Diariamente, o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, tem alertado a população sobre o alto número de acidentes na região. Como já mostrado pelo Acorda Cidade, a maioria desses registros envolve algum tipo de queda com motociclistas. Só no primeiro trimestre de 2025, o hospital já atendeu mais de 600 vítimas.
Na manhã desta quinta-feira (22), a diretora-geral do HGCA, Cristiana França, chamou mais uma vez a atenção para o alto índice de acidentes, que atinge, em sua maioria, pessoas jovens, na faixa etária de 15 a 45 anos. “Quando esses pacientes, eles não têm uma sequela grave, eles têm a morte”, afirmou a diretora.
No mês do Maio Amarelo, campanha de conscientização sobre a segurança viária em todo o mundo, ela reforçou dados ainda mais preocupantes do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE/HGCA).
Segundo a diretora, em 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) desembolsou mais de R$ 51 bilhões com a grande epidemia que são os acidentes de trânsito. Só em Feira de Santana, foram mais de cinco mil pacientes acidentados de todos os tipos no ano passado. Desse total, mais de 4.077 foram vítimas de acidentes envolvendo motocicletas.
“77% dos acidentes que nós atendemos no Clériston estão relacionados a acidente de motocicleta. É mais preocupante ainda.” Em 2025, a situação segue alarmante, pois os números não diminuem — só aumentam. “Mais ou menos 600 pacientes internados hoje no Clériston, mensalmente, devido a acidentes de qualquer tipo de veículo. Mas a gente volta a chamar atenção que a esmagadora é acidente de moto.”
Os dados confirmam ainda mais a gravidade dos acidentes com motociclistas. Segundo o NHE, em 2024, 2.853 motociclistas deram entrada na emergência do HGCA após acidentes — um volume que quase dobrou em relação à anos anteriores. De cada 10 pacientes que dão entrada no hospital, oito são vítimas de acidentes com motos.
Segundo Cristiana, o tempo médio em que um acidentado permanece no HGCA varia conforme a gravidade. O paciente pode ficar internado de uma semana até meses em recuperação, o que gera um alto custo para os cofres públicos, além de demandar atenção intensiva de várias equipes.
“A gente não pode precisar vidas porque a vida não tem preço, mas se a gente for chegar e olhar o quanto de recurso que a gente poderia estar direcionando; se a gente pegasse esses valores e usasse para melhorar, por exemplo, a questão de prevenção de infarto, a questão do câncer, com certeza esse recurso iria melhor para esses pacientes.”
Outro dado que chamou a atenção foram os gastos com equipamentos para socorrer essas vítimas. Como a maioria sofre lesões nos membros inferiores, são usadas placas para recompor as partes do corpo. Só com parafusos, foram gastos R$ 3 milhões no ano passado.
“Aí você tem que colocar de área de UTI, centro cirúrgico, de profissional, então é um custo que a gente pode evitar, mas essa conscientização tem que ser de cada um de nós. Então, o objetivo do mês, do Maio Amarelo, é trazer essa conscientização.”
Pensando na importância de prevenir, em vez de remediar, o HGCA deve firmar uma parceria com a Superintendência Municipal de Trânsito de Feira de Santana para conscientizar a população. Atendendo mais de 120 municípios da região, Feira de Santana concentra o maior número de acidentados: 61% dos atendimentos.
“Os outros 39% são atendidos em mais de 126 municípios, que é o que a gente atende. Então, por isso a gente está trabalhando, muito focando em Feira de Santana, fazendo um estudo junto com a Superintendência de Trânsito, dizendo o seguinte: acontece acidente na cidade de Feira, porque ali a gente vai precisar ter uma ação mais efetiva. Melhorar a localização, via, iluminação, trabalhar com blitz.”
O objetivo do estudo é usar inteligência de dados para atacar diretamente o problema: onde acontecem mais os acidentes? Em quais dias da semana? Quais horários?
“Já sinalizamos à polícia de onde o paciente que chegou lá com agravo, por exemplo, por um tiro, por uma facada, por uma tentativa de homicídio, por tentativa com a própria vida, a gente tem. Mas no trânsito não. Então, o acerto foi nós começarmos a partir deste mês e aí a gente vai poder estar mensalmente informando a eles aonde é que mais os pacientes têm vindo. Eu acho que isso é importante. Importante também é a gente ressaltar que a questão da violência de trânsito, ele não pode ser entendida só nos pontos, mas a gente precisa também trabalhar a questão da educação, porque o trânsito reflete muito a educação que nós recebemos na nossa vida.”
Durante o programa, um dos ouvintes, Paulo Henrique, sugeriu medidas para tentar reverter esses dados em Feira de Santana, entre elas decretar velocidade máxima no município, analisar os impactos, além de implementar intervenções e punições mais contundentes para os casos já registrados.
Outro ponto defendido pela diretora é a melhoria do transporte público na cidade, como estratégia para reduzir o número de pessoas utilizando veículo próprio, tornando a cidade mais sustentável e melhorando também o fluxo no trânsito.
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