Laiane Cruz
Um protesto de mulheres foi realizado na manhã desta quarta-feira (3), em frente à sede do Ministério Público Estadual (MPE), em Feira de Santana, para buscar justiça por mortes suspeitas envolvendo mulheres e casos já confirmados de feminicídios.
A manifestante Maiana Mercês Santos, filha de Edna Pereira Mercês, disse que somente justiça pode aplacar o sofrimento da família pela morte da mãe, que ocorreu, segundo ela, após uma sessão de espancamento. O companheiro da vítima, acusado pela jovem de praticar o crime, Ivan Meireles, alegou durante depoimento na delegacia que a mulher levou uma queda e, por conta disso, não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Geral Clériston Andrade.
“A gente quer Justiça pra o caso de minha mãe não ficar enterrado como o de outras pessoas, pois como é que uma pessoa faz um feminicídio e vai dizer na delegacia que foi uma queda, depois vai para casa e os familiares ficam sofrendo?”, desabafou Maiana.
A presidente do Coletivo de Mulheres de Feira de Santana, Rita Costa, informou que no caso de Edna Pereira Mercês, o Hospital Clériston Andrade não fez a notificação compulsória em todas as vezes que a mulher deu entrada na unidade com ferimentos na cabeça, no braço, e dessa última vez, em que ela veio a óbito.
“É lei, e o Clériston continua sem fazer essa notificação. A gente quer que o delegado faça a investigação devida dos fatos, ouça a filha, pegue o celular dele e dela e veja as fotos que a filha tirou antes de levar a mãe pra o hospital, porque aquilo nunca foi queda. Não pode simplesmente o delegado liberar uma pessoa com suspeita de assassinato e ficar por isso mesmo, e a Justiça continuar fazendo os casos de feminicídio como se fossem um homicídio qualquer”, declarou Rita Costa.
Ela afirmou ainda que as manifestantes querem uma audiência com a promotoria do MP, da vara de violência à mulher. Além disso, ela cobra melhorias no atendimento da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). “A Deam de Feira de Santana não está funcionando como deveria porque não tem estrutura. Esse caso aconteceu num domingo, e a Deam não estava funcionando. Já o Clériston não notificou a 2ª delegacia e por isso não houve o flagrante”, disse.
A moradora do bairro Queimadinha Marlene Guimaraes Lima também protestou por justiça em frente ao MP. Ela relatou que a filha, Iara Lima Alves, foi morta de forma brutal pelo namorado (relembre o caso). Segundo ela, o acusado está preso há dois anos e meio em São Paulo, mas ela deseja que ele venha a júri popular em Feira de Santana.
“Iara foi a menina da Queimadinha, de 17 anos, que foi espancada, tocada fogo viva, recebeu dois tiros do namorado, passou um dia e meio em cárcere privado, e ela passou 18 dias no HGE (Hospital Geral do Estado), e veio a óbito. E eu quero que ele venha a júri popular para mostrar à sociedade feirense que a justiça foi feita. Ela foi tocada fogo no dia 28 de janeiro e veio a óbito no dia 14 de fevereiro de 2013”, relembrou a mãe.
As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.