nome da construtora”, esclarece.

Ubirajara destaca que tem empreendimentos entregues há até quatro anos e que ainda estão com contas em nome da construtora. Os cortes de energia, segundo ele, começaram em março. “Quando a associação procurou as empresas, elas responderam que disseram que iam mandar tirar todos os contratos da Coelba do nome das empresas, pois os contratos estavam negativando a empresa por falta de pagamento”, complementa.

“A gestão condominial deveria ser feita antes de entregar o condomínio ou até 90 dias após a entrega. As empresas esperaram esse tempo todo que se fosse feita essa gestão condominial para tirar do nome dela, e a Prefeitura não fez. Agora as empresas pediram pra desligar, com razão, porque o tempo todo que ela tinha a esperar que a prefeitura fizesse a gestão condominial já passou”, informa.

O gerente regional de habitação da Caixa Econômica Federal, Sérgio Araújo, confirma que a Prefeitura é encarregada para fazer um trabalho técnico social para orientar os moradores nessa gestão condominial dos residenciais. Segundo ele, para cada empreendimento contratado e selecionado, existe um recurso de 2% – 1,5% para o trabalho social e 0,5% para a gestão condominial.

“O município está encarregado de fazer esse trabalho técnico social. Nós tivemos uma reunião com eles e eles estão licitando essa parte da gestão condominial. Pelo que estou sabendo, a licitação já foi realizada e tem uma empresa selecionada para fazer alguns empreendimentos, mas não em todos”, informou.

O problema de cortes de energia nos empreendimentos em Feira, de acordo com o gerente, ocorreu porque não houve uma demanda caracterizada antes da entrega dos empreendimentos. “Às vezes essa demanda não chega a tempo, o empreendimento fica pronto e sem ter a demanda completa, portanto o trabalho social e gestão condominial só acontece posteriormente”, conclui.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade