
Na manhã desta quinta-feira (20), feriado nacional do Dia da Consciência Negra, diversos movimentos sociais, sindicatos e instituições religiosas participaram de uma marcha no bairro Cidade Nova, em Feira de Santana. O ato teve como propósito denunciar as violências históricas e o genocídio que atinge a população negra no país, além de reforçar a luta por direitos sociais e igualdade racial.
A presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Maria Madalena, conhecida como Leninha Valente, destacou que a participação da entidade vai além da simbologia da data.

“Esse dia é importantíssimo não só para nós da CUT, mas para o movimento que organiza o ato. Não é apenas fazer memória a Zumbi dos Palmares, mas reafirmar a necessidade da resistência, de continuar a luta por igualdade e justiça social”, afirmou.
Segundo Leninha, a base da CUT é formada majoritariamente por trabalhadores negros, que ainda enfrentam discriminação e desigualdade salarial.

“A gente precisa persistir para que a equidade seja real, não só discurso. É um dia para celebrar conquistas, mas principalmente para reafirmar a luta.”
Ela lembrou que a CUT reúne sindicatos de diversas categorias, como agricultura familiar, servidores municipais, trabalhadores dos Correios, Embasa, setor de energia, saúde, educação pública e privada, vigilantes, bancários e servidores federais, entre outros.
O arcebispo de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino Castro, também participou do ato e ressaltou a importância de fortalecer a identidade negra na sociedade brasileira.

“Uma população precisa ter consciência da sua origem, da sua negritude. Fora disso é alienação. Este dia é a oportunidade de retomar a construção de um Brasil soberano, onde todos tenham cidadania”, declarou.
Ele lembrou que o país carrega marcas de mais de 300 anos de escravidão, cujos efeitos ainda são sentidos.

“É impossível resgatar totalmente essa história de sofrimento, exploração e invisibilidade. Essa marcha é simbólica, mas aponta um caminho. Não há saída simplória para resolver a violência. O extermínio da juventude negra é uma realidade. Precisamos de lucidez nas respostas.”
Representando a Frente Brasil Popular e o Movimento em Defesa da Democracia contra o Racismo, Elísio Santa Cruz explicou que a marcha uniu trabalhadores do campo e da cidade em torno de pautas urgentes.

“É a luta contra o genocídio da população negra, contra o racismo estrutural, pela igualdade econômica e social e pela defesa dos direitos do povo trabalhador”, disse.
Ele citou episódios recentes de violência no país.
“Veja o caso do Rio de Janeiro, onde mais de 100 pessoas morreram. A população negra é quem mais sofre.”
Elísio destacou a presença de diversas organizações na marcha, incluindo CUT, CTB, Conen, APLB, sindicatos de servidores, movimentos estudantis, artistas e representantes da Igreja Católica.

“Estamos aqui para denunciar e cobrar respostas dos governos às pautas populares. É luta por direitos, educação, saúde, igualdade e pelo fim da escala 6×1.”
A marcha seguiu pela Rua ACM e depois Avenida Fraga Maia, levando faixas e cartazes em defesa da vida da população negra e da construção de uma sociedade mais justa.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e YouTube e grupo de Telegram.